1ª HAJA RESPEITO
No dia 7 de junho, uma festa com mais de cem pessoas num clube recreativo
em Odiáxere, Lagos, acabou por gerar um surto no concelho infetando várias
dezenas de pessoas com Covid-19,
incluindo crianças e pessoas que não estiveram presentes, mas foram infetadas mais tarde por quem participou.
Também na sequência de uma reunião de cerca de mil
jovens em Carcavelos, na noite do dia 19, ficaram infetadas várias pessoas.
(Factos
denunciados na comunicação social)
Na
sequência desta pandemia, os profissionais de saúde têm s sofrido física e
psicologicamente, pondo em risco as suas vidas, trabalhando horas a fio até à
exaustão, separados da família, por vezes com filhos pequenos…
Se o egocentrismo de muitos não lhes
permite ver além do seu umbigo, pensem que as atitudes perfeitamente
irresponsáveis põem mais uma vez em risco a vida destes profissionais bem como
a dos seus familiares próximos, nomeadamente pais, avós,..
2ª SOLIDARIEDADE
A par de atos totalmente egoístas e
irresponsáveis têm surgido também muitos gestos de solidariedade, movidos
porventura, por razões diversas
Há ainda a solidariedade de muita
gente anónima
A terminar deixo um vídeo que é
também, no fundo, uma prova de
solidariedade ao apontar dicas para melhor lidarmos com a pandemia
Finalmente vou citar alguns
excertos do discurso proferido, em 10 de junho, por D. José Tolentino de
Mendonça e que podem ler na íntegra,aqui.
Nestes últimos meses abateu-se sobre nós uma
imprevista tempestade global que condicionou radicalmente as nossas vidas e
cujas consequências estamos ainda longe de mensurar. A pandemia que principiou
como uma crise sanitária tornou-se uma crise poliédrica, de amplo espetro,
atingindo todos os domínios da nossa vida comum. Sabendo que não regressaremos
ao ponto em que estávamos quando esta tempestade rebentou, é importante, porém,
que, como sociedade, saibamos para onde queremos ir. No Canto Sexto d’Os
Lusíadas a tempestade não suspendeu a viagem, mas ofereceu a oportunidade para
redescobrir o que significa estarmos no mesmo barco.
O que significa estar no mesmo barco?
Permitam-me pegar numa parábola. Circula há anos, atribuída à antropóloga
Margaret Mead, a seguinte história. Um estudante ter-lhe-ia perguntado qual
seria para ela o primeiro sinal de civilização. E a expectativa geral é que
nomeasse, por exemplo, os primeiríssimos instrumentos de caça, as pedras de
amolar ou os ancestrais recipientes de barro. Mas a antropóloga surpreendeu a
todos, identificando como primeiro vestígio de civilização um fémur quebrado e
cicatrizado. No reino animal, um ser ferido está automaticamente condenado à
morte, pois fica fatalmente desprotegido face aos perigos e deixa de se poder
alimentar a si próprio. Que um fémur humano se tenha quebrado e restabelecido
documenta a emergência de um momento completamente novo: quer dizer que uma
pessoa não foi deixada para trás, sozinha; que alguém a acompanhou na sua
fragilidade, dedicou-se a ela, oferecendo-lhe o cuidado necessário e garantindo
a sua segurança, até que recuperasse. A raiz da civilização é, por isso, a
comunidade. É na comunidade que a nossa história começa. Quando do eu fomos
capazes de passar ao nós e de dar a este uma determinada configuração
histórica, espiritual e ética….
Ao citar Tolentino de Mendonça não
me move qualquer aspeto religioso pois não professo qualquer religião. Move-me
a admiração pela pessoa humana que se revela nos seus textos, nomeadamente na
sua poesia que já conheço há vários anos. Quase a terminar a mensagem, insiro um poema do autor
Há palavras que escrevemos mais depressa
o terror dessas palavras derruba
o passado dos homens
são tão pouco: vestígios, índices, poeira
mas nada lhes é desconhecido
as horas em que vigiamos o escuro
os sítios nenhuns das imagens
a ligeira mudança que resgataria
o abandono, todo o abandono
In Baldios
Termino com um vídeo interessante