Hoje,
25 de Abril, tomei de empréstimo um poema publicado aqui
Continuar Abril
Os
barcos têm sede: falta mar.
Os lenços não respiram: falta vento.
Que outro (a) mar das marés do teu olhar
me tragam ao país a que pertenço.
Os vidros têm fome: faltam cravos
assomados à janela do futuro.
Da teia dos meus dedos farei barcos.
Serão velas as palavras que procuro.
Hugo Santos
In: Armas de (a) mar. Lisboa: Ulmeiro, 1988
Os lenços não respiram: falta vento.
Que outro (a) mar das marés do teu olhar
me tragam ao país a que pertenço.
Os vidros têm fome: faltam cravos
assomados à janela do futuro.
Da teia dos meus dedos farei barcos.
Serão velas as palavras que procuro.
Hugo Santos
In: Armas de (a) mar. Lisboa: Ulmeiro, 1988
Quando
recordo o 25 de Abril de 74, vem-me de imediato à mente a marcha
militar do 25 de Abril
Recordo-me,
como se fosse hoje. Fui normalmente para o Liceu Alexandre Herculano,
onde lecionava. A meio da manhã a escola fechou, mas não se
sabiam ainda pormenores do que tinha acontecido. Golpe de
“progressistas “ou dos “ultras”?
Quando
se confirmou a primeira hipótese foi uma alegria espontânea e
contagiante. Peguei nos meus filhos,um com meses, o outro com dois
anos, e saí para a rua. A marcha ecoava por todo o lado…
O
ambiente era de festa. A este propósito recordo “Tanto mar” de
Chico Buarque(versão de 1975)
Sei
que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim
Mas
teria sido 25 de Abril para todos?
Em Vinte e zinco, Mia Couto “diz”, pela voz da adivinhadora
Jessumina
“Vinte
e cinco é para vocês que vivem nos bairros de cimento. Para nós,
negros pobres que vivemos na madeira e zinco, o nosso dia ainda está
por vir”.
É
certo que os cravos murcharam um pouco para todos….
Termino
com “Tanto mar” de Chico Buarque, numa outra versão da canção
acima referida (versão de 1978)
Foi
bonita a festa, pá
Fiquei contente E inda guardo, renitente Um velho cravo para mim Já murcharam tua festa, pá Mas certamente Esqueceram uma semente Nalgum canto do jardim Sei que há léguas a nos separar Tanto mar, tanto mar Sei também quanto é preciso, pá Navegar, navegar Canta a primavera, pá Cá estou carente Manda novamente Algum cheirinho de alecrim |
Foi bonita a festa. Vamos continuá-la com esperança.
ResponderEliminarO poema do Hugo Santos fica bem aqui.
Um bom dia.
Beijos, minha Amiga.
A Esperança não murcha, ela não cansa,
ResponderEliminarTambém como ela não sucumbe a Crença,
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança. (Augusto dos Anjos)
Bjs
Regina