Creio
já ter referido neste blogue, o quanto eu gostaria de saber tocar bem
um instrumento. Os meus pais, muito em particular a minha mãe, que
no Brasil foi solista num coro, gostavam muito de música. Cresci ouvindo
a minha mãe cantar canções napolitanas, árias de ópera ( Va
pensiero, La donna é mobile...), as Ave Maria de Gounod e de Shubert,
Barco Negro, Fascinação, Aguarela do Brasil, Ave Maria do
Morro, Funiculi, Funicula e muitas, muitas outras canções……
Até
aos 8 anos vivi numa aldeia onde não tinha possibilidade de
aprender música . Quando fomos viver para Bragança, a minha mãe
tentou arranjar-me um(a) professor(a) de música mas não
havia. Uns dois ou três anos mais tarde, começou a haver aulas de
acordeão numa casa de freiras
e fui aprender o dito instrumento que ainda hoje tenho. Nos
livros fui
encontrar várias das canções que a minha mãe cantava. Nas aulas
ia tocando mas em casa, preferia
brincar a treinar, pelo nunca toquei devidamente
Quando
passei para o 6º ano chegou ao Liceu de Bragança um novo Reitor.
Tinha o curso de violino e era casado com uma senhora que tinha o
curso de piano. Deu-me aulas aulas de piano no 6º e no 7º ano. Como
eu não tinha piano, não treinava em casa (presumo que se tivesse
também não treinaria) pelo que também aprendi pouco.
Durante esses dois anos, tive oportunidade de melhorar a minha
cultura musical. O referido reitor organizava sessões de música
clássica,umas no Liceu, outras na Pousada de S. Bartolomeu. A maior
parte dos alunos não gostava pelo que éramos poucos os que
assistíamos. Aprendi bastante nessas sessões.
Mas
regressando aos instrumentos musicais…
Após
o 7ºano ingressei na Faculdade e acabaram-se aulas de música….De
vez em quando tocava (mal) acordeão. Em 1978, o meu marido herdou
um piano que tinha sido da avó materna. Está na minha sala mas só o meu
filho Nuno faz uso dele. Eu, de vez em quando, “finjo que toco”…
Desde
cedo incentivei os filhos para a aprendizagem da música. O Miguel, com péssimo ouvido, aprendeu viola e cavaquinho mas, tal como eu,
toca pouco e mal.Foi, no entanto, um dos fundadores da Tuna de
Economia..
O
Nuno tem bom ouvido, boa voz (durante alguns anos integrou o CPO) e
toca razoavelmente viola, cavaquinho, ukulele e piano. Integra a
banda Proud
Credence e já participou em vários concertos no país.
Tentei
incentivar
os netos a
aprender música. A Rita teve lições de piano mas desistiu. Em
compensação é uma excelente aluna de ballet, que aprende desde os 3
anos. Nos vários interesses do irmão não entra a música…. Com os filhos do Nuno tive mais sucesso. A Marta, que tal como a prima tem aulas de ballet, tem também aulas de piano na Teclarte, onde o José aprende ukulele, ao mesmo tempo que vai tocando baixo, tendo como professor o pai. Por sugestão da
Teclarte, frequento também as aulas de ukulele do José,
sem ter que pagar mais. E já vou tocando mais
ou menos….
Uma
das últimas músicas que treinámos foi “I have a dream” dos
ABBA uma das música que iremos tocar num próximo concerto da escola.
Foi
esta música que inspirou esta mensagem.
Resolvi
investigar se o título tinha algo a ver com o famoso discurso de
Martin Luther King. Encontrei referência a várias músicas que foram
inspiradas no discurso, mas entre elas não consta a dos ABBA.
Provavelmente foi apenas o “plágio” do título
E
porque Luther King ficará para sempre na história, aproveito para
lhe prestar uma modestíssima homenagem
Em
1963 Martin
Luther King Jr. proferiu em
frente a uma plateia de mais de duzentas mil pessoas um
dos discursos mais célebres de sempre,considerado
um dos maiores na história, eleito em 1999 como o melhor discurso
estadunidense do século XX.
https://www.youtube.com/watch?v=gevdV4LvipQ
O
movimento pela cidadania, a força da cultura negra, a luta por
espaço e respeito foram capazes de levar milhares de pessoas às
ruas naqueles dias, num movimento que inspirou inúmeras canções ao
longo dos anos. Algumas incorporaram o sonho do discurso de
Martin Luther King Jr. de forma directa. Outras reflectiram o
contexto daqueles tempos revolucionários. Algumas fazem parte da
história. Aqui estão algumas:
Mathalia
Jackson – We
shall overcome
(Uma
das canções mais conhecidas da época do movimento dos direitos
civis. Foi interpretada por Mathalia Jackson e muitos outros cantores
da época)
Aretha
Franklin – Someday we’ll all be free
(A
liberdade era o grande tema da luta pela cidadania dos negros
americanos. Esta é a versão de uma dessas canções que aborda o
tema, interpretada por Aretha Franklin, e incluída no final do
filme Malcolm
X de
1992, realizado por Spike Lee)
Marvin
Gaye – Inner City Blues
(Uma
das canções que reflecte as precárias condições de vida na
América urbana, principalmente depois dos conflitos raciais que se
seguiram à morte de Martin Luther King Jr.)
Nina
Simone – Mississipi
goddam
(Muitas
das canções dos anos 1960 de Nina Simone captavam o espírito do
movimento pelos direitos civis. Esta é uma dessas canções que
parecem incorporar os dramas humanos num tempo de convulsão)
Billie
Holiday – Strange Fruit
(A
versão mais conhecida desta canção é a de Billie Holiday, com o
seu expressionismo vocal a condenar o racismo do Sul da América)
Michael
Jackson – History
(Ao
longo dos anos quase todas as celebridades negras da pop aludiram na
sua obra à figura de Martin Luther King Jr. Michael Jackson também
o fez na década de 1990)
Common
– I
have a dream
(Canção
de 2006 do rapper Common
que incorpora excertos do discurso de Martin Luther King Jr. no
Lincoln Memorial, propondo um rejuvenescimento espiritual)
U2
– Pride
(In the name of love
(Nas
décadas que se seguiram ao assassinato de Martin Luther King Jr.
muitos artistas criaram canções de tributo à sua vida. Esta é uma
das mais conhecidas)
Fingers
Inc. - Can
You Feel It?
(Editado
em 1988, esta produção de Larry Heard, é um dos temas fundamentais
da música house nos
seus primórdios, vindo a influenciar inúmeros DJ e produtores da
música electrónicas nas décadas que se seguiram)
Wray
Gunn – Soul
city
(Em
Portugal, os Wray Gunn, na faixa de abertura do álbum Eclesiastes
1.11 de
2010, também utilizam um excerto do célebre discurso de Martin
Luther King Jr.)
(dados obtidos in
https://www.publico.pt/2013/08/28/culturaipsilon/noticia/i-have-a-dream-as-cancoes-do-sonho-1604208)
Em outros sites encontrei referências a mais canções
inspiradas no discurso de LK, uma na voz de Solomon Burke , outra do compositor Herbie Hancock e uma outra interpretada pelo coro Luther King
Regresso à canção dos ABBA, numa interpretação do grupo e na voz de Nana Mouskouri. Deixo também a letra.
I
have a dream a song to sing
To help me cope with anything
If you see the wonder of a fairy tale
You can take the future even if you fail
To help me cope with anything
If you see the wonder of a fairy tale
You can take the future even if you fail
I believe in angels something good in
Everything I see
I believe in angels when I know the time
Is right for me
I'll cross the stream I have a dream
I have a dream a fantasy
To help me through reality
And my destination makes it worth the while
Pushing through the darkness
Still another mile
I believe in angels .....
Falar em sonho, transportou-me para Pedra Filosofal de António Gedeão e para Le rêve de Picasso. E assim termino esta mensagem
LeRêve (o Sonho), de Pablo Picasso, foi pintado em 1932 no estúdio do
artista em Boisgeloup, perto de Paris. A obra representa a amante de
Picasso, Marie-Thérèse Walter, então com 22 anos. Os dois
conheceram-se quando Marie-Thérèse tinha apenas 17 anos e morava
num apartamento defronte da casa de Picasso, então casado com Olga
Koklova.
Marie-Thérèse
contaria mais tarde os pormenores sedutores do encontro: “Tinha
ido fazer compras nas Galerias Lafayette e Picasso viu-me a sair do
metropolitano. Agarrou-me repentinamente pelo braço e disse-me:
‘Chamo-me Picasso. Nós os dois vamos fazer grandes coisas juntos'”
Le
Revê foi comprado em 2013 pelo financeiro norte-americano Steven A.
Cohen por 120 milhões de euros....)
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