Lá longe, nesse Brasil distante, faleceu hoje o meu irmão. Um dos filhos tinha chegado ontem a minha casa, acompanhado da mulher. Tentamos consolar-nos mutuamente mas, por mais que nos preparemos para estes momentos difíceis, nunca estamos preparados.
Eles saíram há pouco com o tio. Eu fiquei, porque em breve chegará o José da escola.
Tento encontrar algum conforto na poesia e na música
Horário do Fim
morre-se nada
quando chega a vez
é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos
morre-se tudo
quando não é o justo momento
e não é nunca
esse momento
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas
quando chega a vez
é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos
morre-se tudo
quando não é o justo momento
e não é nunca
esse momento
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas
Com os Mortos
Os
que amei, onde estão? Idos, dispersos,
arrastados no giro dos tufões,
Levados, como em sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos...
E eu mesmo, com os pés também imersos
Na corrente e à mercê dos turbilhões,
Só vejo espuma lívida, em cachões,
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos...
Mas se paro um momento, se consigo
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei vivem comigo,
Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também,
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
Na comunhão ideal do eterno Bem.
Antero de Quental, in "Sonetos"
arrastados no giro dos tufões,
Levados, como em sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos...
E eu mesmo, com os pés também imersos
Na corrente e à mercê dos turbilhões,
Só vejo espuma lívida, em cachões,
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos...
Mas se paro um momento, se consigo
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei vivem comigo,
Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também,
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
Na comunhão ideal do eterno Bem.
Antero de Quental, in "Sonetos"
A morte é um mistério. Ainda não consegui interiorizar que o grande amor da minha vida deixou de existir. Ando à procura de consolo na beleza da Natureza e já consigo passar um dia sem verter uma lágrima.
ResponderEliminarOs meus pêsames, Regina. Do coração.
Obrigada Virgínia.
EliminarSempre lidei mal com a morte mas não temos outros remédio senão aceitar.
No domingo passado fui a Lisboa estar com uma prima minha, bastante mais velha que eu, que ficou viúva há pouco tempo (o marido era conselheiro, Fernando Brandão Ferreira Pinto, e ambos viajavam muito em passeios com magistrados pelo que eventualmente até os poderás ter conhecido). Dos 3 filhos, um deles é Pró-Reitor na Católica em Lisboa e em conversa descobri que conhece o teu irmão Mário pois já fizeram juntos algumas intervenções a propósito do aborto. O mundo é pequeno...
Ab
Regina
O nome não me é estranho. Fiz vários passeios com magistrados e gostei muito. Que saudades !
ResponderEliminarBjinho
Lamento a morte de seu irmão. Foi bonita a homenagem com poemas e música.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Obrigada Graça. Não pude estar presente na apresentação do seu livro. Pedi que me guardassem um e lhe pedissem para mo autografar mas ainda não tive oportunidade de ir buscá-lo à Unicepe
EliminarBjs
Regina