terça-feira, 28 de abril de 2015
Mais um périplo pelas escolas...
No passado dia 17, a convite da “Delegada” (não sei se ainda é esta a
designação) do grupo de Físico-Químicas desloquei-me à Escola EB3/S de
Amarante.
Estive com várias turmas de 7º ano (em duas
sessões), a propósito do livro Pelo
sistema solar vamos todos viajar, livro que tinha sido trabalhado com os
alunos, numa perspectiva interdisciplinar , nomeadamente entre as disciplinas
de Português, Física/Química e Educação Visual.
Desloquei-me de autocarro. Esperavam-me na
estação de embarque/desembarque, a referida “Delegada” e uma colega de Artes Visuais. A Escola,
recentemente intervencionada ( ainda não estão concluídas todas as obras), é
muito agradável. Logo à entrada pude ver uma exposição de Artes Visuais, alguns
trabalhos evocando Amadeo Souza-Cardoso
As sessões decorreram muito bem, com os
alunos genericamente muito envolvidos, o que é sempre muito gratificante.
Na sexta-feira, a ESA recebeu a Dra Regina
Gouveia. Poesia e Física fundiram-se, como nas suas obras, perante os alunos de
7º ano, que se deixaram conquistar por experiências simples e surpreendentes.
Fui tratada com imenso carinho por todos, professores alunos e funcionários.
No fim da sessão ofereceram-me flores e uma "bandeja baguete" com a reprodução de um trabalho de Amadeo Souza Cardoso,
Almocei com as colegas de Física/Química e Educação Visual, Após o almoço regressei a casa,
na companhia das colegas que, muito gentilmente, me trouxeram de carro.
O mundo é pequeno. Logo que me foi
apresentada a colega de Educação Visual, achei que a conhecia de algum lado e
ela achava o mesmo em relação a mim.
Quando na viagem de regresso, referi que à
5ª feira exerço voluntariado no Hospital de Santo António, a colega disse. É
precisamente daí que nos conhecemos pois um dia
em que ali me desloquei com a
minha filha, foi a Regina que nos acompanhou.
No dia 21, a pedido da Porto Editora, fui a Cantanhede
onde estive com vários meninos do pré-primário ao 4º ano (duas sessões), a
propósito do livro Ciência para Meninos
em Poemas Pequeninos.
Pesquisando na NET, encontrei esta referência à visita
Navegando na Leitura, 2015
Três dias de atividades com alunos do 1.º
CEB e crianças dos Jardins de Infância do AELdF.
6 escolas, 14 sessões, muitas histórias
contadas e ouvidas. Livros, leitura, ciência...
Como se faz um livro? Qual a relação entre
a forma do livro e a sua história? Podem os livros contar histórias sem texto?
Que formas podem assumir os livros? Que histórias sobre o mundo podemos ficar a
conhecer a partir de poemas pequeninos que nos falam de ciência? Até onde
podemos pensar a partir dos livros?
Mais um modo de chamar os meninos e as
meninas ao livro e à leitura.
Apesar de não terem trabalhado o livro, as
crianças estiveram muito bem, especialmente na 2ª sessão. Na primeira o grupo
era muito heterogéneo, integrando alunos do pré-primário e do primário ou seja, dos 3 aos 9 anos, o que dificulta um pouco a interação.
Também aqui me ofereceram flores mas o que mais me tocou foi também a forma muito acolhedora com que fui recebida por todos.
No dia 27, ainda a propósito do mesmo
livro, fui a Castro Daire. Também aqui houve duas sessões com meninos do ensino
básico . Os alunos não conheciam o livro mas estiveram
razoavelmente interessados. Estranho foi o comportamento de alguns professores
que saíram sem se despedir, estavam com o ar de quem me estava a fazer um favor,
etc....
As sessões tiveram lugar na Biblioteca onde
a simpatia dos funcionários também não era de realçar...
Felizmente estes casos são a exceção e não
a regra.
A viagem de ida, pela A25, foi um pouco maçadora pois choveu todos o
tempo, às vezes com muita intensidade. Decidimos regressar pela A24 mas o
GPS, desatualizado, mandou-nos por estradas
antigas que em tempos percorri quando passeei por aquela zona.
Para mim não causou qualquer transtorno, pois
não tinha hora marcada para chegar e as estradas, embora fracas, são muito
bonitas, com vários troços ladeados de árvores, com as encostas cheias de tojos,
de urzes, etc
Ao ver estas encostas vieram-me à memória algumas quadras de um poema de Augusto
Gil que li em criança
Dorme, dorme, meu menino
Foi-se o sol, nasceu a lua.
Qual será o teu destino?
Que sorte será a tua?…
Riquezas tenhas tão grandes,
E tal bondade também,
Que ao redor donde tu andes
Não fique pobre ninguém.
Que a todos chegue a ventura:
Toda a boca tenha pão,
Toda a nudez cobertura,
Toda a dor, consolação…
Mas se o oiro é mau caminho,
– Antes tu venhas a ser
O pobre mais pobrezinho
De quantos pobres houver.
Andaremos à mercê
Dos génios bons e dos falsos,
Léguas e léguas a pé,
Rotinhos, magros, descalços…
E onde houver urzes e tojos,
Pedras que rasgam a pele,
Porei o corpo de rojos
– Passarás por cima dele!
( o poema poderá ser lido aqui, na íntegra, embora com
algumas pequenas diferenças)
Ontem, dia 27, fui à Marinha Grande, também
pela Porto Editora.
Logo ao entrar fui surpreendida, ainda no espaço exterior, com um cartaz de Boas Vindas.
Foram também duas sessões com meninos do 1º ciclo.
Os livros tinham sido trabalhados e havia vários desenhos das crianças, expostos nas paredes. Infelizmente, dado o pouco tempo disponível, não pude vê-los com a atenção que gostaria de lhes ter dispensado.
Eram muitos meninos e um pouco agitados, o que dificultou a interação, em particular com alguns extremamente interessados. Um deles, o Tiago, ficou até ao fim para eu lhe explicar mais em pormenor algumas das atividades.
Também aqui fui presenteada com vários mimos: um guia turístico da Marinha Grande, uma pecinha em vidro feita por alunos e uma professora, uma publicação do Museu do Vidro e outra da Casa- Museu Afonso Lopes Vieira. Desta última retirei um poema sobre o tojo, arbusto de que anteriormente falei a propósito da visita a Castro Daire.
No mato, assim, de rojo,
não sabe lisonjear…
É misantropo, o tojo.
Dá
flor; sabe florir,
- prova que sabe amar.
Somente, lá fingir
não sabe, nem mentir
para agradar.
Seus bicos ele enrista
no matagal marinho?
É certo: - e estão à vista.
As almas verdadeiras
não são como as roseiras:
a flor não esconde o espinho.
Lindo tojo silvestre:
fossemos nós assim!
Dás flor, e és rude. És mestre.
Cresce no meu jardim
Estas ações nas escolas podem cansar um pouco mas, genericamente, são muito gratificantes.
quinta-feira, 23 de abril de 2015
O Bico Azul
O Bico Azul é o título de um livro, escrito por J. Bernardino
Lopes e ilustrado pelo seu filho mais velho, Pedro Lopes.
Bernardino Lopes , licenciou-se em Física na FCUP e
começou por ingressar no Ensino Secundário, tendo sido meu estagiário, creio
que em 83/84. Professor muito empenhado,
passado pouco tempo fez Mestrado na Universidade de Aveiro, na área da Física Educacional. Na mesma área fez Doutoramento. Passou a fazer parte do corpo docente da UTAD, sempre
ligado a projetos de investigação na referida área. Tive o privilégio de
integrar as equipas de alguns desses projetos.
A nossa relação é, desde sempre, uma relação de amizade.
Fui ao seu casamento e, embora longe, fui estando ao corrente da sua vida familiar. Tem
quatro filhos e o mais velho seguiu a via das artes e já participou em várias exposições.
Estive presente numa delas, aqui no Porto, já há alguns anos.
Fui surpreendida (ou talvez não) pela edição deste livro, que me foi muito
gentilmente oferecido.
É o próprio autor que nos fala da génese do livro.
As ilustrações são muito bonitas e acompanham muito bem o texto que li de uma assentada.
Refere o autor que é
um livro para crianças mas que poderá ser lido por jovens e adultos.
Na minha leitura, a viagem de Mimi e Fifi pode ter sido
inspirada no mundo fantástico da Física Moderna, com espaço e tempo interligados,
com deformações do espaço-tempo (responsáveis pelo movimento dos corpos no cosmos), com "Wormhole" (“buracos
de minhoca”) e vários outros conceitos muito
complexos, mas com os quais a Física Moderna, tal como a Clássica, nos fascina.
(...)Essencialmente, as equações de Einstein
contêm, por um lado, informações sobre massa e energia e, por outro lado, as
curvaturas do espaço-tempo. Então, é possível manipular massa e energia e
verificar o efeito que têm na geometria do espaço-tempo, e determinar as
propriedades que essa configuração apresenta. A geometria do espaço-tempo está
para a teoria da relatividade geral assim como a gravidade está para a física
newtoniana. Mas, ao contrário de uma força, como na física clássica, é a
deformação do espaço-tempo que faz os corpos se movimentarem no cosmos.
(...) Esses
conceitos baseiam-se em interpretações
das teorias da relatividade restrita e geral, praticamente não contestadas na
comunidade científica.
Regressando ao livro, nada
melhor que disfrutar do texto e das imagens.
Creio
que poderá ser pedido à Livraria Traga - Mundos, em Vila Real, onde a apresentação
do livro teve lugar
domingo, 19 de abril de 2015
Obrigada Mariano Gago
Foi com surpresa e consternação que tomei conhecimento
da morte de Mariano Gago.
Mariano Gago é unanimemente considerado uma das figuras que mais fizeram pela promoção da ciência em Portugal
Para o físico Carlos Fiolhais, "há uma ciência antes de Mariano Gago, que era muito pequena, e uma ciência depois de Mariano Gago, que é muito maior".
José Mariano Gago foi o cientista de que
mais gostei na minha vida. Não: foi muito mais. Foi o ser humano que mais me
ensinou, escreveu Miguel Esteves Cardoso
Sobrinho Teixeira não hesita em classificá-lo como “um dos melhores ministros que houve em Portugal”.
Não sei desde quando possuo o manual Homens e Ofícios do qual deixo algumas páginas, que embora simples, são bem reveladoras da preocupação do autor em promover uma literacia científica a todos os níveis.








Devemos-lhe muito. Obrigada Mariano Gago.
segunda-feira, 6 de abril de 2015
Amapola
No dia 27 de Março rumámos a Trás-os-Montes,
levando conosco o meu neto José. A irmã só iria no dia seguinte com os pais,
para não faltar à aula de ballet, sábado de manhã. Com eles foi também um investigador
brasileiro que a minha nora conhece de projetos de investigação em comum. Aliás há cerca de um ano esteve cá durante 15
dias e ficou em minha casa. Este ano, como vem por um período de 6 meses, está alojado
numa residência universitária.
Os meus outros dois netos não puderam ir , pois as férias no Colégio Universal começam (e terminam) uma semana mais
tarde.
No domingo, após o jantar, regressaram filho, nora e o amigo, mas as crianças ficaram.
Com muita pena, regressámos
quarta feira pois na quinta eu tinha uma
consulta marcada no Santo António e na sexta a minha neta Rita fez anos.
Enquanto estivemos por lá demos longos passeios pelo campo pois estes meus netos estão habituados a andar muito a pé.
Por tudo isto, passámos a Páscoa no Porto.
Em Trás-os-Montes o tempo estava fantástico,
embora de manhã e ao anoitecer a temperatura baixasse bastante.
A exuberância da Primavera ainda não
atingiu o seu auge mas já se veem os campos floridos e algumas papoilas.
Logo que surgiam as primeiras papoilas, a minha mãe saudava-as cantando, com a sua
belíssima voz de soprano, a canção “Amapola” que deixo nas vozes de Nana Moskuri
e de Andrea Bocelli
Quando pesquisava na Net a canção Amapola, junto à seleção que fiz estava, também na voz de Andrea Bocelli, o Adeste Fideles
Adeste Fideles é uma das músicas mais
conhecidas no mundo. Foi composta pelo Rei D. João IV e era conhecida pelo Hino dos Portugueses.
Hoje, na época do Natal, canta-se em todo o mundo em louvor ao
nascimento de Jesus.
Diz o ditado que as conversas são como as cerejas, enleando-se umas nas outras.... Daí que a próxima referência seja o Concerto de Aranjuez, composto por Joaquim
Rodrigo, também ele
invisual como Andrea Bocelli
Rodrigo é considerado como um dos
compositores que mais popularizou a guitarra na música clássica do século XX, e o Concerto de Aranjuez é um dos expoentes máximos da música espanhola. Em Paris
estudou com Paul Dukas que o considerava como talvez o mais dotado de
todos os compositores espanhóis que já tinha visto chegar a Paris. Em Paris, Rodrigo conheceu pessoalmente Manuel de
Falla com quem estabeleceu uma sólida
amizade. Falla, que era membro da Légion d'Honneur, fez questão de que que, num concerto apresentado em sua
honra, houvesse para além de músicas
suas, trabalhos de colegas espanhóis
jovens, nomeadamente Rodrigo, que sempre
se mostrou grato pela oportunidade oferecida por Falla. E é com a dança ritual do fogo de Manuel de Falla, interpretada por Artur Rubinstein, que termino este "périplo" musical
A terminar a mensagem, regresso às papoilas com três quadros de pintores que admiro muito,
Klint, Monet e Van Gogh.
sábado, 4 de abril de 2015
Ele gostava era do cinema.
O título desta mensagem, fui buscá-lo ao comentário de João Botelho sobre Manoel de Oliveira
"O Manoel estava farto dos filmes – disso que agora só temos nos centros comerciais. Ele gostava era do cinema. Por isso, pegou nos filmes dele e levou-os para o céu”, defendeu o realizador d'Os Maias, reassumindo que lhe deve tudo".
Hoje fui à Casa das Artes ver Lisbon Story filme em que Wim Wenders foi conduzido pelas ruas da capital portuguesa pela mão De Manoel de Oliveira e pela música dos Madredeus.
Deixo dois pequenos excertos do filme, nesta minha modestíssima homenagem ao grande MESTRE.
Termino com um texto meu de 2010, destinado essencialmente ao público mais jovem e ainda não publicado,
Era uma vez …o cinema
Cinema é uma palavra com origem na
Grécia antiga
e
quer dizer movimento.
Desde
há muito, muito, tempo, já nos tempo das cavernas,
o
Homem tentou gravar, com desenhos e pinturas,
cenas
com movimento como a caça e a dança
e,
entre animais, uma briga.
Em
grutas e outros lugares ficaram para sempre gravuras
que,
pela
arqueologia, hoje são muito
estudadas.
Em
Portugal, junto ao Côa existem muitas gravuras,
são
diversas as imagens junto ao rio, em suas margens.
Figuras
humanas, equestres, e muitas outras que tais
como
cervos e bisontes, que andavam pelos montes
estão
nas pinturas rupestres que são pinturas murais.
Mas
há mais….
Com
o teatro de sombras, os povos orientais
simulavam
movimentos de coisas e de animais,
um guerreiro que lutava com um terrível dragão
e
um príncipe que salvava a princesa em aflição.
Também
a câmara escura, uma caixinha fechada
com
um pequeno orifício, divertia muita
gente.
Com
uma vela acesa à frente, na face oposta à furada
numa
imagem projetada surge, de pernas para o
ar,
uma
chama a oscilar
Daqui
à fotografia e ao cinema foi um passo.
Já
eram então conhecidos uns jogos bem divertidos,
jogos
óticos, chamados.
Objetos
desenhados, variando a posição
mas
dentro da mesma ação,
se
forem observados a seguir, rapidamente,
podem
dar
a ilusão de um movimento (aparente).
Se
num lado dum cartão figurar uma pereira
e
no outro lado uma pêra, desenhada e invertida
ao
rodarmos o cartão, vai parecer-nos que a
pêra
de
uma forma divertida, na árvore está pendurada.
As
imagens que nós vemos ficam durante algum tempo
retidas
na nossa mente.
Estamos
a ver a pereira e a pêra simultaneamente,
Como
tal, parece estar daquela árvore
pendente.
Foram
dois irmãos franceses, Lumiére de apelido,
que
inventaram o cinema usando a fotografia….
Hoje
é visto em toda a parte, corre pelo mundo inteiro,
e
chamam-lhe a sétima arte.
Assim
surgiu uma indústria que gera muito
dinheiro.
Após
o cinema nascer e nos primeiros trinta anos
os
filmes não tinham som. Dizia-se cinema mudo,
filmes
cómicos, geralmente, sempre muito divertidos.
Charlot,
um ator inglês um ator surpreendente,
era
muito conhecido.
Com
um bigode aparado e uma bengala na mão,
na
cabeça uma cartola, um fraque mal
ajeitado,
andando
com os pés de lado num papel de trapalhão
fazia
de quase tudo, fazia rir e chorar.
Hoje
há famosos atores e também realizadores.
Um
deles Manoel de Oliveira fica para sempre na história
pois
não existe memória de alguém assim, aos
cem anos,
bons
filmes realizar
e
ter ainda em seus planos, a obra continuar.
A
máquina de filmar, primeiro uma raridade,
é
hoje banalidade e é sempre divertido
vermos através dos filmes toda a nossa evolução.
Aquele
bebé despido sempre a chapinar na água
era
o tio Sebastião que hoje tem bigode e barba.
E
aquela pequenita que usava uma grande
trança,
era
a madrinha Ana Rita que hoje é a mãe da Constança.
Mas
filmar um grande filme, dos que passam em cartaz,
já
é bem mais complicado, nem toda a gente é capaz.
Podem
ser de animação, históricos, de ficção,
todos
eles, sem exceção, implicam dedicação,
estudo, imaginação, trabalho e custo elevado.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
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