Leituras em tempo de pandemia
Sempre gostei muito de ler. Esta paixão pela
leitura foi-me incutida pelos meus pais, muito em particular o meu pai que
fundamentalmente lia autores portugueses, alguns brasileiros e o francês Victor
Hugo. Ao longo do tempo fui conhecendo e apreciando muitos outros escritores, que
vou lendo e muitas vezes relendo. É o caso de Albert Camus. O primeiro
livro que adquiri foi O Estrangeiro e a partir daí fui
adquirindo vários outros. Um deles A
Peste.
Em tempo de pandemia fui relê-lo mais uma vez.
Acabei ontem.
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A capa do livro. Creio tê-lo comprado em 1968 |
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Excerto de um pequeno texto introdutório |
Aconselho vivamente a sua leitura que espelha, mais
uma vez, o humanismo de Camus. A sua infância pobre na Argélia, as vidas dos operários e das crianças
do seu bairro povoam a sua escrita e marcam o seu pensamento político e filosófico.
Em 1957 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da
Literatura.
Escreveu então uma breve carta a Monsieur
Germain, seu professor no ensino primário. numa escola pública de um bairro
operário. Nela, o já consagrado escritor e filósofo franco-argelino expõe a sua
gratidão àquele que havia sido responsável por uma profunda transformação na
sua vida
19 novembre 1957
Cher Monsieur Germain,
J’ai laissé s’éteindre un peu le bruit qui m’a entouré tous ces jours-ci
avant de venir vous parler de tout mon cœur. On
vient de me faire un bien trop grand honneur, que je n’ai ni recherché ni
sollicité. Mais quand j’en
ai appris la nouvelle, ma première pensée, après ma mère, a été pour vous. Sans
vous, sans cette main affectueuse que vous avez tendue au petit enfant pauvre
que j’étais, sans votre enseignement, et votre exemple, rien de tout cela ne
serait arrivé. Je ne me fais pas un monde de cette sorte d’honneur. Mais celui-là
est du moins une occasion pour vous dire ce que vous avez été, et êtes toujours
pour moi, et pour vous assurer que vos efforts, votre travail et le cœur
généreux que vous y mettiez sont toujours vivants chez un de vos petits
écoliers qui, malgré l’âge, n’a pas cessé d’être votre reconnaissant élève. Je
vous embrasse de toutes mes forces.
Albert Camus
Já li há muito tempo e reli recentemente esse maravilhoso livro de Camus "A Peste".
ResponderEliminarUm bom fim de semana com muita saúde.
Um beijo.
Era minha intenção reler agora Saramago, "As Intermitências da Morte" mas levei o livro para a aldeia da última vez que lá fui (há dois meses) e deixei-o lá por esquecimento. Vou continuar na releitura de Camus. Estou a reler O Exílio e o Reino
ResponderEliminarBjs
Vim aqui parar ancorado no blogue da Graça Pires. Por aqui respira-se arte. Leio, ouço e saio tentando não fazer ruído. A aura de respeito pelas coisas nobres que se respira assim o exige.
ResponderEliminarObrigada pela sua visita e pelas suas palavras tão gentis.
ResponderEliminarRegina Gouveia