Em 2011, a propósito do Dia dos Namorados, a Editora Gatafunho, com a qual trabalhava à data, pediu-me uma colaboração para o blogue
Esta noite
Termino com um belíssimo soneto de Vinicius, dito pelo autor
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes, "Antologia Poética"
Eis o que acabou por ser editado.
Em 2009 foi editado o Livro "Os Dias do Amor", uma recolha antológica de 365 poemas de amor de 365 poetas, feita por Inês Ramos. E porque amanhã é o dia dos namorados vamos incluir aqui dois poemas da antologia (…)
Fim das chuvas nas searas
Sobre as coisas diversas do campo a mesma luz terrestre
O meu amor vai regressar e eu estou feliz
Talvez de mãos dadas ou talvez sem dar as mãos
É impossível não pensar que amanhã caminharemos até aquela casa
Para ver como a cidade é bonita vista das montanhas
Ou para não ver como a cidade é bonita vista das montanhas
António Ladeira
Pesadelo
Não sabia quão grande era o amor
mas ao imaginar tê-lo perdido
foi de tal modo intensa a dor,
como um buraco negro foi tão densa
que tudo à minha volta era vazio.
Sem luz, sem qualquer crença,
tudo se tornou lúgubre, frio.
A vida ficara sem sentido.
Regina Gouveia
Sobre as coisas diversas do campo a mesma luz terrestre
O meu amor vai regressar e eu estou feliz
Talvez de mãos dadas ou talvez sem dar as mãos
É impossível não pensar que amanhã caminharemos até aquela casa
Para ver como a cidade é bonita vista das montanhas
Ou para não ver como a cidade é bonita vista das montanhas
António Ladeira
Pesadelo
Não sabia quão grande era o amor
mas ao imaginar tê-lo perdido
foi de tal modo intensa a dor,
como um buraco negro foi tão densa
que tudo à minha volta era vazio.
Sem luz, sem qualquer crença,
tudo se tornou lúgubre, frio.
A vida ficara sem sentido.
Regina Gouveia
Por sugestão minha foram também incluídos o poema que segue de Jorge Sousa Braga e um texto que escrevi propositadamente para os mais pequenos
Poema de Amor
Esta noite
sonhei oferecer-te o anel de Saturno
e quase ia morrendo
e quase ia morrendo
com o receio
de que ele não te coubesse no dedo.
Jorge de Sousa Braga
Um belo dia...
Um belo dia, uma raia
resolveu ir passear
e assim foi a flutuar,
lá desde as águas profundas,
onde costuma habitar,
quase até à beira mar
onde, se sabe, há perigos
sempre prontos a atacar.
Foi quando viu um peixinho,
lindo, lindo de encantar,
pendurado duma cana
que viera para o pescar.
Nadou então velozmente
para o fio ir cortar .
Ao peixinho, já cansado
de se tentar libertar,
quando a viu aproximar
pareceu-lhe ver um anjo
com as asas a adejar.
lindo, lindo de encantar,
pendurado duma cana
que viera para o pescar.
Nadou então velozmente
para o fio ir cortar .
Ao peixinho, já cansado
de se tentar libertar,
quando a viu aproximar
pareceu-lhe ver um anjo
com as asas a adejar.
Liberto daquela cana
que o tentara pescar,
tirou-lhe a raia o anzol
que ainda estava a magoar.
Cobriu-o com a barbatana
como se fora um lençol.
Levou-o então mar afora
para a sua casa no fundo
e o peixinho descansou
dormiu um sono profundo.
Sonhou com o Nemo e a Dora.
que o tentara pescar,
tirou-lhe a raia o anzol
que ainda estava a magoar.
Cobriu-o com a barbatana
como se fora um lençol.
Levou-o então mar afora
para a sua casa no fundo
e o peixinho descansou
dormiu um sono profundo.
Sonhou com o Nemo e a Dora.
A raia, quando o velava,
começou a perceber
que já estava enamorada.
Foi então que ele acordou
e ao ver o seu anjo ao lado
ficou logo enfeitiçado.
Foram nadar enlaçados
conhecer o mar inteiro.
começou a perceber
que já estava enamorada.
Foi então que ele acordou
e ao ver o seu anjo ao lado
ficou logo enfeitiçado.
Foram nadar enlaçados
conhecer o mar inteiro.
E eis que viram no mar
uma placa a anunciar
"14 de Fevereiro
o dia dos namorados".
uma placa a anunciar
"14 de Fevereiro
o dia dos namorados".
Regina Gouveia (inédito)
Ainda por sugestão minha foi incluída no referido blogue uma referência aos lenços de namorados
Termino com um belíssimo soneto de Vinicius, dito pelo autor
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes, "Antologia Poética"
Nunca liguei muito ao dia dos namorados, embora o tenha festejado com a minha filha uma vez em Inglaterra, outra em Esposende com jantar a luz das velas e champagne oferecido pelo hotel.
ResponderEliminarAcredito no Amor, mas acho que ele resiste a qualquer marcado, o Amor deve surgir inesperadamente, sem marcação, e os casais devem surpreender-se fora da época, do fim de semana ou das férias.
Os poemas são lindos, a tua histórinha um encanto.
O Amor subsiste mesmo quando as pessoas se separam, há nele algo de eterno que nunca se apaga, mesmo quando a distância é grande.
Bom Valentine Day!
Olá Regina
ResponderEliminarAté me fez gostar do Dia dos Namorados.
Um beijo.