Ao fim do dia fomos para a Adeganha, aldeia do meu marido, à qual já me referi várias vezes e cuja igreja românica é referida por Saramago em Viagem a Portugal
Dormimos na Adeganha e na manhã seguinte passeámos pela aldeia inserida numa zona de fraguedo
granítico, rude e belo.
Seguimos então para Bragança, onde às 16 h se iria iniciar o 4º dia de Festival Literário e eu iria falar um pouco da minha última obra "Quando o mel escore nas searas"
Finda a sessão, um afilhado meu(de batismo e casamento) que vive em Bragança fez questão que fôssemos jantar a sua casa e o convite foi extensivo aos meus amigos. Receberam-nos com o carinho a que sempre me habituaram.
Após o jantar regressámos ao Centro Cultural onde foi prestada uma homenagem póstuma a Mário Péricles da Cruz (http://videos.sapo.pt/KvPGZ5sFV0j3lEu7P81j)
Era um tempo em que a cidade de Bragança recebia os estudantes de quase todo o distrito, uma vez que não havia estabelecimentos de ensino de grau superior ao primário nos outros concelhos.
Acontecia também que a maioria das famílias tinha sérias dificuldades económicas que não lhes permitia a compra, a dinheiro, dos livros e demais material escolar. Consciente dessas dificuldades, Mário Péricles da Cruz, facilitava a sua aquisição a crédito, sendo os pagamentos efetuados de acordo com as possibilidades de cada família. Isso permitiu a muitos estudantes prosseguir os seus estudos, o que não teria acontecido sem as facilidades concedidas.
Tal comportamento empresarial, impossível nos dias de hoje, aliado a um comportamento exemplar como cidadão e às qualidades excecionais de bondade e simpatia, granjearam-lhe um prestígio social de grande relevo que foi aumentando com o passar dos anos.
A área de encadernação, foi entretanto abandonada, passando a ser exercida no Patronato, para onde transitaram os empregados colocados nesse serviço.
As áreas mais desenvolvidas eram as de papelaria, livros e material escolar, sendo a vertente de livraria pouco desenvolvida, o que bem se compreende se atentarmos às condições sociais e políticas dessa época.
Mário Péricles da Cruz viria a falecer em 1972, passando a empresa a ser gerida por sua filha Maria Celeste da Cruz Machado, em colaboração com o seu marido Luís Emílio de Brito Machado, passando a intitular-se Livraria Mário Péricles da Cruz.
Nos primeiros tempos a orientação dos serviços prestados não sofreu grandes alterações, vindo, no entanto, a verificar-se uma grande viragem, com o desenvolvimento da vertente Livraria, tendo em conta a abertura política verificada, a instalação do ensino superior em Bragança e o aparecimento de estabelecimentos congéneres, mais virados para as áreas de papelaria, livros e material escolar.
Com o decorrer do tempo, a vertente Livraria foi de tal modo incrementada que, nessa área, era reconhecidamente a melhor Livraria de Trás os Montes e uma das boas livrarias do norte do país; com milhares de livros das mais diversas áreas do saber.
A sua clientela era a mais diversificada, incluindo muitos espanhóis da Galiza e da região de Leão que aqui vinham procurar obras dos melhores autores portugueses.
Em 2004, por imperiosos motivos de saúde e tendo em conta a realidade económica de então, entendeu-se dar por finda a atividade da empresa, gerando uma onda de consternação nos clientes que lamentaram o desaparecimento da Livraria onde se habituaram a encontrar livros de que precisavam.» [página de facebook Amigos da Livraria Mário Péricles]
O encontro terminou com uma conversa com Rentes de Carvalho e Sérgio Godinho, na sua atividade de escritor
Não encontraste o meu filho Zé numa rua em Bragança? Ele é juiz lá como sabes e gosta bastante, apesar de estar a 200 km de casa. Duvido é que ele tenha tempo para tertúlias - e mesmo que tivesse, duvido que fosse, embora ele sempre adorasse literatura.
ResponderEliminarAndo virada para romances ingleses e séries da TV britânica, que cada vez aprecio mais...
Abraço
Não sei porquê, tinha a ideia que o Zé estava em Macedo de Cavaleiros.
ResponderEliminarEu vivi em Bragança 8 anos (4ª classe e 7 anos do liceu). Adorei...
Gostei de saber que o teu filho também gosta. E agora em menos de 2h chegamos lá.... Quando os meus filhos eram pequenos a viagem demorava-nos entre 7 a 8 h. Era muito penoso...
Ab
Regina