Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Ainda a Semana da Ciência e da Tecnologia

Na passada sexta feira e integrada na Semana da Ciência e Tecnologia teve lugar na Biblioteca da Escola Carolina Michaëlis, uma sessão com alguns jovens investigadores da Unidade de Investigação: CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde a propósito do  PROJETOIoGENERATION
Na dinamização da sessão estavam duas psicólogas, um biólogo, uma jovem das ciências da Nutrição e mais um outro jovem, creio que também desta última área. O grupo, sediado na Faculdade de Medicina da UP,  é multidisciplinar integrando ainda outras áreas como gestão, medicina, informática, etc

O iodo é essencial à síntese das hormonas tiroideias e estas são cruciais para o neurodesenvolvimento. Níveis inadequados de iodo na dieta conduzem a um forte e decisivo comprometimento cognitivo, constituindo um grave problema de saúde pública. A nível mundial, um em cada três indivíduos apresenta carência em iodo. Em Portugal os dados referentes a estas matérias são escassos e dispersos. A deficiência em iodo pode comprometer o QI em 13 pontos, com implicações óbvias para o desenvolvimento económico dum país. Desta forma, e em alinhamento com políticas da DGS e da DGE, em concreto do Programa Nacional de Promoção de Alimentação Saudável, este projeto tem como objetivo principal a caracterização do estado de iodo numa população de crianças (6-12 anos), da região Norte do país, estudando em paralelo índices de performance cognitiva e outros parâmetros de neurodesenvolvimento. Desta forma, o projeto segue 3 linhas: (1) avaliação da iodúria em crianças do ensino básico; (2) comunicação dos resultados com indicação de estratégias políticas de intervenção; e (3) monitorização das estratégias políticas nacionais, como o da recomendação do uso de sal iodado. ~


Pesquisei  na NET vídeos de divulgação sobre a importância do iodo no organismo. Não encontrei nada especialmnete interessante, de qualquer modo deixo ficar os que seguem

https://www.youtube.com/watch?v=IRrAody0GYo

https://www.youtube.com/watch?v=MnTizFtHMAA




sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Semana da Ciência e da Tecnologia,

A Semana da Ciência e da Tecnologia, iniciativa que tem lugar em vários países do mundo é, em Portugal, uma iniciativa da Ciência Viva(Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, que tem como associados instituições públicas e laboratórios de investigação) a que ficará sempre associado o nome de Mariano Gago. Em curso desde 1997, inclui sempre o dia 24 de Novembro, Dia Nacional da Cultura Científica, e que comemora o nascimento de Rómulo de Carvalho. 

Nessa semana sou geralmente bastante solicitada pelas escolas e o presente ano não foi exceção. Como sempre, exploro alguns textos dos livros e faço algumas atividades muito simples que permitem explorar conceitos científicos ali implícitos. 


Na segunda feira estive no Externato Paraíso dos Pequeninos em quatro sessões com as crianças do 1º ciclo, um dia cheio de surpresas que culminou com uma entrevista conduzida por alguns alunos e que podem “ver” aqui.

A caixa que se vê no vídeo, foi um trabalho das crianças do 4º ano. Dentro continha um conjunto de trabalhos em tamanho A3, feitos pelas crianças do referido ano e um CD (capa em baixo) com poemas do livro Ciência para meninos em Poemas Pequeninos, lidos por alunos do 1º e do 2º ano



Do 3º ano recebi dois livrinhos. De cada um deixo a capa e um dos textos “em representação” de todos. Recebi ainda um marcador feito por um menino



Na terça feira com o livro Breve História da Química, estive no Agrupamento de Escolas Vallis Longus, onde já é costume ir.


Foram três sessões para alunos o 3º ciclo, cada sessão com duas turmas.
Os alunos estiveram bem muito em especial numa das turmas em que vários alunos ficaram no fim a colocar questões.
No fim, os colegas que são sempre extremamente gentis, ofereceram-me um conjunto de postais e marcadores alusivos à região de Valongo. O próprio envelope que continha o postais é decorado com motivos alusivos . 



Na escola há uma núcleo de fotografia dirigido pelo fotógrafo José Manuel Soares 
Ofereceram-me ainda uns pequenos sabonetes artesanais, feitos na escola, com a forma de trilobites.

Na quarta feira, 25 de Novembro, logo pela manhã fui à Biblioteca da Escola Carolina Michaëlis para onde já há algum tempo estavam agendadas duas sessões. 


A primeira para uma turma de 6º ano com o livro Pelo Sistema Solar vamos todos viajar e a segunda para os alunos do 1º ciclo, com o livro Era uma vez….ciência e poesia no reino da fantasia. Logo na primeira sessão tive uma surpresa quando, a par da turma de 6º ano, vi os alunos de 5º A, turma do meu neto. A professora de Português, que eu não conhecia, resolveu levar também os alunos. Foi uma boa surpresa. Após as duas sessões, visitei uma exposição dinamizada pelo grupo de Biologia/Geologia essencialmente constituída por minerais e peças à base dos mesmos, para venda. Esta exposição/ venda teve lugar também em Novembro de 2014 e, eventualmente, em anos anteriores mas só me apercebi a partir do momento em que o meu neto passou a frequentar a escola e, consequentemente, eu passei a ir lá com alguma frequência
À tarde fui à Escola Básica da Constituição que também pertence ao Agrupamento de Escolas Carolina Michaelis. Ali, os alunos de 2º ano “brindaram-me” com a representação do texto “Era uma vez ....um ecoponto” do livro Era uma vez….ciência e poesia no reino da fantasia.
Ontem, 26, continuando em Escolas do referido Agrupamento, pela manhã estive na Escola Básica do Bom Pastor, em duas sessões.
Na primeira sessão estiveram alunos de duas turmas que tinham trabalhado textos distintos,   textos  do livro Ciência para Meninos em Poemas Pequeninos e Era uma vez... um ecoponto. Relativamente a este texto fizeram uma série de desenhos que me entregaram,  encadernados. 


Na impossibilidade de colocar todos os desenhos escolhi um que melhor ilustra um excerto do poema de que transcrevo a seguir alguns versos
Esta é a história de um ecoponto
ali na esquina da rua que com o largo confina.
Ao sol, à chuva, às geadas, respirando ar poluído,
fustigado pelo vento, lá vai passando o seu tempo(...)
(...)Numa certa sexta-feira uma gaivota pousou
no referido ecoponto. Disse-lhe este num lamento:
Ecoponto
Estou muito preocupado, muito triste, descontente
com a falta de cuidado que se tem com o ambiente(...)
(...)Imagina só gaivota
que, na passada terça feira, um senhor todo janota
quis fazer do chão lixeira.
Lixo todo misturado, pelo chão ficou espalhado
e aqui mesmo ao meu lado(...)
(...)Levantou-se um vento forte e vê tu a minha sorte,
fustigado pelo vento e com o lixo à mistura.
Valeu-me ter pele dura….
..….….….….….….….….….…..
Gaivota
Acabo de ter uma ideia, uma grande solução.
Quando alguém mais descuidado deitar o lixo no chão
ou o trouxer misturado, sem qualquer separação,
leva logo uma bicada para ter mais atenção.
Ecoponto
Que boa ideia gaivota! Olha ali vem o janota…
Gaivota
Não queres ver o figurão… Deitou o lixo no chão
mas levou uma bicada, não vai esquecer a lição(...)


Na segunda sessão  estavam alunos que tinham trabalhado Era uma vez ....um planeta Era uma vez….ciência e poesia no reino da fantasia  e tinham elaborado o cartaz anexo.

À tarde fui à escola Irene Lisboa, a propósito da Breve História da Química. Eram bastantes alunos, não sei ao certo quantas turmas, mas correu bem e no fim muitos alunos quiseram ver pormenores das experiências que realizei, colocaram várias questões..
No fim da sessão fui buscar o José  à escola, depois fomos buscar a irmã ao infantário e seguimos todos para as aulas de música, eu e José tocamos ukulele e a Marta, piano
São dias muito “cheios”, um pouco cansativos, mas que me dão sempre um imenso prazer.


E ainda a propósito da semana da Ciência, no blogue de Rerum Natura, Carlos Fiolhais colocou ontem o texto com que termino a mensagem


O MITO DE EINSTEIN


Um dos pontos altos deste Ano Internacional da Luz é a celebração precisamente hoje, dia 25 de Novembro, do centenário da obra maior de Albert Einstein, a teoria da relatividade geral, que descreve a força da gravidade, ultrapassando Newton.  Foi um dos maiores empreendimentos do espírito humano:  percebeu-se que conceitos aparentemente tão díspares como o espaço, o tempo, a matéria e a energia estavam ligados por uma equação matemática que culminava longos esforços em demanda de uma descrição unificada do Universo. Ainda hoje essa equação se mantém de pé, apesar de todas as investidas teóricas e experimentais para a derrubar. De facto, a Natureza nada revelou até agora que nos faça duvidar da solidez da descrição einsteiniana.

Para mim como para tantos outros que escolherem a Física como profissão, Einstein foi um herói da juventude. Não me sentia tanto seduzido pelo lado icónico, seguramente o mais visível: o sábio de ar bondoso, farta cabeleira, camisola de lã e sandálias. Tratava-se antes da atracção pelo invisível, que a sua figura personificava melhor do que qualquer outra. Ele encarna a ideia de que o mundo é compreensível. Não sabemos porquê, mas é. O físico Einstein foi um pouco filósofo ao declarar: “O que há de mais incompreensível no mundo é o facto de ele ser compreensível.” Pode ser difícil, mas é possível decifrar os mistérios do mundo. O sábio suíço, nascido na Alemanha, também disse um dia que: “Deus é subtil, mas não é malicioso”. Não sendo ele uma pessoa religiosa no sentido comum, queria ele dizer que o Universo é intrincado, mas os seus mecanismos são acessíveis à mente humana. O trabalho continuado dos físicos e dos outros cientistas tem confirmado essa afirmação.

Incompreensível é também  o facto de o mundo se revelar compreensível através de equações. O cérebro de Einstein produziu há cem anos uma equação, cuja beleza espantou o próprio autor (“A teoria é de uma beleza incomparável”, comentou),  que permitiu previsões que se haveriam de revelar certeiras a respeito do mundo: um minúsculo desvio da órbita de Mercúrio em relação ao previsto usando as leis de Newton; uma pequena deflexão pelo Sol da luz proveniente de estrelas por detrás dele; buracos negros, abismos cósmicos que são fins locais do espaço-tempo; e o Big Bang, que é o início global do espaço-tempo a partir de uma prodigiosa concentração de energia.  Galileu tinha dito que “o Livro da Natureza está escrito em caracteres matemáticos”. E Newton tinha escrito os Princípios Matemáticos de Filosofia Natural, contendo a sua lei da gravitação universal. Mas Einstein veio acrescentar, numa base matemática, que a geometria do espaço-tempo (espaço e tempo tinham sido ligados em 1905 na sua teoria da relatividade restrita) é comandada pela matéria-energia (os dois também ligados na mesma altura). A força da gravidade mais não é do que o encurvamento do espaço-tempo, às ordens da matéria-energia. Para usar uma metáfora visual, um astro como o Sol está no espaço-tempo como uma bola  em cima de um lençol esticado. Se colocarmos um berlinde, que será a Terra, com velocidade adequada ele rodará em torno da bola central.

Roland Barthes, o semiólogo e filósofo francês que tal, como a teoria maior de Einstein, nasceu há cem anos (designadanente a 12 de Novembro de 1915), escreveu nas suas Mitologias (Edições 70, 1978): “(...) o produto da sua invenção assumia uma condição mágica, reincarnava a velha imagem esotérica e uma ciência inteiramente encerrada nalgumas letras. Há um único segredo do mundo e esse segredo condensa-se numa palavra, o Universo é um cofre-forte de que a humanidade procura a cifra: Einstein chegou quase a encontrá-la, é esse o mito de Einstein; aí se nos deparam de novo todos os temas gnósticos: a unidade da Natureza, a possibilidade irreal de uma redução fundamental do mundo, o poder de abertura da palavra, a luta ancestral entre um segredo e uma linguagem, a ideia de que o saber total não pode descobrir-se senão de um só golpe, como uma fechadura que cede bruscamente depois de mil tacteamentos infrutuosos.”

O prolongado confronto do cérebro humano com o Universo (um confronto natural pois o nosso cérebro é a única parte do Universo que o consegue compreender) vai tendo resultados felizes, como a epifania de Einstein há cem anos. A história da ciência ensina-nos que cada revelação não é o fim de nada, mas um novo princípio. Einstein não foi o fim de Newton, cuja teoria da gravitação universal continua a ser válida em certas condições.  Foi o início de uma cosmovisão bem mais fantástica do que a de Newton, pois o mundo do sábio inglês não podia albergar buracos negros nem provir de uma explosão inicial. Escreveu o Padre Teilhard de Chardin, paleontólogo e teólogo francês contemporâneo de Einstein: “à escala do cósmico só o fantástico pode ser verdadeiro.”





domingo, 22 de novembro de 2015

Ensinar/Aprender


Há dias, numa Gazeta de Física, relia o artigo "ENSINAR É APENAS AJUDAR A APRENDER". Trata-se de uma entrevista a Eric Mazur, professor de Física na Universidade de Harvard, conduzida por Carlos Fiolhais, da qual deixo este breve excerto

Em holandês, a minha língua materna, a mesma palavra significa ensinar e aprender, mas são coisas distintas, pois aprender não é necessariamente uma consequência de ensinar. Ensinar é apenas ajudar a aprender e é esse o meu papel enquanto professor.

Como sabemos, em francês apprendre significa aprender, mas também pode significar ensinar ( Acquérir la connaissance, la pratique de.-…. Ou Informer, communiquer un savoir à….)

Lembrei-me de começar por aqui esta mensagem porque de forma indireta vou falar de ensino e de aprendizagem


Como referi na mensagem anterior,  desde que no 3º período do seu 3º ano escolar, o meu neto José passou a frequentar a Escola Carolina Michaelis,  vou com alguma frequência à escola buscá-lo no fim das aulas. Há dias,um dos funcionários da entrada disse-me que um professor, cujo nome eu desconhecia, pretendia falar comigo. Aguardei um pouco e chegou o colega, um professor de História que já entrou na escola depois de eu ter saído. Integra um grupo dinamizador das comemorações do centenário do Liceu Feminino do Porto (assim se chamou inicialmente a Escola CM). 



Vinha convidar-me para um pequeno convívio que teria lugar na passada sexta feira com início às 16h.


Na altura fiquei com a ideia de que teria sido convidada porque, como referi também na anterior mensagem, na próxima semana e, a propósito da Semana da Ciência, vou passar por todas as escolas do Agrupamento.
Quando estava a chegar à escola encontrei uma colega de Filosofia, também já aposentada e só então me apercebi que se tratava de um convívio de professores e funcionários (ao serviço ou já aposentados). Logo no inicio, uma colega da Direção agradeceu a presença de todos, pediu desculpa por algum lapso que tivesse havido no contacto das pessoas e “incumbiu” os presentes de passarem a palavra a outros, nomeadamente no que se refere a próximos eventos eventos.


Não pude estar muito tempo pois o meu neto, que à sexta feira pratica basquete na escola, saía às 17 h e eu tinha que estar disponível para ele.
De qualquer modo deu para rever alguns colegas e funcionários. Uma ex- aluna minha, de quem já não me lembrava, e que atualmente é professora na escola, acercou-se quando eu conversava com duas colegas, também aposentadas e suas ex-professoras,
Disse ter boas recordações das três, mas “confessou” que a professora Regina era especialmente querida. Fiquei muito sensibilizada mas um pouco constrangida pela distinção face às colegas.

E de professora a aluna….
Também já aqui referi que estando o meu neto a aprender ukulele na Teclarte, fui”convidada” a participar também das aulas, sem pagar mais por isso.
Neste momento estamos a tocar músicas para um Concerto de Reis, que terá lugar a 9 de Janeiro, pelas 21,30, na Igreja de Lordelo do Ouro. Como associado à escola existe um coro, estamos também a ensaiar num espaço da referida igreja.


Ontem houve ensaio. São várias músicas mas a ultima, uma canção tradicional da Nova Zelândia, é muito alegre e tem uma coreografia interessante como podem ver no vídeo anexo.  Chama-se Epo i tai tai e e a mensagem é"Eu não vou estar triste; eu serei feliz"




Termino esta mensagem  com um vídeo que provavelmente já todos viram mas que é um hino ao "ensino aprendizagem"....




terça-feira, 17 de novembro de 2015

Breves...

1.

Desde que no 3º período do seu 3º ano escolar, o meu neto José passou a frequentar a Escola Carolina Michaelis,  vou com alguma frequência à escola buscá-lo no fim das aulas. Como qualquer familiar ou encarregado de educação, espero no átrio. Por vezes os empregados sugerem que entre mas considero que  o fato de ter sido muitos anos professora na escola, não me confere qualquer regalia de entrada.
Há dias, quando esperava o José, este chegou ao átrio com um amigo doutra turma e perguntou-me: Como te chamas?
Estranhei a pergunta mas como ele insistisse,  respondi:
Regina Gouveia
De seguida, "disparou" uma nova questão.
És da minha família?
Pensei que se trataria de algum jogo e respondi  "Sou tua avó".
Vira-se então para o colega e pergunta:
Agora já acreditas?
De seguida explicaram-me que junto à Biblioteca estava um cartaz que falava de mim como escritora (pelos vistos fui escolhida como escritora do mês),  Quando  passaram por ali repararam no cartaz e o José terá comentado que se tratava da avó mas o colega pensou que era uma brincadeira.
Eu tinha sido contactada no sentido de fazer algumas ações nas escolas do agrupamento, a propósito da Semana da Ciência(de 22 a 27 deste mês) mas desconhecia ser a escritora do mês.
Este episódio lembrou-me um outro em 2006, quando eu era consultora do CIRC (Centro Interactivo de Ciência Rómulo de Carvalho que funcionou na Escola Nicolau Nasoni). Numa das sessões eu que estive presente (tratava-se de uma sessão para alunos do 1º ciclo, uma turma com muitas crianças de etnia cigana) a professora responsável, ao fazer a minha apresentação, referiu-se à minha atividade de escritora. Passado bastante tempo uma pequenita, moreninha, com uns olhos muito expressivos,  interrompe apontando na minha direção.
Você é  escritora? Eu nunca tinha visto nenhuma.
Respondi-lhe: Como sabes que nunca viste um(a) escritor(a)? Os escritores são pessoas como as outras e provavelmente já viste alguns só que não sabias que eram escritores.
No fim  apresentou-me uma folha de papel e pediu-me um autógrafo.

2.

Ontem tocou o telefone e ao ver que o número era 265...atendi dizendo "Olá menina..."
265 é o indicativo de Setúbal onde reside a minha amiga de infância, Lourdes Sendas. Mas não era ela. Era da APPACDM de Setúbal a comunicar-me que me tinha sido atribuído o 2º prémio num concurso de poesia que a referida associação já promove há 20 anos. Em 2013 também concorri e fiquei em primeiro o que  deu lugar à edição do meu livro "Entre margens".  Se agora também tivesse sido classificada em  primeiro  veria editado mais um livro , mas de qualquer modo fiquei satisfeita.

3.

No Verão de 2014 fui à China e, como habitualmente, escrevi uma série de mensagens com a reportagem da visita, uma delas sobre Guilin
Ontem enviaram-me um vídeo muito interessante de Guilin, filmado por um drone .
É com o vídeo que termino a mensagem.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Sexta feira negra

Não haverá ninguém minimamente sensível que não tivesse ficado  muito chocado com tanta violência gratuita.
Mas chocante é também a cumplicidade de muitos países (muito em especial os Estados Unidos) na criação do estado islâmico. Esta cumplicidade tem sido denunciada por vários analistas. Deixo aqui dois pequenos vídeos com a visão de Noam Chomsky, vídeos em inglês, muito mal legendados em espanhol



https://www.youtube.com/watch?v=Bb1FV2XrOjk





sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Em jeito de aditamento à mensagem anterior


Recebi hoje um mail, que coloco aqui em jeito de aditamento à mensagem anterior.
Não sei se há exageros no conteúdo, não sei se a Troika estaria mesmo interessada nas medidas propostas, mas tenho a certeza que contribuiriam para um país mais justo.


O que a Troika queria aprovar e não conseguiu!!!!!!----

1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros atestados, motoristas, etc.) dos ex-Presidentes da República.

2. Redução do número de deputados da Assembleia da República para 80, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações, tudo à custa do pagode.

3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego.

4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euro/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.

5. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821.

6. Redução drástica das Juntas de Freguesia. Acabar com o pagamento de 200 euros por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75 euros nas Juntas de Freguesia.

7. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem verbas para as suas actividades.

8. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País;.

9. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos, famílias ….

10. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.

11. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc.

12. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis.

13. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós) HÁ QUADROS (directores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO
SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES…..

14. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo...

15. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar.

16. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do Estado e entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.

17. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP.

18. Perseguir os milhões desviados por BPN, BES,etc conde quer que estejam e por aí fora.

19. Acabar com os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma recebe todos os anos.

20. Acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP que custam milhões ao erário público.

21. Acabar com os ordenados de milionários da TAP, com milhares de funcionários e empresas fantasmas que cobram milhares


22. Acabar com aas PPP (Parcerias Público Privado), que mais não são do que formas habilidosas de uns poucos adquirirem fortunas à custa dos dos contribuintes, fugindo
ao controle seja de que organismo independente for

23. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os que fizeram fortunas e adquiriram patrimónios de forma indevida e à custa do País, manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efectivamente dela precisam;

24. Controlar rigorosamente toda a actividade bancária por forma a que, daqui a mais uns anitos, não tenhamos que estar, novamente, a pagar "outra crise".

25. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efectivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida.

26. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos ditos.

27. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu património antes e depois.

28. Pôr os Bancos a pagar impostos.


terça-feira, 10 de novembro de 2015

Super-Heróis

Não vou falar do Batman, do Homem Aranha, do Super-Homem, que entusiasmaram os meus filhos, nem dos novos super heróis da Marvel que entusiasmam os meus netos. Vou falar de dois tipos de super heróis portugueses:


  • OS VERDADEIROS SUPER HERÓIS, aqueles que têm que gerir vencimentos de miséria para pagar renda de casa, água,luz, alimentação, vestuário, saúde, transportes, educação dos filhos, etc
  • Os super heróis (leia-se SUPER IRÓNICOS), administradores/gestores que acumulam cargos em várias empresas diferentesnomeadamente o caso insólito de um só gestor que acumulou em simultâneo cargos em 73 empresas.
Gerir dezenas de empresas ao mesmo tempo deve ser tarefa ciclópica. É certo que não estão sozinhos pois cada empresa tem vários administradores. Mas isso não os torna menos super heróis pois se eventualmente cada um puxar a brasa à sua sardinha, deve ser um pandemónio….
Talvez tudo isto explique porque gerem tão mal (vejam-se os casos BES, BPN, PT, EDP etc, etc, etc), apesar de auferirem vencimentos principescos
Para ganharem o salário anual de um funcionário, gestores só precisam de trabalhar pouco mais de dez dias e sete horas.

    Tudo isto é pura e simplesmente escandaloso. E se o denuncio agora é porque fiquei perplexa perante a notícia de que a pensão de Ricardo Salgado triplica para 90 mil euros mensais
Que dirão a isto os lesados do BES (grupo a que não pertenço), muitos dos quais trabalharam duramente  uma vida inteira? 
Percebo pouco de economia e política mas acredito que só se houver a  coragem de fazer guerra cerrada contra a  corrupção, de acabar com as inúmeras mordomias de políticos, de gestores, de ex-presidentes etc, etc, o país poderá sair da crise. 


E isso não será assim tão utópico 



Termino com um excerto de um  texto de Mia Couto

São Demasiado Pobres os Nossos Ricos

A maior desgraça de uma nação pobre é que, em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. 
A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos «ricos». Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas.(...)
Mia Couto, in 'Pensatempos' 
 E já que falei em Mia Couto, autor de que gosto muito, estou a ler o seu último romance "Mulheres de cinza"


"Mulheres de Cinza", o último romance de Mia Couto  inicia uma nova trilogia do escritor moçambicano, sob o título global "As Areias do Imperador". A personagem central no novo romance, Ngunyane (nome que os portugueses transformaram em Gungunhana), foi um imperador de Gaza, no sul de Moçambique, que se rebelou contra a potência colonizadora e acabou derrotado por Mouzinho da Silveira, preso e desterrado para os Açores, onde morreu em 1906. A glória e o mito de Ngunyane atravessaram os dois países, fomentados também por algumas inverdades e falsificações históricas, ao sabor dos interesses do momento. Em declarações ao quinzenário português Jornal de Letras, o escritor diz que Portugal sentiu necessidade de engrandecer o imperador, para tornar maior a sua vitória sobre o rebelde e que Moçambique o aproveitou para o panteão dos seus heróis nacionais e anticoloniais. 

domingo, 8 de novembro de 2015

Outono

Há oito dias, no dia de Todos os Santos (antigamente feriado), estava em Trás-os-Montes, para onde fui sábado e de onde regressei segunda. Aproveitando a data fui aos cemitérios (da minha aldeia, onde está a minha família, de Alfândega da Fé e da Adeganha onde estão os familiares do meu marido pelo lado paterno e materno respetivamente).
O tempo não estava famoso mas no sábado, no caminho para a Adeganha, onde ficámos, ainda entrámos num pinhal onde colhemos algumas sanchas, os cogumelos que mais apreciamos e que conhecemos bem.

 Como eram duas da tarde e ainda não tínhamos almoçado, decidimos que regressaríamos no dia seguinte para colher uma quantidade que desse para trazer para os filhos, também apreciadores.
No dia seguinte logo de manhã, após a visita ao cemitério da Adeganha, fomos ao de Alfândega e daí fomos para o da Parada.
Na véspera tínhamos combinado almoçar com a Isabel de Gouvion (escultora de quem já falei em outras mensagens). Como ela tinha acabado de regressar de França, não tinha o frigorífico recheado Nós também estávamos de fim de semana pelo que pelo que tínhamos levado apenas o essencial. Decidimos juntar o que tínhamos e fizemos um almoço simples, mas muito agradável numa das suas casas( ela está a restaurar duas casas na aldeia, uma delas pequeníssima mas extremamente interessante ), a mais pequena cujas obras já estão praticamente prontas. A imagem que segue é um dos recantos da casa maior.


Após o almoço regressámos à Adeganha. Ao passar pelo pinhal onde na véspera colhêramos as sanchas, o meu marido não quis parar porque estava lá muita gente. Foi pena, pois no dia seguinte choveu torrencialmente e não pudemos colher mais nada.
Trouxemos apenas as poucas que tínhamos colhido no sábado e que hoje ao almoço com filhos, noras e netos,  pudemos saborear mas parcamente…
Contava fazer umas boas fotos com as fantásticas cores do outono. Também nesse aspeto não tive sorte. As cores ainda não estão no seu apogeu e a chuva não ajudou. De qualquer forma deixo algumas, embora muito fracas



Acrescento a estas, uma fotos que tinha feito no Porto, das folhas do meu quintal, muito em particular das de diospireiro que têm uma cor lindíssima












No quintal da Adeganha fotografei ainda um galho do marmeleiro


Trouxe muitos marmelos mas, apesar do seu belo aspeto exterior, estavam escuros por dentro, pelo que poucos pude aproveitar. Fiz alguma marmelada e uma compota de marmelo que adoramos.

A compensar estes desaires, na viagem de regresso a Antena 2 passou um concerto que não conhecia, tal como não conhecia o compositor Edward MacDowellA obra que passou foi Woodland Sketches     https://www.youtube.com/watch?v=zFfz5K3W4dc


Do mesmo autor, e porque falámos de outono, deixo um pequenino excerto de  "No outono"https://www.youtube.com/watch?v=siTioEZWZs8


Ainda durante a viagem  ouvi, na Antena 2, a serenata para cordas  de Dvorak 
de que deixo tempo de valsa https://www.youtube.com/watch?v=fFncdeg8-js   e o quarteto de cordas opus 18, nº 4 de Beethoven  https://www.youtube.com/watch?v=E34iE6V1i1Y



Só agora arranjei algum tempo para escrever esta mensagem  que termino com a referência à sessão de poesia que teve lugar anteontem( ocorrem todas as primeiras sextas de cada mês) na Flâneur, livraria a que fiz referência na mensagem anterior. Só pude estar cerca de 1 h pois vinham dormir em minha casa os meus dois netos rapazes.

Ainda tive oportunidade de ler um poema. Escolhi a Gare de Astapovo de Mário Quintana, de que gosto muito e é com esse poema que termino esta mensagem

Poema da Gare do Astapovo
O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo,
Contra uma parede nua...
Sentou-se... e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Glória,
Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E então a Morte,
Ao vê-lo sozinho àquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali à sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A Morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se até não morreu feliz: ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos os que realizam os velhos sonhos da infância!