segunda-feira, 18 de maio de 2020
Não concebo a minha vida sem música
A música expressa o que não pode ser dito em
palavras mas não pode permanecer em silêncio.
Quem ouve música, sente a sua solidão de
repente povoada.
Sem a música, a vida seria um erro.
Toda a arte aspira continuamente à condição da
música.
Para mim a música é o alimento indispensável ao
espírito. Uma das grandes frustrações da minha vida é não saber tocar um
instrumento. Tive lições de piano, de acordeão, de ukulele mas não sei tocar nenhum deles. Finjo que toco…
Em compensação ouço música sempre que posso
Tenho o privilégio de ser amiga do arquitecto José Resende Dias, colega e amigo do meu
marido. Além de arquitecto é músico. A arte está-lhe nos genes- filho do maestro Resende
Dias, sobrinho do Mestre Júlio Resende e também de Fernando Lanhas, (arquiteto,
pintor, homem de ciência…)
Zé Resende gosta de falar de música, a sua grande paixão. Há
dias falou-me de um grande violoncelista de quem eu ainda não ouvira falar- Stjepan
Hauser https://pt.wikipedia.org/wiki/Stjepan_Hauser
Hoje passei parte da tarde a ouvi-lo em várias apresentações que partilho convosco
https://www.youtube.com/watch?v=g91kQyy4G7E (concerto em Zagreb)
https://www.youtube.com/watchv=KTRnuoVp2HM&list=PLdVkHRu3zRbJhoHZa8WEEeginurhA5_xp (excerto de O lago dos cisnes)
E porque falo de música, há tempos e, por acaso, “descobri” a pianista
Alice Sommer (1903- 2014) cuja vida é um exemplo para todos nós. Partilho convosco o vídeo que segue
terça-feira, 12 de maio de 2020
Leituras em tempo de pandemia
Leituras em tempo de pandemia
Sempre gostei muito de ler. Esta paixão pela
leitura foi-me incutida pelos meus pais, muito em particular o meu pai que
fundamentalmente lia autores portugueses, alguns brasileiros e o francês Victor
Hugo. Ao longo do tempo fui conhecendo e apreciando muitos outros escritores, que
vou lendo e muitas vezes relendo. É o caso de Albert Camus. O primeiro
livro que adquiri foi O Estrangeiro e a partir daí fui
adquirindo vários outros. Um deles A
Peste.
Em tempo de pandemia fui relê-lo mais uma vez.
Acabei ontem.
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A capa do livro. Creio tê-lo comprado em 1968 |
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Excerto de um pequeno texto introdutório |
Aconselho vivamente a sua leitura que espelha, mais uma vez, o humanismo de Camus. A sua infância pobre na Argélia, as vidas dos operários e das crianças do seu bairro povoam a sua escrita e marcam o seu pensamento político e filosófico.
Em 1957 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da
Literatura.
Escreveu então uma breve carta a Monsieur
Germain, seu professor no ensino primário. numa escola pública de um bairro
operário. Nela, o já consagrado escritor e filósofo franco-argelino expõe a sua
gratidão àquele que havia sido responsável por uma profunda transformação na
sua vida
19 novembre 1957
Cher Monsieur Germain,
J’ai laissé s’éteindre un peu le bruit qui m’a entouré tous ces jours-ci
avant de venir vous parler de tout mon cœur. On
vient de me faire un bien trop grand honneur, que je n’ai ni recherché ni
sollicité. Mais quand j’en
ai appris la nouvelle, ma première pensée, après ma mère, a été pour vous. Sans
vous, sans cette main affectueuse que vous avez tendue au petit enfant pauvre
que j’étais, sans votre enseignement, et votre exemple, rien de tout cela ne
serait arrivé. Je ne me fais pas un monde de cette sorte d’honneur. Mais celui-là
est du moins une occasion pour vous dire ce que vous avez été, et êtes toujours
pour moi, et pour vous assurer que vos efforts, votre travail et le cœur
généreux que vous y mettiez sont toujours vivants chez un de vos petits
écoliers qui, malgré l’âge, n’a pas cessé d’être votre reconnaissant élève. Je
vous embrasse de toutes mes forces.
Albert Camus
quinta-feira, 7 de maio de 2020
Sinto-me privilegiada...
Vivo numa casa independente, com pátio, quintal e jardim pelo que o
confinamento a que a pandemia nos obriga, não me tem custado. Custa-me apenas, não poder estar com a família,
para além do marido.
E dentro do afastamento da família, custa-me muito o
afastamento dos netos. Mas também nisso sou um pouco privilegiada pois o meu filho mais velho vive mesmo ao lado pelo que são contíguos os espaços ao ar
livre das duas asas.
Preocupados por
pertencermos a uma população de risco ( maiores de 70…) temem que nos possamos contagiar. Assim, nunca nos deixam aproximar deles nem dos netos para além dos 2 m
recomendados. Mas podemos vê-los e conversar a essa distância. No dia da Mãe fomos tomar café no pátio da casa deles, embora numa mesa
diferente, e estivemos à conversa durante
algum tempo.
Para além disso temos sempre o whatsap, é certo… E é apenas por whatsap que podemos
contactar com os outros dois netos, (filhos do nosso filho mais novo.
Mas é melhor que nada...
Como agora dispomos de muito tempo, podemos acompanhar o evoluir da
natureza, nesta fase bonita da Primavera.
Hoje fiz algumas fotos
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Um bocadinho da nossa horta...Á frente o diospireiro |
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Mais um bocadinho de horta.... |
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As framboeseiras floridas |

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Várias flores silvestres |
Termino citando Fernando Pessoa…
Às vezes ouço
passar o vento; e só de ouvir o vento
passar, vale a pena ter nascido.
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