sábado, 30 de abril de 2011
Meu pensamento partiu no vento, podem prendê-lo, matá-lo não.
Enviaram-me hoje o vídeo anexo, uma fábula política difundida por Tommy Douglas, proeminente activista e político, eleito em 2004 como "O maior canadiano de todos os tempos", reconhecido como pai da passagem do sistema de saúde canadiano ao modelo de Assistência sanitária universal.
O filme termina com a mensagem “podem enclausurar um homem, ou um rato mas não uma ideia".
E por associação de ideias com esta mensagem, o tão conhecido poema de Manuel Alegre, Pensamento.
Meu pensamento
partiu no vento
podem prendê-lo
matá-lo não.
Meu pensamento
quebrou amarras
partiu no vento
deixou guitarras
meu pensamento
por onde passa
estátua de vento
em cada praça
Meu pensamento
partiu no vento
podem prendê-lo
matá-lo não
Foi à conquista
de um novo mundo
foi vagabundo
contrbandista
foi marinheiro
maltês ganhão
foi prisioneiro
mas servo não
Meu pensamento
partiu no vento
podem prendê-lo
matá-lo não
E os reis mandaram
fazer muralhas
tecer as malhas
de negras leis
homens morreram
estátuas ao vento
por ti morreram
meu pensamento
Procurei-o no youtube mas o único vídeo que encontrei tem uma forte carga política, o que não me agrada face à natureza deste blogue, que pretendo sem credos políticos e /ou religiosos. Mas à falta de outro, aqui fica, com a voz de Adriano Correia de Oliveira
O filme termina com a mensagem “podem enclausurar um homem, ou um rato mas não uma ideia".
E por associação de ideias com esta mensagem, o tão conhecido poema de Manuel Alegre, Pensamento.
Meu pensamento
partiu no vento
podem prendê-lo
matá-lo não.
Meu pensamento
quebrou amarras
partiu no vento
deixou guitarras
meu pensamento
por onde passa
estátua de vento
em cada praça
Meu pensamento
partiu no vento
podem prendê-lo
matá-lo não
Foi à conquista
de um novo mundo
foi vagabundo
contrbandista
foi marinheiro
maltês ganhão
foi prisioneiro
mas servo não
Meu pensamento
partiu no vento
podem prendê-lo
matá-lo não
E os reis mandaram
fazer muralhas
tecer as malhas
de negras leis
homens morreram
estátuas ao vento
por ti morreram
meu pensamento
Procurei-o no youtube mas o único vídeo que encontrei tem uma forte carga política, o que não me agrada face à natureza deste blogue, que pretendo sem credos políticos e /ou religiosos. Mas à falta de outro, aqui fica, com a voz de Adriano Correia de Oliveira
quinta-feira, 28 de abril de 2011
O Sr. Álvaro
Já aqui falei do Sr. Álvaro, de sessenta anos, invisual desde os quatro.
Um homem cheio de vontade de viver, casado com uma senhora invisual de quem fala com muito carinho.
Conheci-o no Hospital de Santo António durante a minha manhã de voluntariado. Acompanhei-o quer na consulta, quer nos testes audiométricos que teve que fazer. Face aos exames, o médico concluiu que apenas com próteses de qualidade se lhe poderia restituir alguma audição.
E aqui começou o maior problema. O Sr. Álvaro não tinha qualquer possibilidade económica de adquirir as próteses.
Já há anos que contribuo para algumas associações de solidariedade. Achei que era hora de lhes pedir algo. Contactei-as e, de imediato, a Futuro Viver se empenhou no sentido de ajudar a resolver o problema, tendo levado a cabo várias iniciativas. Participei em duas delas. Na altura decorria, no espaço Vivacidade, uma exposição de pintura com “obras” minhas. Ofereci o valor de um quadro que a pessoa interessada escolheria, sendo o pagamento feito directamente à Futuro Viver. A minha amiga Virgínia, que pinta muito melhor que eu, não hesitou em comprar o quadro cuja imagem anexo.
Ofereci também uma aguarela que foi “rifada”.
Para aquisição das próteses foram contactadas várias empresas. A Amplifon, sensibilizada com o caso, forneceu as próteses em condições muito especiais.
Hoje o Sr. Álvaro foi colocá-las. Estava feliz e eu também. Passei toda a manhã com ele pois foi preciso testar, ajustar, ensinar o Sr. Álvaro a colocar e manusear as próteses.
O médico, pessoa gentilíssima, felicitou-o por tão rapidamente ter adquirido as competências que lhe irão permitir colocar, retirar, limpar, mudar as pilhas, etc. Os invisuais têm olhos nas pontas dos dedos, comentou o Sr. Álvaro, com a boa disposição que sempre manifesta.
Nos momentos em que aguardávamos o desenrolar do processo e, enquanto conversávamos, falei da surdez de Beethoven. Conhece várias obras do compositor, pois quando aluno do Instituto S. Manuel, onde fez a 4ªclasse, tinha aulas de música. Posteriormente aprendeu a tocar acordeão, órgão, cavaquinho, bandolim e viola, e toca por vezes em grupos musicais.
Quando alguém lhe pergunta se é fácil tocar cada um destes instrumentos responde com o seu bom-humor. Facílimo. Até um cego é capaz…
É assim o Sr. Álvaro em nome do qual eu agradeço a todos, desde a Amplifon e o médico que acompanhou o processo, a pessoas singulares e colectivas que contribuíram para que o Sr. Álvaro possa continuar a comunicar com o espírito vivo que o caracteriza. Destaco particularmente a Futuro Viver, na pessoa da Drª Cristina Pereira, pelo seu empenho na resolução deste problema.
Um homem cheio de vontade de viver, casado com uma senhora invisual de quem fala com muito carinho.
Conheci-o no Hospital de Santo António durante a minha manhã de voluntariado. Acompanhei-o quer na consulta, quer nos testes audiométricos que teve que fazer. Face aos exames, o médico concluiu que apenas com próteses de qualidade se lhe poderia restituir alguma audição.
E aqui começou o maior problema. O Sr. Álvaro não tinha qualquer possibilidade económica de adquirir as próteses.
Já há anos que contribuo para algumas associações de solidariedade. Achei que era hora de lhes pedir algo. Contactei-as e, de imediato, a Futuro Viver se empenhou no sentido de ajudar a resolver o problema, tendo levado a cabo várias iniciativas. Participei em duas delas. Na altura decorria, no espaço Vivacidade, uma exposição de pintura com “obras” minhas. Ofereci o valor de um quadro que a pessoa interessada escolheria, sendo o pagamento feito directamente à Futuro Viver. A minha amiga Virgínia, que pinta muito melhor que eu, não hesitou em comprar o quadro cuja imagem anexo.
Ofereci também uma aguarela que foi “rifada”.
Para aquisição das próteses foram contactadas várias empresas. A Amplifon, sensibilizada com o caso, forneceu as próteses em condições muito especiais.
Hoje o Sr. Álvaro foi colocá-las. Estava feliz e eu também. Passei toda a manhã com ele pois foi preciso testar, ajustar, ensinar o Sr. Álvaro a colocar e manusear as próteses.
O médico, pessoa gentilíssima, felicitou-o por tão rapidamente ter adquirido as competências que lhe irão permitir colocar, retirar, limpar, mudar as pilhas, etc. Os invisuais têm olhos nas pontas dos dedos, comentou o Sr. Álvaro, com a boa disposição que sempre manifesta.
Nos momentos em que aguardávamos o desenrolar do processo e, enquanto conversávamos, falei da surdez de Beethoven. Conhece várias obras do compositor, pois quando aluno do Instituto S. Manuel, onde fez a 4ªclasse, tinha aulas de música. Posteriormente aprendeu a tocar acordeão, órgão, cavaquinho, bandolim e viola, e toca por vezes em grupos musicais.
Quando alguém lhe pergunta se é fácil tocar cada um destes instrumentos responde com o seu bom-humor. Facílimo. Até um cego é capaz…
É assim o Sr. Álvaro em nome do qual eu agradeço a todos, desde a Amplifon e o médico que acompanhou o processo, a pessoas singulares e colectivas que contribuíram para que o Sr. Álvaro possa continuar a comunicar com o espírito vivo que o caracteriza. Destaco particularmente a Futuro Viver, na pessoa da Drª Cristina Pereira, pelo seu empenho na resolução deste problema.
domingo, 17 de abril de 2011
Páscoa 2011
Provavelmente esta será a última mensagem antes da Páscoa. Amanhã parto para o meu Nordeste que, nesta altura está ainda mais bonito.
Faz agora anos que escrevi um poema publicado no meu livro Magnetismo Terrestre, livro esse todo ilustrado com fotos do Nordeste, tiradas pelo meu marido.
É com o poema e a fotografia correspondente que desejo uma Boa Páscoa a todos os visitantes e seguidores.
Caminhada
Flores tímidas, selvagens, atapetam o chão.
Coberta de líquenes e musgo, a fraga, ao fundo,
onde frágil se equilibra uma oliveira
que espreita a queda de água que escorre na ladeira
onde agoniza um pombal, já sem função.
Um balir de rebanho rompe o ar dolente
e uma avezita, que emerge de um sobreiro,
toma por seu mundo o céu inteiro.
Medito enquanto calcorreio o caminho lentamente.
Quanta transformação química ocorrida
para transformar húmus em vida…
Quanta energia transformada…
Quanto neutrino atravessando o nada…
Termino com a Primavera na música de Vivaldi e Grieg
Faz agora anos que escrevi um poema publicado no meu livro Magnetismo Terrestre, livro esse todo ilustrado com fotos do Nordeste, tiradas pelo meu marido.
É com o poema e a fotografia correspondente que desejo uma Boa Páscoa a todos os visitantes e seguidores.
Caminhada
Flores tímidas, selvagens, atapetam o chão.
Coberta de líquenes e musgo, a fraga, ao fundo,
onde frágil se equilibra uma oliveira
que espreita a queda de água que escorre na ladeira
onde agoniza um pombal, já sem função.
Um balir de rebanho rompe o ar dolente
e uma avezita, que emerge de um sobreiro,
toma por seu mundo o céu inteiro.
Medito enquanto calcorreio o caminho lentamente.
Quanta transformação química ocorrida
para transformar húmus em vida…
Quanta energia transformada…
Quanto neutrino atravessando o nada…
Termino com a Primavera na música de Vivaldi e Grieg
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Música e ciência
Marcelo Gleiser, físico e escritor fala-nos de música e ciência num artigo de que transcreco alguns excertos
A música, dentre as artes, é a mais misteriosa. Como podem os sons invocar emoções tão fortes, alegrias e tristezas, lembranças de momentos especiais ou dolorosos, paixões passadas e esperanças futuras, patriotismo, ódio, ternura? Quando se pensa que sons nada mais são que vibrações que se propagam pelo ar, o mistério aumenta ainda mais.
A física explica como as ondas sonoras se comportam, as suas frequências e amplitudes. A biologia e as ciências cognitivas explicam como o aparelho auditivo transforma essas vibrações em impulsos eléctricos que são propagados ao longo de nervos para os locais apropriados do cérebro.
Mas daí até entender por que um adágio faz uma pessoa chorar, enquanto outra fica indiferente ou até acha aquilo “chato”, o pulo é enorme.
A música fala directamente ao inconsciente, criando ressonâncias emotivas que são únicas. É bem verdade que um poema ou um quadro também afectam as pessoas de modo diferente. Mas a mensagem é mais concreta, mais directa. Existe algo de imponderável na música, um apelo primordial, algo que antecede palavras ou imagens.
Não é por acaso que a música teve, desde o início da história, um papel tão fundamental nos rituais (…).
A música foi o primeiro veículo de transcendência do homem. Daí a sua presença tão fundamental nas várias religiões. E ela foi, também, a primeira porta para a ciência. Tudo começou em torno de 520 A.C., quando o filósofo grego Pitágoras, vivendo na época no sul da Itália, descobriu uma relação matemática entre som e harmonia(…).
Usando uma lira mostrou que o tom de uma corda, quando percutida na metade de seu comprimento, é uma oitava acima do som da corda livre, portanto satisfazendo uma razão de 1:2. Quando a corda é percutida em 2:3 de seu comprimento, o som é uma quinta mais alto; em 3:4, uma quarta mais alto.
Com isso, Pitágoras construiu uma escala musical baseada em razões simples entre os números inteiros.
E foi aqui que eles deram o grande pulo: não só a música que ouvimos, mas todas as harmonias e proporções geométricas que existem na natureza podem ser descritas por relações simples entre números inteiros(…).
Esta introdução vem a propósito do fabuloso concerto a que assisti na Casa da Música, no passado dia 13.
Com uma mestria insuperável, Grigori Sokolov, considerado por muitos o maior pianista da actualidade, brindou-nos com a interpretação de 4 peças, duas de Bach (concerto italiano e abertura francesa) e duas de Shumman ( humoresca e uma pequena suite)
Na impossibilidade de deixar aqui as obras impregnadas da magia de Sokolov, deixo a 1ª e a 3ª por outros intérpretes e duas outras peças interpretadas por Sokolov
Concerto italiano de Bach por Glenn Gould
Humoresca op.20 de Schumman
Prelúdio e fuga de Bach por Sokolov
Sonata de Shubert por Sokolov
Findo o espectáculo Sokolov brindou-nos com sete “encore”. E o público sem arredar pé…
Em cor em movimento podem ler mais sobre o concerto
E para finalizar esta mensagem sobre Música e Ciência não resisto a falar de Borodin, compositor e químico brilhante, grande amigo de Mendeleev.
Talvez a sua obra mais conhecida seja o Príncipe Igor de que já aqui deixei um vídeo em post anterior Desta vez deixo um scherzo do Quartet nº 2, in D Major
Deixo ainda duas imagens em que se podem ver Borodin e Mendeleev (já postadas já em Janeiro de 2010)
A música, dentre as artes, é a mais misteriosa. Como podem os sons invocar emoções tão fortes, alegrias e tristezas, lembranças de momentos especiais ou dolorosos, paixões passadas e esperanças futuras, patriotismo, ódio, ternura? Quando se pensa que sons nada mais são que vibrações que se propagam pelo ar, o mistério aumenta ainda mais.
A física explica como as ondas sonoras se comportam, as suas frequências e amplitudes. A biologia e as ciências cognitivas explicam como o aparelho auditivo transforma essas vibrações em impulsos eléctricos que são propagados ao longo de nervos para os locais apropriados do cérebro.
Mas daí até entender por que um adágio faz uma pessoa chorar, enquanto outra fica indiferente ou até acha aquilo “chato”, o pulo é enorme.
A música fala directamente ao inconsciente, criando ressonâncias emotivas que são únicas. É bem verdade que um poema ou um quadro também afectam as pessoas de modo diferente. Mas a mensagem é mais concreta, mais directa. Existe algo de imponderável na música, um apelo primordial, algo que antecede palavras ou imagens.
Não é por acaso que a música teve, desde o início da história, um papel tão fundamental nos rituais (…).
A música foi o primeiro veículo de transcendência do homem. Daí a sua presença tão fundamental nas várias religiões. E ela foi, também, a primeira porta para a ciência. Tudo começou em torno de 520 A.C., quando o filósofo grego Pitágoras, vivendo na época no sul da Itália, descobriu uma relação matemática entre som e harmonia(…).
Usando uma lira mostrou que o tom de uma corda, quando percutida na metade de seu comprimento, é uma oitava acima do som da corda livre, portanto satisfazendo uma razão de 1:2. Quando a corda é percutida em 2:3 de seu comprimento, o som é uma quinta mais alto; em 3:4, uma quarta mais alto.
Com isso, Pitágoras construiu uma escala musical baseada em razões simples entre os números inteiros.
E foi aqui que eles deram o grande pulo: não só a música que ouvimos, mas todas as harmonias e proporções geométricas que existem na natureza podem ser descritas por relações simples entre números inteiros(…).
Esta introdução vem a propósito do fabuloso concerto a que assisti na Casa da Música, no passado dia 13.
Com uma mestria insuperável, Grigori Sokolov, considerado por muitos o maior pianista da actualidade, brindou-nos com a interpretação de 4 peças, duas de Bach (concerto italiano e abertura francesa) e duas de Shumman ( humoresca e uma pequena suite)
Na impossibilidade de deixar aqui as obras impregnadas da magia de Sokolov, deixo a 1ª e a 3ª por outros intérpretes e duas outras peças interpretadas por Sokolov
Concerto italiano de Bach por Glenn Gould
Humoresca op.20 de Schumman
Prelúdio e fuga de Bach por Sokolov
Sonata de Shubert por Sokolov
Findo o espectáculo Sokolov brindou-nos com sete “encore”. E o público sem arredar pé…
Em cor em movimento podem ler mais sobre o concerto
E para finalizar esta mensagem sobre Música e Ciência não resisto a falar de Borodin, compositor e químico brilhante, grande amigo de Mendeleev.
Talvez a sua obra mais conhecida seja o Príncipe Igor de que já aqui deixei um vídeo em post anterior Desta vez deixo um scherzo do Quartet nº 2, in D Major
Deixo ainda duas imagens em que se podem ver Borodin e Mendeleev (já postadas já em Janeiro de 2010)
segunda-feira, 11 de abril de 2011
A política e a ética
Eurodeputados recusam viajar em económica
A notícia não é de hoje mas só hoje pude comentá-la
Proposta de Miguel Portas só teve os votos a favor dos eurodeputados do Bloco, da CDU e de quatro socialistas.
A emenda 3 ao "relatório Fernandes" - que defendia a alteração dos critérios de viagem de modo a que as deslocações aéreas inferiores a quatro horas fossem feitas em classe económica - acabou rejeitada pela maioria dos membros do Parlamento Europeu por 402 votos contra, 216 a favor e 56 abstenções, avança o 'Público'.
Contra esta emenda, ou seja, a favor da continuação das regalias de voos em executiva, estiveram sete eurodeputados sociais-democratas e dois eurodeputados socialistas. Do lado do PSD votaram contra os seguintes deputados: José Manuel Fernandes (o relator), Paulo Rangel, Regina Bastos, Carlos Coelho, Mário David, Maria do Céu Patrão Neves e Nuno Teixeira. Do lado do PS, votaram contra os socialistas Luís Manuel Capoulas Santos e António Fernando Correia de Campos.
Nove eurodeputados votaram a favor da emenda 3. Ou seja, estiveram ontem a favor do fim (com ressalvas) das viagens em primeira classe para deslocações inferiores a quatro horas. A saber: os três deputados do Bloco de Esquerda (Miguel Portas, Marisa Matias e Rui Tavares), os dois deputados da CDU (Ilda Figueiredo e João Ferreira) e quatro eurodeputados do PS (Luís Paulo Alves, Elisa Ferreira, Ana Gomes e Vital Moreira).
A social-democrata Maria da Graça Carvalho e os dois eurodeputados eleitos pelo CDS-PP, Nuno Melo e Diogo Feyo, faltaram à votação, enquanto a socialista Edite Estrela foi a única portuguesa a abster-se.
Não faço comentários face a tanta irresponsabilidade e falta de ética.
Por isso não sei quem é Fernando Nobre. O homem considerado um exemplo de cidadania pelo seu envolvimento em prol dos menos favorecidos? O político que não tem pejo em se associar ao partido de José Manuel Fernandes Paulo Rangel, Regina Bastos, Carlos Coelho, Mário David, Maria do Céu Patrão Neves e Nuno Teixeira (para citar apenas os que acima referi)?
Nas últimas eleições presidenciais votei no cidadão Fernando Nobre porque o achava um exemplo no âmbito de cidadania. Se fosse hoje não o teria feito. E este sentimento é partilhado por muitos portugueses.
Pode dar todas as justificações que quiser dar, pode fazer todos os mortais, piruetas e empranchados de costas que quiser, mas esta é uma atitude incompreensível de Fernando Nobre. Não pode tomar esta atitude. Estava-lhe vedada. Se não compreende isto é porque é, infelizmente, uma FRAUDE. Usando as suas próprias palavras, Fernando Nobre deu "um tiro" na sua própria cabeça. Ler mais aqui
Hoje senti-me, pela primeira vez, arrependido de ter gasto o meu precioso tempo na sua candidatura, nesse verdadeiro ninho de cucos que foi a sua aventura eleitoral. Sinto-me um parvo por ter acreditado nele e por não ter visto - ou não ter querido ver - o que outros viram com clareza desde o início. Fernando Nobre é apenas mais um ambicioso. Pior - é um ambicioso que não olha à cor daqueles em que se apoia para atingir os seus propósitos: Bloco, PSD, Mário Soares, PS - e agora outra vez o PSD; tudo lhe serve quando se trata de alcançar protagonismo (...), excerto de um artigo de Manuel Vilar de Macedo
E porque o sonho dum Portugal melhor se desvanece dia a dia, termino com Chico Buraque nas duas versões de Tanto mar
A notícia não é de hoje mas só hoje pude comentá-la
Proposta de Miguel Portas só teve os votos a favor dos eurodeputados do Bloco, da CDU e de quatro socialistas.
A emenda 3 ao "relatório Fernandes" - que defendia a alteração dos critérios de viagem de modo a que as deslocações aéreas inferiores a quatro horas fossem feitas em classe económica - acabou rejeitada pela maioria dos membros do Parlamento Europeu por 402 votos contra, 216 a favor e 56 abstenções, avança o 'Público'.
Contra esta emenda, ou seja, a favor da continuação das regalias de voos em executiva, estiveram sete eurodeputados sociais-democratas e dois eurodeputados socialistas. Do lado do PSD votaram contra os seguintes deputados: José Manuel Fernandes (o relator), Paulo Rangel, Regina Bastos, Carlos Coelho, Mário David, Maria do Céu Patrão Neves e Nuno Teixeira. Do lado do PS, votaram contra os socialistas Luís Manuel Capoulas Santos e António Fernando Correia de Campos.
Nove eurodeputados votaram a favor da emenda 3. Ou seja, estiveram ontem a favor do fim (com ressalvas) das viagens em primeira classe para deslocações inferiores a quatro horas. A saber: os três deputados do Bloco de Esquerda (Miguel Portas, Marisa Matias e Rui Tavares), os dois deputados da CDU (Ilda Figueiredo e João Ferreira) e quatro eurodeputados do PS (Luís Paulo Alves, Elisa Ferreira, Ana Gomes e Vital Moreira).
A social-democrata Maria da Graça Carvalho e os dois eurodeputados eleitos pelo CDS-PP, Nuno Melo e Diogo Feyo, faltaram à votação, enquanto a socialista Edite Estrela foi a única portuguesa a abster-se.
Não faço comentários face a tanta irresponsabilidade e falta de ética.
Por isso não sei quem é Fernando Nobre. O homem considerado um exemplo de cidadania pelo seu envolvimento em prol dos menos favorecidos? O político que não tem pejo em se associar ao partido de José Manuel Fernandes Paulo Rangel, Regina Bastos, Carlos Coelho, Mário David, Maria do Céu Patrão Neves e Nuno Teixeira (para citar apenas os que acima referi)?
Nas últimas eleições presidenciais votei no cidadão Fernando Nobre porque o achava um exemplo no âmbito de cidadania. Se fosse hoje não o teria feito. E este sentimento é partilhado por muitos portugueses.
Pode dar todas as justificações que quiser dar, pode fazer todos os mortais, piruetas e empranchados de costas que quiser, mas esta é uma atitude incompreensível de Fernando Nobre. Não pode tomar esta atitude. Estava-lhe vedada. Se não compreende isto é porque é, infelizmente, uma FRAUDE. Usando as suas próprias palavras, Fernando Nobre deu "um tiro" na sua própria cabeça. Ler mais aqui
Hoje senti-me, pela primeira vez, arrependido de ter gasto o meu precioso tempo na sua candidatura, nesse verdadeiro ninho de cucos que foi a sua aventura eleitoral. Sinto-me um parvo por ter acreditado nele e por não ter visto - ou não ter querido ver - o que outros viram com clareza desde o início. Fernando Nobre é apenas mais um ambicioso. Pior - é um ambicioso que não olha à cor daqueles em que se apoia para atingir os seus propósitos: Bloco, PSD, Mário Soares, PS - e agora outra vez o PSD; tudo lhe serve quando se trata de alcançar protagonismo (...), excerto de um artigo de Manuel Vilar de Macedo
E porque o sonho dum Portugal melhor se desvanece dia a dia, termino com Chico Buraque nas duas versões de Tanto mar
sábado, 9 de abril de 2011
Breves, semibreves, mínimas, semínimas, colcheias, semicolcheias, fusas e semifusas
Começo pelas breves….
Breves notícias de vários eventos
Dia 6
A convite da Escola Secundária, formulado pela colega Celeste Moniz, fui a Fafe para, na semana que a Escola dedicou à Ciência, fazer duas intervenções para alunos: uma, A maçã de Newton, de manhã para alunos de três turmas de 11º ano e a outra, de tarde, Pelo sistema solar vamos todos viajar, para três turmas de 8º ano. Um grupo de professores empenhados acompanhou os alunos. Destes, alguns houve que participaram muito bem; outros, nem por isso…
A colega Celeste Moniz, pessoa extremamente dinâmica, que só conheci pessoalmente quando cheguei a Fafe, sabendo que eu pintava tinha-me solicitado alguns quadros para serem expostas na Casa da Cultura.
Solicitou –me ainda uma palestra para o público em geral, que após a inauguração da exposição, teve lugar na Biblioteca Municipal. Achei que o tema mais adequado seria “Ciência e Poesia à volta da luz e da cor”.
Acho que correu bastante bem.
Agradeço ao escritor Artur Coimbra e a João Artur Pinto, ambos ligados à cultura de Fafe, todo o apoio dado.
Mas voltando à escola.
Não coloco fotos das sessões com os alunos, decisão que tomei a partir de agora para evitar eventuais problemas que daí pudessem advir.
A Escola tem uma dinâmica interessante de que me apercebi, não só através dos eventos programados para a semana já referida, mas também através da revista convida, que já vai no 5º número e cujo director é o professor Carlos Afonso, meu conterrâneo de que já aqui falei numa mensagem em Setembro de 2010.
Aqui fica a capa do nº 4
Finalizo agradecendo aos professores com quem contactei, com especial destaque para Celeste Moniz, a hospitalidade com que fui recebida e na qual não posso deixar de incluir um almoço com uma soberba vitela assada.
Dia 7
Estava eu ainda em Fafe quando telefonaram do espaço cultural Vivacidade a pedir-me para dizer, algumas palavras na inauguração de mais uma exposição de Virgínia Barros, intitulada Da Realidade ao Sonho.
que decorreu no dia 7. Sabia que dia 6 ia chegar tarde ao Porto e que no dia seguinte ia estar desde as 9 ás 17h a cuidar da minha neta de seis meses, pelo que iria dispor de muito pouco tempo para preparar algo. Fiz o melhor que pude mas a Virgínia e a sua obra mereciam, por certo, mais.
Dos trabalhos expostos que poderão visitar no Vivacidade deixo-vos o vídeo anexo que fala por si.
Quanto à inauguração foi um evento muito bonito com semibreves, mínimas, semínimas, colcheias, semicolcheias, fusas e semifusas
O filho e a nora da Virgínia tocaram vários trechos em flauta, alguns acompanhados pelo neto mais velho (7 anos) no violino e o do meio (5 anos) no violoncelo
Um espectáculo musical de uma ternura impar . O neto mais velho ainda leu um poema que o irmão da Virgínia fez, a propósito dum dos quadros expostos
Dia 8
Dispensaram-me das minhas funções de baby sitter. Às 10 h fui assistir na Casa da Música, ao ensaio geral das suites sinfónicas de Shostakovitch. E a propósito da sua obra deixo aqui The Second Waltz
À tarde fui à escola de Ermida em S. Mamede, a convite da livreira Márcia, da livraria Index. Foi muito gratificante. Os alunos, com um comportamento exemplar, receberam-me com leituras e encenações de textos meus. Os seus olhitos brilhavam à medida que eu ia lendo outros textos e fazendo algumas experiências.
Cada vez mais admiro os professores que, mal grado o descontentamento que revelam face à forma como são tratados, dão o seu melhor à escola e aos alunos. Descobri, com agrado, que a bibliotecária é também do concelho de Alfândega da Fé. O mundo é pequeno...
Obrigada a todos.
Breves notícias de vários eventos
Dia 6
A convite da Escola Secundária, formulado pela colega Celeste Moniz, fui a Fafe para, na semana que a Escola dedicou à Ciência, fazer duas intervenções para alunos: uma, A maçã de Newton, de manhã para alunos de três turmas de 11º ano e a outra, de tarde, Pelo sistema solar vamos todos viajar, para três turmas de 8º ano. Um grupo de professores empenhados acompanhou os alunos. Destes, alguns houve que participaram muito bem; outros, nem por isso…
A colega Celeste Moniz, pessoa extremamente dinâmica, que só conheci pessoalmente quando cheguei a Fafe, sabendo que eu pintava tinha-me solicitado alguns quadros para serem expostas na Casa da Cultura.
Solicitou –me ainda uma palestra para o público em geral, que após a inauguração da exposição, teve lugar na Biblioteca Municipal. Achei que o tema mais adequado seria “Ciência e Poesia à volta da luz e da cor”.
Acho que correu bastante bem.
Agradeço ao escritor Artur Coimbra e a João Artur Pinto, ambos ligados à cultura de Fafe, todo o apoio dado.
Mas voltando à escola.
Não coloco fotos das sessões com os alunos, decisão que tomei a partir de agora para evitar eventuais problemas que daí pudessem advir.
A Escola tem uma dinâmica interessante de que me apercebi, não só através dos eventos programados para a semana já referida, mas também através da revista convida, que já vai no 5º número e cujo director é o professor Carlos Afonso, meu conterrâneo de que já aqui falei numa mensagem em Setembro de 2010.
Aqui fica a capa do nº 4
Finalizo agradecendo aos professores com quem contactei, com especial destaque para Celeste Moniz, a hospitalidade com que fui recebida e na qual não posso deixar de incluir um almoço com uma soberba vitela assada.
Dia 7
Estava eu ainda em Fafe quando telefonaram do espaço cultural Vivacidade a pedir-me para dizer, algumas palavras na inauguração de mais uma exposição de Virgínia Barros, intitulada Da Realidade ao Sonho.
que decorreu no dia 7. Sabia que dia 6 ia chegar tarde ao Porto e que no dia seguinte ia estar desde as 9 ás 17h a cuidar da minha neta de seis meses, pelo que iria dispor de muito pouco tempo para preparar algo. Fiz o melhor que pude mas a Virgínia e a sua obra mereciam, por certo, mais.
Dos trabalhos expostos que poderão visitar no Vivacidade deixo-vos o vídeo anexo que fala por si.
Quanto à inauguração foi um evento muito bonito com semibreves, mínimas, semínimas, colcheias, semicolcheias, fusas e semifusas
O filho e a nora da Virgínia tocaram vários trechos em flauta, alguns acompanhados pelo neto mais velho (7 anos) no violino e o do meio (5 anos) no violoncelo
Um espectáculo musical de uma ternura impar . O neto mais velho ainda leu um poema que o irmão da Virgínia fez, a propósito dum dos quadros expostos
Dia 8
Dispensaram-me das minhas funções de baby sitter. Às 10 h fui assistir na Casa da Música, ao ensaio geral das suites sinfónicas de Shostakovitch. E a propósito da sua obra deixo aqui The Second Waltz
À tarde fui à escola de Ermida em S. Mamede, a convite da livreira Márcia, da livraria Index. Foi muito gratificante. Os alunos, com um comportamento exemplar, receberam-me com leituras e encenações de textos meus. Os seus olhitos brilhavam à medida que eu ia lendo outros textos e fazendo algumas experiências.
Cada vez mais admiro os professores que, mal grado o descontentamento que revelam face à forma como são tratados, dão o seu melhor à escola e aos alunos. Descobri, com agrado, que a bibliotecária é também do concelho de Alfândega da Fé. O mundo é pequeno...
Obrigada a todos.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Miragaia....
No passado dia 4 desloquei-me à escola de Miragaia, a convite da Professora Bibliotecária , Aurora Reis, em mais uma sessão de "ciência e poesia de mãos dadas"
Ainda antes da minha intervenção, alguns alunos lerem trabalhos seus. Aos professores e alunos, em geral, agradeço o carinho com que fui recebida
Uma foto da visita.
Mais fotos sobre a visita podem ser vistos aqui .
A escola, um edifício moderno, segundo me informaram, projecto de um discípulo de Siza Vieira, tem umas vistas fabulosas sobre o rio.
Dali se avista também a Igreja de S. Pedro de Miaragaia , onde o meu pai foi baptizado. Era o segundo de uma família de nove irmãos e os meus avós eram transmontanos, com uma grande paixão pela sua terra. Mas de entre os nove filhos só dois nasceram em Trás-os-Montes. Os demais foram nascendo em diversas localidades função da mobilidade do meu avô. Quando os três primeiros nasceram, o meu avô era funcionário na Alfândega do Porto, inaugurada alguns anos antes, pelo que moravam em Miragaia. Daí o meu pai ter e sido baptizado na igreja referida.
Entardecia
S. Pedro de Miragaia. Talha, azulejo, granito. Entardecia e eu ali.
Imaginei-te pai, junto à pia baptismal.
Pareceu-me até ouvir o repicar do sino e um soar de passos,
quem sabe, a madrinha transportando-te nos braços.
Junto à casa, no largo, o riso de cristal de um pequenito
quebrava o silêncio naquele entardecer que se esbatia no céu
como uma vaga.
Entardecia e eu ali, envolta numa saudade amarga e doce
que o tempo não apaga.
Poema escrito, há uns anos, no dia em que fui visitar a referida igerja
Ainda antes da minha intervenção, alguns alunos lerem trabalhos seus. Aos professores e alunos, em geral, agradeço o carinho com que fui recebida
Uma foto da visita.
Mais fotos sobre a visita podem ser vistos aqui .
A escola, um edifício moderno, segundo me informaram, projecto de um discípulo de Siza Vieira, tem umas vistas fabulosas sobre o rio.
Dali se avista também a Igreja de S. Pedro de Miaragaia , onde o meu pai foi baptizado. Era o segundo de uma família de nove irmãos e os meus avós eram transmontanos, com uma grande paixão pela sua terra. Mas de entre os nove filhos só dois nasceram em Trás-os-Montes. Os demais foram nascendo em diversas localidades função da mobilidade do meu avô. Quando os três primeiros nasceram, o meu avô era funcionário na Alfândega do Porto, inaugurada alguns anos antes, pelo que moravam em Miragaia. Daí o meu pai ter e sido baptizado na igreja referida.
Entardecia
S. Pedro de Miragaia. Talha, azulejo, granito. Entardecia e eu ali.
Imaginei-te pai, junto à pia baptismal.
Pareceu-me até ouvir o repicar do sino e um soar de passos,
quem sabe, a madrinha transportando-te nos braços.
Junto à casa, no largo, o riso de cristal de um pequenito
quebrava o silêncio naquele entardecer que se esbatia no céu
como uma vaga.
Entardecia e eu ali, envolta numa saudade amarga e doce
que o tempo não apaga.
Poema escrito, há uns anos, no dia em que fui visitar a referida igerja
domingo, 3 de abril de 2011
BURACOS NEGROS...
Buracos negros
As estrelas também gostam de brincar
às escondidas
A maioria das vezes escondem-se umas atrás das outras
ou nas imediações de um quasar
Mas não há melhor lugar
para uma estrela se esconder
que num buraco negro
Elas vêm as outras
e ninguém as consegue ver
Jorge Sousa Braga em Pó de Estrelas
O que é um buraco negro? A resposta a esta pergunta exige elevados conhecimentos no âmbito da Física e da Matemática, não acessíveis à maioria dos cidadãos, maioria em que obviamente me incluo.
Carl Sagan, com a sua capacidade de divulgar a ciência junto do cidadão comum, fala de buracos negros neste vídeo
No passado dia 29 a revista on-line, Ciência Hoje, a que já me referir inúmeras vezes publicou um artigo com novas revelações sobre este tema de que deixo algumas passagens
O observatório de raios gama da Agência Espacial Europeia (ESA), Integral, detectou matéria extremamente quente, apenas um milissegundo antes de entrar para o esquecimento de um buraco negro. Esta observação única sugere que parte da matéria poderá conseguir escapar.
A algumas centenas de quilómetros da sua superfície mortal, o espaço é uma agitação de partículas e radiação. Vastas tempestades de partículas ficam condenadas, a velocidades próximas à da luz, elevando a temperatura até aos milhões de graus.
Normalmente, demora apenas um milissegundo até as partículas atravessarem esta distância final, mas poderá haver esperança para uma pequena parte delas. Graças às novas observações do Integral, os astrónomos sabem agora que esta região caótica está enredada em campos magnéticos.
Esta foi a primeira vez que foram identificados tão próximo de um buraco negro. O Integral mostra ainda que os campos magnéticos são estruturados, e formam um túnel de escape para algumas partículas condenadas. A descoberta foi feita pela equipa de Philippe Laurent, CEA Saclay, França, através do estudo do buraco negro Cygnus X-1, que está a desfazer uma estrela vizinha, alimentando-se do seu gás.
Os dados revelam que é suficientemente forte para roubar partículas ao campo gravitacional do buraco negro, puxando-os para fora e criando jactos de matéria para o espaço. As partículas nestes jactos são levadas para trajectórias em espiral, no percurso dentro do campo magnético até à liberdade e isto está a afectar uma propriedade dos raios gama, conhecida como polarização.
Tal como a luz visível, os raios gama são uma espécie de onda e a orientação da onda denomina-se polarização. Quando uma partícula com velocidade gira num campo magnético produz um tipo de luz, conhecida como emissão de sincrotrão, que apresenta um padrão específico de polarização (…).
Termino este meu post sobre buracos negros, com um poema meu e com duas obras do artista Aldir Mendes De Souza. As obras fazem parte de um conjunto designadocomo Buracos negros de todas as cores
Silêncio denso
A árvore das palavras já secou.
No início eram palavras perfumadas
que nem rosas.
Com o tempo foram perdendo o perfume,
ficaram desbotadas, a planta estiolou.
Em vez das palavras
um silêncio cada vez mais denso
qual buraco negro, aprisionando a luz
que outrora das palavras emanou.
Regina Gouveia
Buraco negro cinza
Buraco negro amarelo
Buraco negro vermelho
As estrelas também gostam de brincar
às escondidas
A maioria das vezes escondem-se umas atrás das outras
ou nas imediações de um quasar
Mas não há melhor lugar
para uma estrela se esconder
que num buraco negro
Elas vêm as outras
e ninguém as consegue ver
Jorge Sousa Braga em Pó de Estrelas
O que é um buraco negro? A resposta a esta pergunta exige elevados conhecimentos no âmbito da Física e da Matemática, não acessíveis à maioria dos cidadãos, maioria em que obviamente me incluo.
Carl Sagan, com a sua capacidade de divulgar a ciência junto do cidadão comum, fala de buracos negros neste vídeo
No passado dia 29 a revista on-line, Ciência Hoje, a que já me referir inúmeras vezes publicou um artigo com novas revelações sobre este tema de que deixo algumas passagens
O observatório de raios gama da Agência Espacial Europeia (ESA), Integral, detectou matéria extremamente quente, apenas um milissegundo antes de entrar para o esquecimento de um buraco negro. Esta observação única sugere que parte da matéria poderá conseguir escapar.
A algumas centenas de quilómetros da sua superfície mortal, o espaço é uma agitação de partículas e radiação. Vastas tempestades de partículas ficam condenadas, a velocidades próximas à da luz, elevando a temperatura até aos milhões de graus.
Normalmente, demora apenas um milissegundo até as partículas atravessarem esta distância final, mas poderá haver esperança para uma pequena parte delas. Graças às novas observações do Integral, os astrónomos sabem agora que esta região caótica está enredada em campos magnéticos.
Esta foi a primeira vez que foram identificados tão próximo de um buraco negro. O Integral mostra ainda que os campos magnéticos são estruturados, e formam um túnel de escape para algumas partículas condenadas. A descoberta foi feita pela equipa de Philippe Laurent, CEA Saclay, França, através do estudo do buraco negro Cygnus X-1, que está a desfazer uma estrela vizinha, alimentando-se do seu gás.
Os dados revelam que é suficientemente forte para roubar partículas ao campo gravitacional do buraco negro, puxando-os para fora e criando jactos de matéria para o espaço. As partículas nestes jactos são levadas para trajectórias em espiral, no percurso dentro do campo magnético até à liberdade e isto está a afectar uma propriedade dos raios gama, conhecida como polarização.
Tal como a luz visível, os raios gama são uma espécie de onda e a orientação da onda denomina-se polarização. Quando uma partícula com velocidade gira num campo magnético produz um tipo de luz, conhecida como emissão de sincrotrão, que apresenta um padrão específico de polarização (…).
Termino este meu post sobre buracos negros, com um poema meu e com duas obras do artista Aldir Mendes De Souza. As obras fazem parte de um conjunto designadocomo Buracos negros de todas as cores
Silêncio denso
A árvore das palavras já secou.
No início eram palavras perfumadas
que nem rosas.
Com o tempo foram perdendo o perfume,
ficaram desbotadas, a planta estiolou.
Em vez das palavras
um silêncio cada vez mais denso
qual buraco negro, aprisionando a luz
que outrora das palavras emanou.
Regina Gouveia
Buraco negro cinza
Buraco negro amarelo
Buraco negro vermelho
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Quem tem medo da transparência ?
Já por mais que uma vez coloquei no blogue obras de Edith Cohen Gewerc
Hoje coloco mais duas de títulos Transparência I, Transparência II
Num sistema óptico, transparência é a propriedade de ser transparente, isto é, que permite passar luz. A propriedade oposta é a opacidade
Tudo isto surge a propósito do processo da avaliação dos professores
Com os votos de toda a oposição, à excepção do deputado do PSD Pacheco Pereira, a Assembleia da República aprovou recentemente a revogação do decreto que, em Junho de 2010, regulamentou a avaliação docente.
Sempre fui defensora da avaliação dos professores; sempre dei o meu melhor, muitas vezes sacrificando a família, e custava-me ver que outros, para quem a escola era apenas um meio de ganhar um dinheirito, a acumular por vezes com o que auferiam em profissões liberais, em explicações, etc, ascendiam na carreira tal como eu. Não se interprete das minhas palavras que tenho algo a ver contra as acumulações, que em alguns casos, em nada interferem com a qualidade do serviço prestado nas escolas. Eu própria, de 1999 a 2006, acumulei o ensino Secundário com uma aulas no Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Porto
Mas dizia eu que me custava ver aquela forma injusta de se ascender na carreira.
Só que, o que se tem passado ultimamente em muitas escolas, é muito mais injusto.
Já tive oportunidade de referir aqui que há escolas onde excelentes muitas vezes não ultrapassam o Bom e medíocres e maus são classificados com Excelente.
É tudo uma questão de subserviência…
Só há uma forma de evitar estas aberrações: a transparência. Porque não são tornados públicos os resultados? (aliás a pergunta poderá ser feita para todas as avaliações e não só para a dos professores).
Experimentem tornar secreta a avaliação doa alunos. O sistema educativo cairia, por certo…
Num documento sobre avaliação produzido pela Associação de Professores de Matemática pode ler-se:
A avaliação deve ser transparente.
(…)Tanto quanto possível as escolas e os professores envolvidos no processo de
avaliação deverão intervir activamente no sentido de garantir a sua transparência.
Claro que não basta a transparência na avaliação, para a tornar credível.
É preciso que o que se avalia tenha realmente a ver com a qualidade de ensino e aprendizagem, não virtuais como as que nos tentam impingir, mas reais.
E a real qualidade de ensino- aprendizagem será tanto melhor quanto menor o tempo que os professores tiverem que dedicar a preencher papéis e a assistir a reuniões, ambos obsoletos na maior parte dos casos.
A terminar dois poemas que falam de tarnsparência…
Era um silêncio transparente,
cortante como um cristal de arestas afiadas.
Usei-o como escopro
e, lentamente,
fui esculpindo no tempo
o rosto da memória
Regina Gouveia
Se este silêncio feito de amargura se tornasse transparente
ainda que por um fugaz instante
a vida, de repente, colorir-se-ia e, feita cor, içar-se-ia,
bandeira flutuante, transformando a noite escura em dia.
Regina Gouveia
Hoje coloco mais duas de títulos Transparência I, Transparência II
Num sistema óptico, transparência é a propriedade de ser transparente, isto é, que permite passar luz. A propriedade oposta é a opacidade
Tudo isto surge a propósito do processo da avaliação dos professores
Com os votos de toda a oposição, à excepção do deputado do PSD Pacheco Pereira, a Assembleia da República aprovou recentemente a revogação do decreto que, em Junho de 2010, regulamentou a avaliação docente.
Sempre fui defensora da avaliação dos professores; sempre dei o meu melhor, muitas vezes sacrificando a família, e custava-me ver que outros, para quem a escola era apenas um meio de ganhar um dinheirito, a acumular por vezes com o que auferiam em profissões liberais, em explicações, etc, ascendiam na carreira tal como eu. Não se interprete das minhas palavras que tenho algo a ver contra as acumulações, que em alguns casos, em nada interferem com a qualidade do serviço prestado nas escolas. Eu própria, de 1999 a 2006, acumulei o ensino Secundário com uma aulas no Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Porto
Mas dizia eu que me custava ver aquela forma injusta de se ascender na carreira.
Só que, o que se tem passado ultimamente em muitas escolas, é muito mais injusto.
Já tive oportunidade de referir aqui que há escolas onde excelentes muitas vezes não ultrapassam o Bom e medíocres e maus são classificados com Excelente.
É tudo uma questão de subserviência…
Só há uma forma de evitar estas aberrações: a transparência. Porque não são tornados públicos os resultados? (aliás a pergunta poderá ser feita para todas as avaliações e não só para a dos professores).
Experimentem tornar secreta a avaliação doa alunos. O sistema educativo cairia, por certo…
Num documento sobre avaliação produzido pela Associação de Professores de Matemática pode ler-se:
A avaliação deve ser transparente.
(…)Tanto quanto possível as escolas e os professores envolvidos no processo de
avaliação deverão intervir activamente no sentido de garantir a sua transparência.
Claro que não basta a transparência na avaliação, para a tornar credível.
É preciso que o que se avalia tenha realmente a ver com a qualidade de ensino e aprendizagem, não virtuais como as que nos tentam impingir, mas reais.
E a real qualidade de ensino- aprendizagem será tanto melhor quanto menor o tempo que os professores tiverem que dedicar a preencher papéis e a assistir a reuniões, ambos obsoletos na maior parte dos casos.
A terminar dois poemas que falam de tarnsparência…
Era um silêncio transparente,
cortante como um cristal de arestas afiadas.
Usei-o como escopro
e, lentamente,
fui esculpindo no tempo
o rosto da memória
Regina Gouveia
Se este silêncio feito de amargura se tornasse transparente
ainda que por um fugaz instante
a vida, de repente, colorir-se-ia e, feita cor, içar-se-ia,
bandeira flutuante, transformando a noite escura em dia.
Regina Gouveia
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