Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


domingo, 29 de maio de 2016

Em defesa da escola pública

Toda a minha formação, desde a primária ao mestrado, foi feita na escola pública. 
Em Parada (Alfândega da Fé) iniciei a primária, em Bragança fiz a 4ªclasse e os sete anos do Liceu, no Porto a licenciatura em Físico Químicas e em Aveiro, o mestrado em supervisão na área das ciências. Genericamente encontrei professores empenhados (há sempre exceções), no Liceu de Bragança habituei-me a ter aulas com atividades experimentais desde cedo, a assistir a sessões de música clássica que o Reitor Lopes da Silva promovia na Pousada de S. Bartolomeu, a participar numa série de atividades desportivas. Fiz parte do teatro, danças regionais, etc, etc…
Toda a minha carreira docente se processou em escolas públicas(Liceu de Barcelos, Liceu Sá de Miranda em Braga, Liceu Alexandre Herculano no Porto onde fiz estágio, Liceu de Vila Nova de Famalicão onde efetivei , Liceu Carolina Michaëlis onde terminei a minha carreia aos 60 anos de idade com 39 anos de serviço. Paralelamente lecionei cursos breves na UTAD e na ESE do Porto, no âmbito da didática da Química.
Durante os 39 anos da minha carreira estive 31anos ligada à formação de professores, 24 como orientadora de estágio no ensino secundário e 7 como docente da cadeira de Didática da Física no Mestrado em Física para o Ensino(FCUP). 
Após a aposentação continuo a fazer (a título gracioso) sessões em várias escolas do país, desde o pré-primário ao fim do secundário.
Os meus dois filhos ( um licenciado em economia e outro com duas licenciaturas, arquitetura e engenharia civil e um mestrado na interface entre as duas áreas) sempre estudaram em escolas públicas. 
Tenho quatro netos: dois deles estudam numa escola privada e os outros na escola pública

Tudo isto para dizer que conheço razoavelmente bem a escola pública e considero que, genericamente, o ensino na escola pública tem qualidade.
Não quero com isto dizer que o não tem nas escolas privadas ( pelo menos em algumas). O que eu discordo é da política que, desde há alguns anos, se tem vindo a praticar , com muitos dos “famigerados” contratos de associação.
O vídeo que segue (https://www.youtube.com/watch?v=OgWCEWQe75k), evidencia bem a forma pouca séria como alguns casos foram tratados.



No passado dia 23 foi publicado  um texto, da autoria de João Maria de Freitas Branco,e que pode ser lido aqui https://www.publico.pt/sociedade/noticia/util-licao-1732679


Que o Estado tem a obrigação de formar, manter e assegurar o competente funcionamento de uma rede escolar pública de modo a garantir uma educação base acessível a todos, ou seja, gratuita e universal, é uma evidência em qualquer país moderno, democrático, civilizacionalmente desenvolvido. Evidente é também a obrigação estatal de garantir o direito de existência do ensino privado, sob variadas formas (cooperativas, colégios particulares, escolas tuteladas por instituições religiosas, etc.). Essa escola privada concorrerá lealmente com o sector público procurando conquistar alunos para os respectivos estabelecimentos de ensino, mediante a oferta de propostas/projectos pedagógicos aliciantes.
Não menos evidente é a ilegitimidade e a injustiça de o Estado financiar uma pequena percentagem de escolas privadas em regiões em que o próprio Estado assegura, com o dinheiro de todos nós, uma oferta que satisfaz por completo as necessidades locais, garantindo o acesso universal e gratuito à educação básica. Se na ausência de situações de excepção (carência de oferta) o Estado optasse por continuar a financiar, com o nosso dinheiro, um conjunto minoritário de escolas privadas, estaria desde logo a incorrer numa descabelada injustiça relativamente à imensa maioria dos estabelecimentos de ensino privado que não recebem nenhum financiamento público. Teria esta maioria (97%) todas as razões para vir manifestar-se ruidosamente contra o Governo, por indecente favorecimento de uns poucos – sendo talvez instrutivo saber quem são eles, esses menos de 3% de colégios privados. E também nós, cidadãos contribuintes, deveríamos protestar com igual veemência por utilização abusiva, ilegítima e danosa do nosso dinheiro.
O problema é sério e preocupante, por isso termino com um momento de humor retirado daqui




Já tinha terminad esta mensagem quando dei conta deste texto, colocado por Helena Damião  in De Rerum Natura


domingo, 29 de maio de 2016

"E se parássemos para pensar?": Não, não tem esse direito.

A jornalista Teresa de Sousa escreveu para o jornal Público de hoje um excelente artigo sobre a discussão, que nem devia ser discussão, do financiamento público a algunas escolas privadas e cooperativas, a que deu o título "E se parássemos para pensar?". Reproduzo abaixo uma parte substancial dele pela clareza da informação que presta e pelos argumentos a que recorre.
1. Há quinze dias, Manuela Ferreira Leite disse no seu comentário na TVI que não percebia qual era o problema da “guerra” entre os colégios privados subsidiados pelo Estado para suprir falhas do ensino público e a decisão do Governo de dispensar alguns.
Como o que disse ia contra a corrente, não sei se o seu pensamento ficou absolutamente claro. Mas é a mais pura das verdades que, mesmo assim, não impediu uma polémica em que já ninguém sabe exactamente o que está em causa. Se uma questão ideológica sobre a melhor forma de garantir a educação para todos (Estado ou a compra de serviços a privados) ou uma mera questão de interpretação da lei.
O ruído foi deixando o essencial de fora. Basta estar atento aos cartazes que aparecem nas manifestações para perceber que há nisto tudo uma enorme confusão. “Pago impostos, tenho direito a escolher a escola dos meus filhos”, resume perfeitamente a confusão instalada no debate.
Não. Não tem esse direito. Os impostos que pagamos são para manter um ensino público que garanta da melhor forma possível um princípio base das democracias europeias: a igualdade de oportunidades.
Sabemos que a realidade não permite cumprir totalmente este princípio, porque nele interferem problemas de discriminação social difíceis de resolver. Mas também sabemos que até se provar o contrário esta é a melhor forma de manter esse princípio.
Qualquer família é livre de escolher a escola dos filhos: pública e, portanto, gratuita; privada e, portanto, pagando as propinas devidas (...).
Vai restar alguma coisa desta gritaria sobre as escolas privadas que o Estado vai deixar de financiar? Duvido (...). 
2. A direita, com toda a legitimidade, inoculou no debate as suas ideias sobre o Estado, segundo as quais é preciso garantir o serviço, mas não o seu fornecimento, que pode ser integralmente privado.
É uma velha ideia que até pode parecer apelativa mas que, por alguma razão, ainda não foi levada até ao fim por nenhuma democracia europeia ou, sequer, nos EUA.
Qual seria a escola privada que estaria em condições de prestar o serviço de uma escola pública, por exemplo, num dos bairros mais pobres dos arredores de Lisboa, onde muitos dos alunos são de origem africana? Já fui a uma dessas escolas para falar da Europa e saí de lá com uma admiração enorme por quem a dirige e por quem lá ensina.
Poderiam ir todos inscrever-se no São João de Brito com as propinas pagas pelo Estado? Sabemos a resposta.
Essa liberdade de escolha de que tanto se fala esbarra com a vontade dos colégios privados e com profundas desigualdades sociais. O Estado teria de superar essa falha privada, abrindo as portas a serviços públicos feitos apenas para os pobres. Resultado? Teríamos de ir até outros continentes menos desenvolvidos para os encontrar.
Finalmente, os rankings mostram-nos que escola privada não significa melhor qualidade. Há de tudo (...). 
3. Vale a pena olhar para o que se está a passar na Suécia, um país que já tinha escolaridade obrigatória no final do século XIX e que, com os outros nórdicos, era dado como um exemplo de sucesso na educação.
O que hoje se sabe é que a Suécia caiu drasticamente nos rankings do PISA, obrigando a sociedade a fazer um grande debate sobre o que aconteceu. Pode haver muitas razões, mas uma delas está a merecer a máxima atenção.
Nos anos 90, o sistema foi reformado de alto a baixo, transferindo para as escolas privadas a totalidade do ensino, devidamente financiado pelo Estado. São as chamadas free schools(escolas privadas financiadas directamente aos alunos, que podem escolher a que quiserem), que o anterior Governo britânico (liderado por Cameron) andou a estudar in locopara seguir o mesmo caminho, mas que agora os resultados suecos estão a pôr em causa.
No Reino Unido, as free schools que já foram criadas não podem gerar lucro (e não consta que a cultura britânica tenha horror a tal coisa). Na Suécia podem. Dizia o ministro da Educação sueco, há já algum tempo, ao Guardian, que não haveria uma única causa para o fracasso, mas uma combinação que “ajudou a fragmentar o sistema escolar” e abriu as portas a uma maior desigualdade. “O sistema escolar não é um mercado em que cada um tem as mesmas possibilidades e a mesma informação”, disse ele. “Verificou-se que alguns pais, os mais educados e com maiores recursos, são quem tem a possibilidade de exercer a escolha”.
Estamos a falar de um país muito rico e muito educado.


sábado, 28 de maio de 2016

Breves....

No próximo dia 31 vou estar na Escola Carolina Michaëlis, desta vez com  com alunos do Secundário


No dia 4 vou estar em Bragança, onde decorre de 1 a 4 de junho o Festival Literário com as presenças de Rentes de Carvalho   e Sérgio Godinho





Há cerca de um mês acabei de ler de Rentes de Carvalho, Pó cinza e recordações escrito quando se aproximava dos 70 anos (está agora com 86).
"A caminho dos setenta. (…) A sopesar se me restam ainda cinco, dez, quinze anos, ou se amanhã - nunca hoje, sempre amanhã! - a Parca se canse de dobar o meu fio e o corte de uma tesourada.»


Termino com Sérgio Godinho



«A princípio é simples, anda-se sozinho,
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida:
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida:
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!

E é então que amigos nos oferecem leito,
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se e come-se se alguém nos diz bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida:
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!

Depois vêm cansaços e o corpo frequeja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso por curto que seja,
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida:
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!

E enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida:
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!

Entretanto o tempo fez cinza da brasa
outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa,
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida:
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida!»

quarta-feira, 25 de maio de 2016

O prémio...

No domingo fui a Trás-os-Montes pois na segunda feira ia um senhor cortar silvas numa propriedade que o meu marido tem na Adeganha (aldeia de que já aqui falei várias vezes). Fomos diretos à minha aldeia e passámos pela primeira vez no recém- inaugurado túnel do Marão. Fomos devagar mas, mesmo assim, a viagem durou 1 h e 45 min (quando os meus filhos eram pequenos a viagem era uma autêntica tortura de 6 h...).
Almoçámos na Parada e ao fim do dia fomos para a Adeganha onde dormimos. Na segunda feira  o senhor começou por cortar a imensa erva que tinha crescido no quintal e depois foi tratar das silvas, serviço que ainda iria continuar na terça.
Só que na terça (ontem)  tínhamos que regressar pois a entrega do prémio ao José foi nesse dia às 18h.
A entrega teve lugar na sala D. Maria II (edifício dos Paços do concelho) que podem visitar virtualmente aqui.
Para além do José, vencedor do 2º ciclo,  estava a menina vencedora do 3º ciclo, aluna da Escola Alexandre Heculano,  (no secundário não foi atribuído prémio porque o júri considerou que os trabalhos não tinham a qualidade necessária).
Foi uma cerimónia simples mas bonita. Aqui ficam algumas fotos da sessão presidida pela Vice Presidente da Câmara, Dra Guilhermina Rego.

Na última foto com a professora de Português e uma colega, Catarina,  que tem sido impecável com o José desde que  foi transferido para o Carolina. Como ele é muito distraído, telefona com frequência para ele e/ou  para mim a lembrar trabalhos que há para fazer, atividades etc. Foi isso que aconteceu com o concurso pois o José tinha-se esquecido de falar no assunto e foi a Catarina quem nos alertou.






 

Aqui https://vimeo.com/168250851, pode ser visto um vídeo breve.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

A notícia chegou primeiro ao Brasil...

Estava eu em Santos quando recebo uma SMS "parabéns pelo prémio do José". Não identifiquei o emissor vi apenas que se tratava de um telefone  96..... Pensei que seria engano mas resolvi ligar para o meu filho Nuno para saber se o José teria tido algum prémio. Disse-me que não sabia de nada e comentou "E por que razão te avisariam a ti e não a nós?".

Entretanto lembrei-me de que o José tinha participado um concurso promovido pela CMP. Os concorrentes deveriam escrever um conto que tivesse a ver com o Palácio de Cristal. Nessa altura imaginei que o mail poderia ter sido enviado pela bibliotecária da escola e, buscando nas teias da minha memória que nunca foi famosa, achei que o seu número de telefone começava por 96. Liguei para o nº  mas ninguém atendeu. Deixei uma mensagem de voz perguntando se se tratava da colega em causa e, em caso afirmativo,  se o prémio estava relacionado com  o tal concurso. Mas antes da resposta a confirmar os meus pressentimentos, recebi um telefonema do meu filho. Desculpa mãe. Tinhas razão. O José só agora chegou da escola e trouxe a informação de que foi o vencedor da VI edição do Concurso Literário de Escrita Criativa na categoria do 2º ciclo do ensino básico, promovido pelo programa municipal O Porto a ler.

Porto a ler premeia escrita criativa
in http://www.porto.pt/noticias/porto-a-ler-premeia-escrita-criativa
18-05-2016
A VI edição do concurso literário de escrita criativa voltou a premiar os estudantes com mais talento para a escrita.

A iniciativa insere-se no programa municipal "O Porto a ler" e tem como finalidade sensibilizar e desenvolver nos alunos o gosto pela escrita criativa e pela leitura. Este ano letivo, 2015/2016, teve como tema "O Palácio de Cristal", assinalando, assim, as comemorações dos 150 anos.

O concurso dirigiu-se aos alunos do 2º, 3º ciclo e secundário, divididos respetivamente em três escalões, tendo sido rececionados e validados 18 trabalhos individuais concorrentes.

Aos trabalhos candidatos do ensino secundário, o júri decidiu por unanimidade não atribuir prémio, por considerar que nenhum deles reunia as condições necessárias, de acordo com o estabelecido no regulamento do concurso.

Para felicitar todos os participantes e entregar os prémios aos vencedores, um tablet, irá decorrer uma sessão comemorativa nos Paços do Concelho em data a anunciar.

Info: Vencedores deste ano

2º ciclo do ensino básico: José Barroso Gouveia - aluno do 5º ano da Escola Secundária Carolina Michaëlis com o conto "Era uma vez...no palácio..."

3º ciclo do ensino básico: Beatriz Afonso Saraiva Brito Luís - aluna do 8º ano da Escola Secundária Alexandre Herculano com o conto "Rapto no Palácio de Cristal".


Quando começou a escrever o conto não quis que eu lesse (aliás quando estuda "comigo" e creio que em casa tem igual comportamento, não quer que estejamos ao pé dele e só no fim aceita que vejamos se há algo a corrigir). Já tinha uma ou duas páginas escritas quando me deixou ler. Naquela altura pareceu-me que começava de uma forma um pouco triste e expressei a minha opinião. "O conto é meu  e tu nem sequer sabes como vai continuar". Voltei a lê-lo num estado mais adiantado e pareceu-me que estava com uma estrutura muito interessante. Quando terminou felicitei-o. Acho que está muito interessante. Perguntou-me. Achas que posso ganhar? Respondi-lhe com cuidado mas com toda a sinceridade. Eu gosto, acho -o muito original,  tal como achei um conto sobre o Natal que escreveste ainda na escola do Bom Sucesso. Mas não cries muitas expetativas pois há com certeza muitos concorrentes e a probabilidade de seres o vencedor é muito pequena.

Por isso fiquei  surpreendida e feliz, essencialmente por ele.

A sessão de entrega de prémios, ainda sem data marcada,   ocorrerá nos Paços do Concelho. 

E isso fez-me recuar mais de 30 anos no tempo...
O pai sempre desenhou muito bem e foi tendo alguns prémios a nível de escola. Em dada altura, andava ele no 3º ano (EB1), a CMP promoveu um concurso  a nível concelhio. Os concorrentes deveriam apresentar um desenho sobre o Porto. O trabalho foi feito na escola pelo que não sabíamos de nada. 
Num determinado domingo, logo após o jantar e como foi sempre meu hábito, disse a ele e ao irmão que fossem colocar na pasta tudo o que precisavam para 2ª feira.
Passado pouco tempo ouço-o soluçar muito aflito. Pensando que se tivesse magoado entrei apressada no quarto e, entre soluços, entrega-me um envelope que tirou da pasta.. Lá dentro um cartão da CMP, anunciando que tinha sido o vencedor do concurso. A sessão solene de entrega dos prémio tinha sido na CMP, na véspera. 
Na segunda feira fui lá, deram-me o prémio lamentando que a criança não tivesse estado presente na cerimónia. 

Espero que desta vez tudo corra bem...

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Tantas léguas a nos separar...(conclusão)

De Avaré até Santos, de carro com o meu sobrinho Ricardo. Partimos à tarde e chegámos a Santos à hora de jantar. Este decorreu em casa da minha sobrinha Sílvia, com toda a família que vive em Santos, à exceção de um dos meus sobrinhos (filho do meu irmão) que estava fora e  só regressaria terça feira, ainda a tempo de nos vermos. O Ricardo também jantou connosco.
Da casa da minha sobrinha todas as aberturas têm vista para o mar.  Dos três filhos da minha irmã só ela teve descendência, um filho e já um neto que eu não conhecia e que é uma criança de uma simpatia inexcedível. Não estranha ninguém pelo que parecia que já nos conhecíamos há "muito"...



 Aqui com a minha irmã, o meu sobrinho Ricardo e as minhas duas sobrinhas, filhas da minha irmã, a Sílvia com o neto ao colo e a Sarita.


Aqui o Dylan ao colo do pai, ao lado da mãe.


 Aqui com a minha irmã, o filho Dino, o bisneto e o Ricardo.



 No dia seguinte, dias das Mães, e ainda com a presença do Ricardo, o almoço seria em casa da minha irmã, feito pela Teresinha (há mais de trinta anos ligada à casa).

Três gerações de mães, todas elas mães coruja,,,A minha irmã, a filha Sílvia, mãe do Conrad e avó do Dylan, filho da Marlui. A par das mães e do corujinha, a Sarita, tia avó coruja



Aqui a tia bisa com o sobrinho bisneto... e as "manas" com o filho e sobrinho..


Ao fim da tarde partiram quase todos. Ficámos eu, o meu sobrinho Dino que vive com a mãe, a minha irmã  e a minha sobrinha Sarita. As três estivemos a recortar, colar, etc preparando a festa do segundo aniversário do Dylan que teria lugar num salão de festas, no dia 10. Na tarde do dia seguinte eu e a minha irmã continuaríamos esta tarefa já que a minha sobrinha foi trabalhar.
Mas antes, por volta das 14h,  teríamos ainda a visita da prima Ana, que vive em S. Vicente, Santos. Veio algumas vezes a Portugal com o  marido, que faleceu há pouco tempo. Na impossibilidade de ir eu visitá-la (a minha irmã, uma fã do volante, neste momento não conduz por causa do seu estado de saúde) foi ela visitar-nos. Por volta das 16 h tivemos um lanche que a Teresinha preparou para nós e umas amigas da minha irmã que eu já conhecia.
Eu notava a minha irmã muito inquieta, sempre a olhar para o relógio. A dada altura saiu da sala e regressou um pouco perturbada explicando: Eu tinha preparado uma surpresa para ti e falhou.
No prédio vive uma senhora que foi uma acordeonista famosa no Brasil e a minha irmã tinha combinado com ela entrar às 16 h, a tocar "Coimbra é uma canção..."
A senhora, que é excessivamente calma, ficou à espera que a minha irmã lhe ligasse por volta das 16 h, apesar da combinação feita anteriormente de que às 16 ela irromperia pela sala dentro.
Quando a minha irmã ligou ela foi buscar o acordeão e nessa altura apercebeu-se que a alça estava solta pelo que irrompeu na sala, mas sem o acordeão.....

A minha irmã há já dois meses de cama com mais uma crise de uma doença do tipo Lupus, deveria estar deitada, mas todos herdámos do pai este frenesim que não nos deixa ficar parados. A muito custo, de vez em quando lá a convencia a ir para a cama e nessas alturas fazia-lhe companhia no quarto. E assim fomos pondo a conversa em dia... Saí algumas vezes para fazer compras nas imediações e uma vez para ir à praia.O prédio onde mora fica mesmo em frente ao mar, pelo que basta atravessar a avenida Bartolomeu de Gusmão, que se vê na foto da esquerda.






 




 Da janela da sala tirei, com o meu celular,  umas fotos do pôr do Sol mas ficaram muito fraquinhas





 No dia 10 às 7 h da tarde fomos para o salão  onde decorreu a festa de aniversário do Dylan


Dylan com o pai e os avós

O meu sobrinho Beto (filho do meu irmão) e a esposa 
As "manas" e o Paulo, sem a Sarita, que esteve sempre super envolvida na festa do sobrinho neto....Em cima da mesa um dos vinte "cestinhos"que fizemos para colocar em cada uma das mesas com guloseimas e que a Sarita "criou" inspirada nos palhaços Patati, Patatá.  

Esta dupla de palhaços tem enorme  sucesso junto dos mais pequenos.


No dia seguinte de manhã, a Sílvia e o marido iriam levar-me ao aeroporto em S. Paulo. Estava previsto ser o meu sobrinho Dino, sempre muito amável comigo, aliás como todos sem exceção,  mas já na festa estava com febre e muita tosse ( depois de eu vir foi-lhe diagnosticado o princípio de  uma pneumonia). Como era o dia da decisão sobre o caso Dilma, temia-se uma bloqueio das principais estradas, o que veio a acontecer mais tarde.  À cautela saímos cedo.
Nessa noite dormi muito pouco, apreensiva com este hipotético problema.
Como o voo era às 15, 50  fiquei bastante tempo no aeroporto. Quando tentei ligar para todos a agradecer o carinho e para Portugal a dizer que já estava no aeroporto, o meu "celular" bloqueou. Sem internet, sem telefone, não ligava nem recebia qualquer comunicação. Procurei um posto de internet de onde pudesse ligar, como acontece no aeroporto Sá Carneiro e muitos outros, mas disseram-me que não havia. Nada pude fazer. Almocei no aeroporto uma empanada de palmito, muito gostosa, gastei os últimos reais e  vim. Contrariamente à viagem de ida, a de regresso não foi muito agradável. Na ida o voo foi direto Porto- S. Paulo. No regresso fiz escala em Lisboa.Na ida fiquei ao lado de uma janela se sem ninguém ao meu lado. Tentei fotografar o pôr do sol no mar e apesar de não mostrar a beleza do fenómeno, acho que a foto ficou interessante


No regresso fiquei na parte central, juntamente com mais três pessoas,uma delas aparentando mais de 80 anos que, pobre senhora,  tossiu todo o tempo, uma tosse cavernosa, muito incomodativa.
Na ida vi dois bons filmes embora não me recorde quais. Na vinda, só a partir do meio da viagem é que o sistema de vídeo funcionou. Deu para ver  Youth (legendado) de que gostei muito.
Ainda comecei a ver The dressmaker mas estava dobrado em "brasileiro" e com muito mau som pelo que desisti.
Enquanto aguardava a ligação em Lisboa, lembrei-me de tirar a pilha do "celular" e voltar a colocá-la. Funcionou lindamente, mas tarde demais....No Porto o meu marido estava à minha espera.
Praticamente sem dormir há duas noites, decidi deitar-me logo que cheguei a casa. Nessa altura toca o telefone. Um SOS. O José estava com muita febre pelo que à tarde viria cá para casa. Ainda dormi umas horitas, o suficiente para acordar descansada.

Termino esta mensagem agradecendo a todos o imenso carinho com que me acolheram no Brasil.



PS-Quando ainda estava no Brasil recebi uma notícia muito agradável em relação ao José. mas isso será tema de uma nova mensagem.


terça-feira, 17 de maio de 2016

Tantas léguas a nos separar...(cont)

Na  mensagem anterior referi que seguiria para Avaré onde os meus primos me foram levar.
Chegados à Praça Juca Novais, onde o meu irmão mora num casa muito bonita dos princípios do século XX que pertencia aos pais da minha cunhada, logo a avistei  no patamar, com o seu ar doce e sereno, agarrada a um andarilho, fruto de uma série de fraturas resultantes de tombos, o último relativamente recente.



Depois de a cumprimentar, dirigi-me  ao escritório onde o meu irmão passa bastante tempo. No caminho encontrei a Margarete que trabalha na casa há não sei quantos anos.
Passada a emoção do reencontro falou-me da gravidade do seu estado de saúde referindo que a partir daquele instante não se falaria mais no assunto.
Encontrei-o muito abatido fisicamente mas com o ânimo, o humor  e a vivacidade que o caraterizam.
Passado algum tempo chegou a minha sobrinha Marisa que mora também em Avaré. Para além de lecionar na Faculdade de Educação Física da cidade, trabalha em um ou dois centros  nessa área.
Como também referi na mensagem anterior, o meu irmão fez questão que os meus primos (pelo lado materno) almoçassem lá em casa. Não se conheciam mas foi como se conhecessem desde sempre. Em comum,o sentido de humor do meu irmão e do meu primo. A dada altura falou-se na atividade da minha sobrinha, no âmbito da natação, e eu referi que a minha prima tinha sido medalhada n vezes (ver  mensagem anterior). A minha sobrinha olha-a fixamente e pergunta: Não fez parte da seleção.... nos jogos...em S. Paulo em 19,...? Perante a resposta afirmativa da minha prima, perguntou " Não foi medalha de ouro?"
Perante nova resposta afirmativa veio a surpresa. "Quem lhe pôs a medalha fui eu, ao tempo uma jovem atleta". Numa cidade com cerca de 20  milhões de habitantes esta coincidência é surpreendente...
Após o almoço os meus primos regressaram a S. Paulo e o meu irmão quis que eu fosse visitar a Represa.

Quando estive lá em 2013 havia já algumas casas na zona da represa, nomeadamente uma dum cunhado do meu irmão, onde fomos passar um dia. O meu irmão tinha comprado ali um terreno num condomínio que se estava a iniciar. Desta vez quis que eu fosse ver a casa  que ali construiu (projeto seu bem como o de outras casas ali existentes). Antes de se ter agravado o seu estado de saúde, ia ali com muita frequência mas nos últimos tempos deixou de ir.
A minha sobrinha foi connosco para evitar que o meu irmão tivesse que conduzir. Aqui ficam algumas fotos






 Regressados a Avaré fomos os dois a uma feirinha na praça, mesmo em frente à sua casa. Fomos comer pamonha ( que a minha mãe fazia divinamente) e tomar garapa.

Após o jantar ( que por opção foi apenas fruta) chegou, acompanhado pela mulher,  o médico que operou a minha cunhada, É o maior amigo de um dos meus sobrinhos (que vive em Santos) e tem uma consideração enorme pelo meu irmão e pela minha cunhada.
Juntos fomos de novo à feirinha para eles comprarem pamonha.
Aproveitando uma oportunidade em que o meu irmão se afastou, perguntei-lhe pelo seu estado de saúde e ele confirmou o que já sabia. É grave mas ele vai disfarçando, inclusive as dores que por vezes o atormentam. Terminou dizendo Mas hoje não pensemos nisso. Ele está feliz...
 A minha cunhada foi deitar-se e nós ficámos ainda algum tempo à conversa. Tínhamos intenção de ver um filme( é o hobby do meu irmão todas as noites) e eu até já tinha escolhido "O piano" um dos inúmeros vídeos da sua coleção. Mas ficámos à conversa longo tempo e eu acabei por me ir deitar.
 De madrugada chegou o meu sobrinho Ricardo que vive em Curitiba mas que passa a vida a viajar por razões profissionais. É engenheiro sanitário numa empresa com ligações a vários países onde vai dar  assistência. Desta vez estava no Brasil, no Rio, mas foi buscar-me a Avaré para me levar a Santos, o último ponto da minha viagem.
Antes da partida tirámos umas fotos à porta de casa(irmão, cunhada, sobrinho Ricardo, sobrinha Marisa)


Parti com o coração apertado mas, apesar de tudo, feliz pelo reencontro.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Tantas léguas a nos separar, tanto mar....

Tendo como mote  este excerto de Tanto Mar de Chico Buarque escrevi um poema que, juntamente com uma foto nossa, levei aos meus irmãos

Tantas léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Chico Buarque

Águas revoltas e águas paradas,
cabos, falésias, ilhas,  ilhéus,
baías, angras 
e por cima os céus.
Tantas léguas a nos separar
tanto oceano, tanto mar…
Mas um outro  se lhe sobrepõe,
o mar do amor e do afeto
que consegue transformar 
o longe em perto

Regina Gouveia        Maio/2016


São muitas léguas a nos separar e se em tempos atravessávamos o oceano nos dois sentidos, permitindo que as separações não fossem tão longas, hoje a precariedade de saúde dos meus irmãos torna os encontros mais difíceis.
Fui e já vim porque não podia ficar mais tempo.
Saí daqui dia 3 e passadas 10 h de viagem aterrei em S. Paulo (20,50, hora local) onde me esperavam uns primos do lado materno. Passei com eles dois dias. 
É uma família com um currículo desportivo invejável. A mulher do meu primo foi nadadora de alta competição, participou nos jogos olímpicos de Tóquio foi vice campeã da América Latina, etc,etc,etc
As duas filhas,  foram campeãs uma de volleyball e a outra de saltos ornamentais(em piscina). O filho foi campeão de remo. Uma netita com 12 anos já tem também um desempenho notável no volley, seguindo as pegadas da mãe. 

O andar deles, que eu já conhecia de visitas anteriores, situa-se num local belíssimo. Trata-se de um condomínio fechado com imensos espaços verdes. O espaço onde se situa o condomínio, bem como um bosque que fica mesmo ao lado faziam parte de um espaço enorme, pertença  da família  Matarazzo. Uns descendentes vivem ainda numa mansão junto ao referido condomínio. 

Espaços verdes no condomínio


Vista da janela do meu quarto (todas as aberturas têm rede por causa dos inúmeros pássaros que esvoaçam pelo jardim)
 Já no bosque ao lado do condomínio



No dia seguinte à minha chegada, grande parte da minha família materna, agora só já três gerações reuniu-se em casa destes meus primos num encontro pelo de carinho. 



Como duas das minhas primas são "designer"uma delas ofereceu-se para, no dia seguinte, me levar a conhecer parte do museu de arte urbana, ao ar livre. Os meus primos foram também e aproveitámos para entrar no MASP cujo exterior eu já conhecia de visitas anteriores.


"O MASP é uma das mais importantes instituições culturais brasileiras. Projetado pela arquiteta  Lina Bo Bardi, Localiza-se na Avenida Paulista. É um dos mais populares ícones da capital paulista, famoso pelo vão de mais de 70 metros que se estende sob quatro enormes pilares."
Após a visita ao MASP fomos encontrar-nos com a referida prima que trabalha ali perto. Com ela fomos visitar, na Vila Madalena, uma pequena amostra da arte urbana de S. Paulo
Deixo algumas fotos e um vídeo retirado da NET














Após a visita fomos almoçar perto do edifício onde trabalha a minha prima  que, após o almoço, regressou ao seu trabalho



Não tenho por hábito visitar cemitérios mas como estávamos perto do cemitério onde está sepultada a minha avó materna, fomos até lá. 
Está no jazigo da família destes meus primos (família Pistilli, de origem italiana)  juntamente com uma filha e um genro (pais do meu primo que tenho vindo a referir) e demais membros da referida família


O cemitério tem obras de arte belíssimas algumas das quais podem  ver aqui (não estão, no entanto, algumas das que eu achei mais bonitas). Uma que achei muito bela pelo simbolismo foi esta 


"Base tumular em granito cinza retangular e de forma retilínea. Sobre essa base, em bronze é retratada uma família que foi interrompida pela morte. No cenáculo aparece uma grande mesa com um pão no centro representando a fartura. Do lado direito, sentado sobre um banco está a figura do pai, prostrado e com o corpo arqueado para a frente, mantém os braços apoiado sobre a mesa e com as mãos quase juntas, como se fizesse uma prece. Os seus ombros relaxados e caídos pelo grande momento de dor que está passando, da mesma forma expressa a sua face. Sentado ao seu lado, uma criança, representando o filho, ainda pequeno e de calças curtas, com a cabeça abaixada e apoiada sobre os braços na mesa, expressando o mesmo sentimento que o pai. Na outra ponta da mesa, existe o banco vazio representando a ausência de um ser querido, a esposa e mãe. Abaixo da base tumular está a entrada do tumulo, com um portal em bronze decorado." 

O cemitério é enorme e para visitar os túmulos, circula-se lá dentro de carro.


No dia seguinte partiria para Avaré, cidade onde vive o meu irmão. Estava previsto um sobrinho ir buscar-me mas os meus primos fizeram questão de me ir levar, alegando que assim estávamos mais umas horas juntos.
O meu irmão insistiu para que os meus primos almoçassem lá em casa (as insistências do meu irmão são ordens). Não se conheciam mas foi um encontro muito agradável e com uma surpresa de que darei conta na próxima mensagem.