E o meu irmão sabe muitas coisas.
Sabe, por exemplo,que um grama de pólen é como um grama de si mesmo,
docemente predestinado ao lodo germinal,
ao mistério daquilo que se erguerá vivo de ramos, de frutos e de filhos,
com a bela certeza das transformações, do começo inevitável e do necessário final, porque o que é imutável encerra o perigo do eterno,
e só os deuses têm tempo para a eternidade.
Sabe, por exemplo,que um grama de pólen é como um grama de si mesmo,
docemente predestinado ao lodo germinal,
ao mistério daquilo que se erguerá vivo de ramos, de frutos e de filhos,
com a bela certeza das transformações, do começo inevitável e do necessário final, porque o que é imutável encerra o perigo do eterno,
e só os deuses têm tempo para a eternidade.
Luis Sepúlveda in "As rosas de Atacama"
Não só os deuses...
Luís Sepúlveda partiu mas
permanece entre nós através da sua escrita, desde o Velho que lia
romances de amor, até à História da Gaivota
e do Gato que a ensinou a voar, com que encantou e continuará
a encantar, públicos de várias idades.
‘Carta
de Amor Numa Pandemia Vírica’,
Gaitas-de-fole tocadas na
Escócia
Tenores cantam das varandas em Itália
Os mortos não os ouvirão
E os vivos querem chorar os seus mortos em silêncio
Quem pretendem animar?
As crianças?
Mas as crianças também estão a morrer
Tenores cantam das varandas em Itália
Os mortos não os ouvirão
E os vivos querem chorar os seus mortos em silêncio
Quem pretendem animar?
As crianças?
Mas as crianças também estão a morrer
Na minha circunstância
Posso morrer
Perguntando-me se vos irei ver de novo
Mas antes de morrer
Quero que saibam
O quanto gosto de vós
O quanto me preocupo convosco
O quanto recordo os momentos partilhados e
queridos
Momentos então
Eternidades agora
Poesia
Riso
O sol-pôr
no mar
A pena que a gaivota levou à nossa mesa
Pequeno-almoço
Botões de punho de oiro
A magnólia
O hospital
Meias pijamas e outras coisas acauteladas
Tudo momentos então
Eternidades agora
Porque posso morrer e vós tereis de viver
Na vossa vida a esperança da minha duração
Posso morrer
Perguntando-me se vos irei ver de novo
Mas antes de morrer
Quero que saibam
O quanto gosto de vós
O quanto me preocupo convosco
O quanto recordo os momentos partilhados e
queridos
Momentos então
Eternidades agora
Poesia
Riso
O sol-pôr
no mar
A pena que a gaivota levou à nossa mesa
Pequeno-almoço
Botões de punho de oiro
A magnólia
O hospital
Meias pijamas e outras coisas acauteladas
Tudo momentos então
Eternidades agora
Porque posso morrer e vós tereis de viver
Na vossa vida a esperança da minha duração
Maria
de Sousa
3 de abril de 2020
3 de abril de 2020
Duas pessoas que marcaram a diferença neste mundo. Cada um à sua maneira. E vão fazer muito falta. Cada um à sua maneira. Guardemo-los no coração.
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Beijos.
Obrigada Graça.
ResponderEliminarSaúde também para si e para os seus
Bjs