domingo, 26 de abril de 2020
25 de Abril
25 de Abril de 2020
"Infelizmente,
não estou aí. Não haverá entrega de prémios nem descerei com vocês a Avenida
[da Liberdade, em Lisboa], mas esta tarde deixarei cravos vermelhos na janela e
cantarei, alto e bom som, a "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso".
(Chico Buarque)
Na impossibilidade de ouvir " Grândola…" cantada pelo Chico, deixo-vos com "Tanto mar" na sua versão origina,l cantada pelo próprio
Deixo também uma versão posterior.....
Que o Chico me perdoe o atrevimento mas resolvi improvisar uma letra para
o momento…
Não é a festa que sonhavas, pá
Mas haja esperança
Que depois vem a bonança
e “Abril” reflorirá
quinta-feira, 16 de abril de 2020
Um adeus a Luís Sepúlveda e a Maria de Sousa
E o meu irmão sabe muitas coisas.
Sabe, por exemplo,que um grama de pólen é como um grama de si mesmo,
docemente predestinado ao lodo germinal,
ao mistério daquilo que se erguerá vivo de ramos, de frutos e de filhos,
com a bela certeza das transformações, do começo inevitável e do necessário final, porque o que é imutável encerra o perigo do eterno,
e só os deuses têm tempo para a eternidade.
Sabe, por exemplo,que um grama de pólen é como um grama de si mesmo,
docemente predestinado ao lodo germinal,
ao mistério daquilo que se erguerá vivo de ramos, de frutos e de filhos,
com a bela certeza das transformações, do começo inevitável e do necessário final, porque o que é imutável encerra o perigo do eterno,
e só os deuses têm tempo para a eternidade.
Luis Sepúlveda in "As rosas de Atacama"
Não só os deuses...
Luís Sepúlveda partiu mas
permanece entre nós através da sua escrita, desde o Velho que lia
romances de amor, até à História da Gaivota
e do Gato que a ensinou a voar, com que encantou e continuará
a encantar, públicos de várias idades.
‘Carta
de Amor Numa Pandemia Vírica’,
Gaitas-de-fole tocadas na
Escócia
Tenores cantam das varandas em Itália
Os mortos não os ouvirão
E os vivos querem chorar os seus mortos em silêncio
Quem pretendem animar?
As crianças?
Mas as crianças também estão a morrer
Tenores cantam das varandas em Itália
Os mortos não os ouvirão
E os vivos querem chorar os seus mortos em silêncio
Quem pretendem animar?
As crianças?
Mas as crianças também estão a morrer
Na minha circunstância
Posso morrer
Perguntando-me se vos irei ver de novo
Mas antes de morrer
Quero que saibam
O quanto gosto de vós
O quanto me preocupo convosco
O quanto recordo os momentos partilhados e
queridos
Momentos então
Eternidades agora
Poesia
Riso
O sol-pôr
no mar
A pena que a gaivota levou à nossa mesa
Pequeno-almoço
Botões de punho de oiro
A magnólia
O hospital
Meias pijamas e outras coisas acauteladas
Tudo momentos então
Eternidades agora
Porque posso morrer e vós tereis de viver
Na vossa vida a esperança da minha duração
Posso morrer
Perguntando-me se vos irei ver de novo
Mas antes de morrer
Quero que saibam
O quanto gosto de vós
O quanto me preocupo convosco
O quanto recordo os momentos partilhados e
queridos
Momentos então
Eternidades agora
Poesia
Riso
O sol-pôr
no mar
A pena que a gaivota levou à nossa mesa
Pequeno-almoço
Botões de punho de oiro
A magnólia
O hospital
Meias pijamas e outras coisas acauteladas
Tudo momentos então
Eternidades agora
Porque posso morrer e vós tereis de viver
Na vossa vida a esperança da minha duração
Maria
de Sousa
3 de abril de 2020
3 de abril de 2020
segunda-feira, 13 de abril de 2020
Uma Páscoa diferente…
Em 2019, passámos a Páscoa em
Trás-os-Montes, na aldeia do meu marido.
Éramos 15…
Mas se nesta Páscoa não pudemos estar juntos como em 2019, as novas
tecnologias deram uma ajuda…Estivemos em rede aquém e além mar, com filhos, netos, primos, sobrinhos
Para mais tarde recordar, fiz um pequeno opúsculo, de que deixo capa e conteúdo
Era Páscoa e estávamos juntos
A mesa estava posta, aguardando,
coelhinhos da Páscoa vigiando
para que o dia irradiasse amor e harmonia,
as mãozinhas da Marta preparando,
raminhos de oliveira e alecrim
Pais, tios, primos e avós reunidos,
desejando que, florisse para sempre,
um jardim no coração de toda a gente
e que os tempo de paz jamais tivessem fim
Mas um inimigo espreitava sorrateiro,
pensando destruir o amor e todos os seus laços….
Sem armas à vista,
espalhou a pandemia, pelo mundo inteiro
esquecendo que há muito quem resista
e que o amor não se esgota em beijos e abraços.

quinta-feira, 9 de abril de 2020
domingo, 5 de abril de 2020
Um aniversário diferente
No passado dia 3, a minha neta Rita fez 18 anos. Tinha programado uma
festa bonita com família e amigos mas…
Também contava ter ido à Holanda num
passeio do colégio mas…
Tentámos que , apesar das circunstâncias, o dia fosse inesquecível. Com
fotos e textos que fui fazendo para ela ao longo dos tempos, construí um livro
que o avô montou , encadernou, etc
Chama-se Cumplicidades e a imagem
da capa “recorda” uma das nossas cumplicidades.

O que se passou a seguir serviu de tema para um “poemasito”.
Exposição de pintura…
Quero comprar-te esse quadro
–disseste-me decidida.
Não será vendido, mas dado,
respondi-te com ternura.
Mas o que eu quero é comprá-lo
e só com o meu dinheiro.
Muito bem, se aceitas pagar um
euro,
temos “negócio
fechado”.
E assim passou a ser propriedade da Rita e está exposto na parede em frente à porta do seu quarto
E assim passou a ser propriedade da Rita e está exposto na parede em frente à porta do seu quarto
Ao longo do livrinho vão sendo recordadas várias outras cumplicidades, mas a que mais me marcou foi a que transcrevo a seguir :
Em setembro de 2005[1], quando da apresentação de um livro da avó, ao chegar a casa, manifestaste a tua tristeza porque querias ser escritora, mas não sabias escrever… Fiz-te um desafio. Dizias o que querias escrever, eu escreveria e tu ilustrarias. Assim surgiu o livrinho “A minha neta contou-me”.

Seria importante não dizer nada, para ser surpresa no Natal. Para meu espanto, nada disseste, nem aos pais… Foi mesmo uma surpresa para todos, exceto para nós duas….
A partir daí, ao longo do tempo foram surgindo outros livrinhos, com o primo, mais tarde com o primo e o irmão e por fim com o primo, o irmão e a prima…
Outra cumplicidade surgiu com os espectáculos que começámos a fazer para a família, precisamente no Verão de 1975, tradição que temos mantido no tempo. À semelhança do que aconteceu com os livros, também nos teatros o número de atores foi crescendo no tempo e por vezes outros “atores” têm participado ( amigos, outros familiares...)- Todos os teatrinhos até ao verão de 2017(inclusive), ao todo 30, estão compilados em “Para mais tarde recordar (volume I). Os cinco que tiveram lugar posteriormente aguardam publicação num previsto segundo volume…

Mas voltemos ao aniversário da Rita.
Os primos brasileiros, que vivem no Porto há cerca de 2 anos, têm uma filha que é muito amiga da Rita. Partiu dela e de uma amiga da Rita, a ideia de fazer um vídeo coletivo com a participação da família e dos amigos, vídeo que lhe foi enviado às 0h no dia do aniversário. Para além disso, o meu filho Nuno (tio e padrinho da Rita) compôs uma música, para a qual também escreveu a letra, e mandou à Rita um vídeo com ele e o José tocando e a Marta cantando.
Também a família que vive no Brasil enviou vários vídeos de parabéns .
No dia, desabrochou um lírio no quintal, como que a celebrar a efeméride. O avô fotografou a Rita junto à flor.
A partir daí, ao longo do tempo foram surgindo outros livrinhos, com o primo, mais tarde com o primo e o irmão e por fim com o primo, o irmão e a prima…
Outra cumplicidade surgiu com os espectáculos que começámos a fazer para a família, precisamente no Verão de 1975, tradição que temos mantido no tempo. À semelhança do que aconteceu com os livros, também nos teatros o número de atores foi crescendo no tempo e por vezes outros “atores” têm participado ( amigos, outros familiares...)- Todos os teatrinhos até ao verão de 2017(inclusive), ao todo 30, estão compilados em “Para mais tarde recordar (volume I). Os cinco que tiveram lugar posteriormente aguardam publicação num previsto segundo volume…

Mas voltemos ao aniversário da Rita.
Os primos brasileiros, que vivem no Porto há cerca de 2 anos, têm uma filha que é muito amiga da Rita. Partiu dela e de uma amiga da Rita, a ideia de fazer um vídeo coletivo com a participação da família e dos amigos, vídeo que lhe foi enviado às 0h no dia do aniversário. Para além disso, o meu filho Nuno (tio e padrinho da Rita) compôs uma música, para a qual também escreveu a letra, e mandou à Rita um vídeo com ele e o José tocando e a Marta cantando.
Também a família que vive no Brasil enviou vários vídeos de parabéns .
No dia, desabrochou um lírio no quintal, como que a celebrar a efeméride. O avô fotografou a Rita junto à flor.
À tarde, os primos brasileiros que vivem no
Porto, vieram de carro até à nossa rua. Eles na rua, a Rita pais e irmão, nas janelas e nós, avós, no terraço, cantámos-lhe os parabéns.
Apesar de muito diferente da festa que esperava,
disse-me: Adorei este dia.
Termino com as três últimas páginas d o livro “Cumplicidades”
Termino com as três últimas páginas d o livro “Cumplicidades”
Animação de festas. Eis o próximo desafio.
Mais uma cumplicidade, desta vez com uma amiga.
Tens talento, experiência, muita força de vontade.
Eu que o diga….
Que seria dos nossas teatros de Natal e de verão,
sem a tua participação e a tua tenacidade…?

O tempo, voraz, fugia sorrateiro
e eu, distraída, sem dar conta
que de menina passavas a mulher.
Ainda há tão pouco pequenina,
brincando na casinha de bonecas que eu sempre sonhei ter…
Ainda há tão pouco criança,
ensaiando, graciosa, os primeiros passos de dança.
Avós privilegiados!
Acompanhámos de bem perto todo este teu crescer.
Ao escrever este texto, recordando tantos momentos
fantásticos que tu, o teu irmão e os teus primos nos têm proporcionado, emocionei-me várias
vezes. Senti-me imensamente privilegiada. E o teu avô partilha do mesmo
sentimento.
Obrigada, Rita.
Termino com o que escrevi em 10 de dezembro de 2004,dia em que a tua bisavó Vera, se vivesse, teria feito 84 anos.
Mensagem
Mãe, talvez neste momento,
de uma longínqua estrela me estejas a olhar.
Quando olho o céu procuro vê-la
mas não a sei distinguir entre as demais.
Podias mandar alguns sinais,
talvez por infravermelho ou por radar.
Manda uma mensagem para o Monte Palomar,
Quem sabe algum telescópio consegue captar.
Entretanto vou continuar a olhar o céu
De mim pouco ou nada há a dizer, mas talvez gostes de saber
que dei em escrever, escrevo poesias,
porém muito aquém daquilo a que, por certo, aspirarias.
Tenho, no entanto, uma notícia fabulosa para te dar:
és bisavó de uma menina, cujo olhar
tem um encanto tal, tem tal
magia, que nele eu vejo o teu.
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