No
passado dia 20, escrevi um texto a propósito das provas de
doutoramento do artista plástico, Domingos Loureiro. Terminei assim:
Tive
o enorme privilégio de ser aluna de Domingos Loureiro na Escola
Utopia, mas referir-me-ei a isso na próxima mensagem.
Não
foi na "próxima mas "numa próxima", esta
Creio
que já referi aqui mais que uma vez, o “acaso”que me levou à
pintura. Novembro de 2006, acabara de me aposentar e tinha que me"
reocupar". O meu filho mais novo, talvez porque ligado às
artes, já por várias vezes me sugerira que frequentasse uma escola
de joalharia, dado que desde há alguns anos, nos poucos tempos
livres, faço adereços reciclando materiais. Pensei que era a altura
de o fazer. Fui a uma aula para experimentar e, embora achasse muito
interessante, não gostei da forma agressiva como a monitora me
falava sempre que eu cometia qualquer erro. Mesmo assim resolvi
inscrever-me. Na vez seguinte, logo no início da aula quis pagar,
mas o dono pediu-me para o fazer no fim. A meio da aula, a dita
monitora “mandou-me” um berro tal que me assustei. Peguei nas
"trouxas" e não voltei à escola (nem paguei, obviamente).
Vinha muito incomodada quando passei pela porta da escola UTOPIA(à
época em Antero de Quental e agora na Rua da Alegria, 1910) e vi
anunciadas aulas de pintura. Decidi inscrever-me por um mês, no
pressuposto que seria apenas uma experiência que largaria ao fim
desse tempo. Mas fiquei. Porque o meu tempo disponível é muito
escasso, há dois anos tive que abandonar a escola. Fi-lo com muita
pena por várias razões: a simpatia dos donos, o bom ambiente entre
os colegas e de uma forma muito especial as qualidades artísticas,
didáticas, intelectuais e humanas do professor Domingos Loureiro a
quem muito devo.
Em
2/1/2011, escrevi neste blogue:
É
fantástico como nos podemos surpreender a nós próprios. Se há
quatro anos me tivessem dito que um dia iria pintar, limitar-me-ia a
emitir um sorriso de total incredibilidade; se para além disso me
dissessem que um dia iria expor obras minhas, daria uma gargalhada
muito sonora. E se me dissessem que a minha obra ia ser exposta além
fronteiras, então achava que o humor tinha ido longe demais…
Poderia
agora acrescentar: Se
para além disso me dissessem que
-
numa
exposição na Galiza, um quadro meu iria ser escolhido para o
cartaz e os folhetos de divulgação
talvez
respondesse, já um pouco agastada: acabou a brincadeira
Mas
há momentos em que passamos à hora certa no lugar certo, neste caso
a Escola Utopia com o Professor Domingos Loureiro. Para além dos
vários ensinamentos teóricos e técnicos, lançava-nos vários
desafios, o que para mim foi muito estimulante.
Vou
falar de dois deles
-
A
escola organizou uma visita à exposição Vieira da Silva, O
espaço e outros enigmas, na fundação EDP (Porto). Após a
visita, guiada por Domingos Loureiro, este lançou-nos o desafio de
pintar um quadro inspirado nas obra da artista. Alguns colegas
fizeram cópias, outros, como eu, recriámos.Eis o que eu pintei
O
professor sugeriu que fôssemos a uma loja de artigos de construção
civil e adquiríssemos algo, (custo máximo 5 euros) que à partida
nada tivesse a ver com arte, mas que teríamos que transformar em
“arte”. Não comprei nada. Escolhi pedaços de persiana que
andavam por uma anexo de minha casa. Foi esse trabalho, que acima
incluí, o distinguido com uma menção honrosa numa exposição
levada a cabo pelo ISEP.
Um
dos aspetos que mais me impressionou no professor, foi a sua
capacidade de “identificar” os aspetos mais relevantes de cada
aluno e adaptar as propostas de trabalho respetivas.
Quando
um dia lhe perguntei como conseguia fazer isso, respondeu-me
Lembra-se
que ao iniciar a aprendizagem da pintura, após a fase inicial do
desenho, pedi aos alunos que escolhessem um pintor para tentar
reproduzir uma obra sua. As escolhas dos alunos são pistas para o
trabalho futuro.
Eu
escolhi Paul Klee. Gosto muito das suas obras.
Aí
está o meu primeiro trabalho de pintura.
A partir daí foi-me sempre incentivando a criar as minhas próprias
obras ao mesmo tempo que ia diversificando materiais(acrílico,
aguarela, óleo, pastel seco, pastel de óleo, pigmentos vários,
nomeadamente café, telas, papel, contraplacado, madeira, tecido
...)
Nos
meus primeiros trabalhos sobre tecido usei antigos “saco da
azeitona”.
E
foram estes os últimos trabalhos que fiz na escola, dois dos quais
estiveram na exposição "Encuentros 4" anteriormente
referida
Após
deixar a escola tenho pintado muito pouco e os principais trabalhos
têm sido sobre tecido
Em
27 de Abril, fiz referência aqui à minha estreia na pintura em
roupa. Após vários ensaios pintei duas túnicas, uma para cada
nora e uma túnica e uma “écharpe” que levei a um casamento.
Ultimamente,
tenho aproveitado algum do pouco tempo livre para pintar “écharpes”.
Pintei duas: uma para mim e outra para oferecer no Natal
Nada
disto era previsível em 2006, nem por mim nem pelos que me conhecem.
Mas se o meu desempenho, ocasionalmente pode ter algum mérito,
devo-o a Domingos Loureiro.
( fotos tiradas com o celular)
TV guardo boas recordações do professor Loureiro, mas não tanto sobre a escola, onde achei o ambiente um pouco caótico e a aprendizagem desorganizadas. Em dois anos que lá estive, contam-se os quadros que tiveram intervenção do professor ou da escola, nunca me dei bem com a monitorização constante,preciso de espaço e continuidade. Na Paleta podia ir todos os dias e pintar um bocadinho, o quadro era feito todo numa semana e o prof estava sempre lá à tarde. Pagávamos metade, a utopia 'e cara. Pinto em casa quando me apetece e não ando com a casa às costas...
ResponderEliminarEu também não me dou com a monitorização mas, pelo menos no que me tocou, não a senti. Quanto ao ambiente um pouco caótico e desorganizado fazia-me lembrar até certo ponto o ambiente da ESBAP, que eu acompanhei de perto pois o meu marido, que iniciou o curso de engenharia química e passados três anos mudou para a arquitetura, só concluiu o curso quando já tínhamos os dois filhos.
ResponderEliminarAb
regina
Regina, há uns bons tempos que não passava por aqui mas, não te zangues, acho fantástico como continuas a fazeres o teu auto-elogio e nem sequer te dás ao trabalho de escreveres novo post, fazes copy/past dos anteriores e já está!
ResponderEliminarValha-te a Virgínia para alimentar o teu ego! Modéstia fica bem a qq um/uma...
Porquê tanta agressividade em relação a mim? O Fernando diz que a entende ...
EliminarMuito boa a pintura que fazes. Para tudo é preciso o primeiro passo. Ainda bem que estás a gostar.
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
Obrigada Graça.
ResponderEliminarComo disse, o meu mérito é pequeno. O grande mérito é do professor.
Gostei do tratamento por tu. Retribuo o elogio à pintura com aquele que já por várias vezes expressei, relativamente à tua poesia.
Ab
Regina