domingo, 30 de março de 2014
Falando de ópera
Os meus problemas respiratórios, felizmente já ultrapassados,
pelo menos por agora, fizeram-me interromper a minha participação no coro do CPO . Na semana passada retomei mas estou com
dificuldade em acompanhar, pois há muitas músicas que foram ensaiadas durante o tempo em que estive ausente. Uma delas é Va pensiero ( da ópera Nabucco
de Verdi)
que em tempos já tinha cantado quando, no Carolina Michaëlis,
se tentou criar um coro, dirigido pelo colega Correia Fernandes. Infelizmente a
ideia acabou por não vingar. Outra é Casta Diva (da ópera Norma de Bellini) .
Nunca a tinha cantado mas sempre que a minha mãe a cantava eu comovia-me imenso.
O mesmo me acontecia com A última não faz parte do
programa que estamos por agora a ensaiar
Uma das mais difíceis para mim é Noi siamo zingarelle (da ópera Traviata de Verdi)
Para além de ter que aprender a cantá-las, terei
ainda que decorar os textos, o que não sei se irei conseguir.
quarta-feira, 26 de março de 2014
Dia Mundial da Água
No passado dia 22 celebrou-se o Dia Mundial da Água
Termino com alguns poemas do meu livro Entre margens
Águas do
rio, fugindo sob o meu olhar cansado, para onde me levais meu vão cuidado?
Camilo Pessanha.
No rio cristalino que corria outrora,
as águas cantavam
enquanto corriam.
O cantar era seu mister, o correr era seu destino.
Agora, no rio que lentamente morre,
a água não corre,
arrasta-se dolente e já não canta, chora.
(…)Já os rios cheios,
com bramidos fundos, num dilúvio d´água vão de mar a monte! (…)Guerra
Junqueiro
Aos montes que os céus rasgam,
vales profundos os fendem.
São leitos de rios escavados, fundos,
águas que bramam demandando o mar.
Nas margens, líquenes, nas fragas, escondem bisontes
que foram esculpidos
em tempos perdidos.
Bebiam das águas, galgavam os montes.
(…) Ó banzas dos rios , gemendo descantes (…) António Nobre
Jovial, fagueiro, por vezes arrebatado, violento,
assim corria o rio, outrora, em sobressalto ou lento.
Barítono, tenor, baixo, soprano, contralto,
cantava árias de amor e de paixão.
Aprisionaram-no. Tentou lutar.
Foi impotente perante a muralha de betão.
Parado, triste, agora já não canta.
Tem um nó na garganta.
sexta-feira, 21 de março de 2014
Breves.
Hoje 21 de Março
comemora-se o Dia Mundial da Poesia e também o Dia Internacional da floresta e da árvore
A propósito deste dia, o vídeo que segue é como que um grito
de esperança neste planeta tão maltratado
Ontem (e não hoje) começou a primavera
E para comemorar as três efemérides aqui deixo três poemas e
um vídeo
A dança de Shiva
Shiva, dançando,
destruiu e recriou o universo,
o espaço e o tempo em
plena conjunção.
Eis o om criador, a
sílaba sagrada, a emergir do nada,
a poeira cósmica
gerando astros,
quais navios sem
mastros,
a vogar no universo em
expansão.
Um dia nasceram as
palavras.
Nasceram também os
poetas que,
em suas lavras,
com palavras fizeram
poesia.
Gouveia. R(2013),in Entre margens
(…)
Devagar o vento inventa choupos e choupos devagar tornam-se rio
(…) Daniel Maia-Pinto Rodrigues.
Na noite
densa o rio desliza.
O seu
rumor confunde-se
com o da
folhagem.
Salgueiros
e choupos erguidos na margem
oscilam
com a brisa.
Será o
rio que desliza?
Ou não
haverá rio,
apenas a
folhagem a oscilar com a brisa?
Gouveia. R(2013),in Entre margens
Primavera
Com duas folhas de figueira
faço um par de sapatinhos,
dobro a folha sobre o pé
e prendo-a com uns pauzinhos.
Ponho um lenço na cabeça,
visto um vestido qualquer,
ponho uns brincos de cereja,
um colar de malmequer,
uma pulseira de giesta
e já estou pronta para
a festa.
Gouveia. R(2013),in Ciência para meninos em poemas pequeninos
de que em breve vai sair a 3ª edição (mas nada mais desvendo sobre a surpresa)
O vídeo que segue é um festival de cor, ao som de Vivaldi
E a finalizar mais uma breve...
No dia 7 de Março estive
na escola EB1 da Afurada de Baixo com meninos do 4º ano. Mais uma vez foi uma
sessão muito interessante. A professora, uma senhora com 33 anos de serviço,
tem uma relação fantástica com as crianças, que participaram ativamente durante
toda a sessão.
Uma delas veio ter comigo no fim e disse: no próximo ano vou
para o 5º ano e já não estou nesta escola. Depois, pode ir também à minha
nova escola?
Ficaram de me enviar fotos mas até agora ainda não chegaram.
Einstein, um visionário?
Num trabalho datado de 1915,
Albert Einstein previu que um corpo de
grande massa pode criar uma curvatura no espaço-tempo ao seu redor, capaz até
mesmo de curvar a trajetória de um raio de luz que passe pelas imediações.
Em 1919 a curvatura do
luz foi observada durante um eclipse
solar.
Já há algum tempo coloquei
uma mensagem sobre este tema que poderão consultar, por exemplo, aqui e aqui
Nas últimas décadas da sua vida, Einstein dedicou a sua atividade
científica à tentativa de unificar a gravitação com o eletromagnetismo.
Apesar de Einstein ter
falhado na sua missão, a sua influência permanece viva até hoje. A ideia de
unificação de forças é uma das mais populares entre físicos teóricos do mundo
inteiro. Ao eletromagnetismo e à gravitação são adicionadas duas outras forças,
que se manifestam apenas a distâncias subatómicas, que são as forças nucleares
forte e fraca.
Pois bem, anteontem, no
Público pôde ler-se:
O
físico norte-americano Alan Guth propôs, em 1980, a ideia de que quase
imediatamente após o Big Bang – a cataclísmica explosão que criou o espaço e o
tempo, há uns 13.800 milhões de anos –, o Universo, que era inicialmente um
grãozinho microscópico, adquiriu de forma incrivelmente rápida mais ou menos o
tamanho de uma bola de futebol. Esta brutal “inflação” – a palavra é de Guth –
permitia, nomeadamente, explicar por que é que o Universo é tão uniforme em
todas as direcções.Os especialistas sabiam que a inflação teria produzido
ondulações no espaço-tempo, chamadas ondas gravitacionais, previstas pela
Teoria da Relatividade Geral de Einstein mas ainda por confirmar. Esta
segunda-feira, uma equipa internacional de cientistas anunciou nos Estados Unidos ter
finalmente conseguido “ver” directamente, pela primeira vez, ondas
gravitacionais que, quase para além da dúvida, são “ecos” da inflação inicial
do Universo(...)
(...)“Não
só estes resultados são a prova irrefutável da inflação cósmica como também nos
informam sobre o momento em que essa expansão aconteceu e sobre a sua
potência”, diz o físico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, citado pela
agência AFP. “E deitam uma luz nova sobre algumas das questões mais
fundamentais, tais como por que é que existimos e como começou o
Universo."
Carlos Fiolhais comentou a notícia em De Rerum Natura. Deixo alguns excertos.
É como e vivêssemos no interior de um gigantesco forno de microondas. O
nosso Universo está todo ele impregnado de uma radiação muito uniforme de
microondas, cuja explicação só é dada pela teoria do Big Bang. Quando o
Universo tinha cerca de 350 000 anos, que é como quem diz muito perto da origem
do espaço e do tempo há 13,7 mil milhões de anos, deu-se, por todo o lado, um
importantíssimo evento cósmico: a formação dos átomos. O Universo, em expansão
e em arrefecimento desde o seu início, passou de uma época em que era opaco,
quando a luz não passava por ser absorvida por uma multidão de partículas
vadias, para uma época em que é transparente, uma vez que os átomos só absorvem
certos tipos de luz. Antes os núcleos atómicos leves (não havia pesados, pois
estes só se podem formar nas estrelas e não havia estrelas) e os electrões
andavam numa grande vadiagem. Depois acasalaram, por ser energeticamente mais
favorável estarem juntos do que estarem separados. A luz, hoje visível sob a
forma de microondas, espalhou-se por todo o lado. Antes o Universo era tão
quente que era completamente caótico, depois a descida de temperatura
possibilitou o aparecimento da ordem atómica. A detecção ocasional da radiação
cósmica de fundo há 50 anos por Penzias e Wilson foi um grande momento da
astrofísica: ficou mostrado não só que no início o Universo era mais quente,
mas que o arrefecimento estava na origem da ordem. O Universo tem uma história
e essa história era mais antiga do que a das galáxias, que se estão desde que
existem a afastar umas das outras. Se, antes de 1964, a teoria do Big Bang
era hipotética, deixou de o ser a partir daí. Depois disso, a observação
da radiação cósmica de fundo foi efectuada com grande rigor, varrendo todo o
céu, por satélites colocados acima da atmosfera como o COBE e o Planck. O
retrato de 360 graus conseguido por essas sondas é o retrato mais antigo do
céu, no sentido em que não temos maneira de observar directamente com luz o
Universo antes de ter 350 000 anos. É a imagem do Universo enquanto criança. Mas,
olhando bem para o retrato, procurando com o auxílio de bons telescópios
terrestres, pormenores no retrato mais antigo que se conhece é possível
confirmar (ou não) suposições teóricas sobre no que se passou antes. Uma das
suposições mais consensuais é a existência de um período de expansão muito
rápida do Universo quando a idade deste não passava de uma pequeníssima fracção
de segundo. É a chamada inflação, que permite explicar a grande uniformidade do
Universo, mesmo em regiões que parecem não poderem ter estado relacionadas na
história cósmica.. A era inflacionária foi um período de expansão muito rápida
do Universo, um período que não demorou muito.
Acaba de ser anunciado pelo Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics,
que gere um telescópio de microondas situado perto do Pólo Sul, que a radiação
cósmica de fundo recolhida há marcas da inflação, designadamente marcas das
poderosas ondas gravitacionais do Big Bang, que a inflação permitiu expandir.
As ondas gravitacionais são uma previsão da teoria da relatividade geral que Einstein propôs em 1916, que é ainda hoje a melhor teoria da gravidade disponível. São precisos grandes abalos gravitacionais para as produzir e daí a dificuldade da detecção dessas ondas. Mas se há um evento que produziu sem dúvida ondas gravitacionais foi o Big bang, a criação do próprio espaço e tempo. A confirmarem-se os resultados agora divulgados, passamos a dispor de mais uma prova do Big Bang - e uma prova mais remota que a formação dos átomos - e, ao mesmo tempo, uma prova da teoria da inflação, que era uma componente especulativa do Big Bang. Do ponto de vista teórico estamos em "terra desconhecida", num tempo onde uma teoria física válida tem de unir a teoria da gravitação de Einstein com a teoria quântica, fornecendo uma explicação quântica da gravidade. As marcas vêm da observação pormenorizada da polarização[1] das microondas, isto é, dos planos de vibração das ondas electromagnéticas. A ser verdade temos, pela primeira vez, uma acesso observacional, embora indirecto, ao início do Big Bang. Ou melhor quase ao início, uma vez que o início é inacessível(...)
As ondas gravitacionais são uma previsão da teoria da relatividade geral que Einstein propôs em 1916, que é ainda hoje a melhor teoria da gravidade disponível. São precisos grandes abalos gravitacionais para as produzir e daí a dificuldade da detecção dessas ondas. Mas se há um evento que produziu sem dúvida ondas gravitacionais foi o Big bang, a criação do próprio espaço e tempo. A confirmarem-se os resultados agora divulgados, passamos a dispor de mais uma prova do Big Bang - e uma prova mais remota que a formação dos átomos - e, ao mesmo tempo, uma prova da teoria da inflação, que era uma componente especulativa do Big Bang. Do ponto de vista teórico estamos em "terra desconhecida", num tempo onde uma teoria física válida tem de unir a teoria da gravitação de Einstein com a teoria quântica, fornecendo uma explicação quântica da gravidade. As marcas vêm da observação pormenorizada da polarização[1] das microondas, isto é, dos planos de vibração das ondas electromagnéticas. A ser verdade temos, pela primeira vez, uma acesso observacional, embora indirecto, ao início do Big Bang. Ou melhor quase ao início, uma vez que o início é inacessível(...)
Na imagem: a radiação cósmica de fundo vista pelo satélite Planck.
Também aqui podem encontrar comentários
(...)Cientistas em
um observatório no polo sul anunciaram a detecção de ondas gravitacionais.
(...)O impacto
dessa descoberta precisa de uma historinha para ser entendido, e é uma história
bem antiga. Aliás, é a mais antiga: no princípio, houve uma explosão. Ninguém
sabe exatamente o que aconteceu entre o segundo zero e 10−34 segundos, mas os astrofísicos e
cosmólogos têm muitas teorias que começam a valer a parte dessa marca dos 10−34 s . A melhor delas é a da inflação
cósmica: o espaço-tempo expandiu de forma drasticamente acelerada e em seguida
diminuiu a taxa de expansão. Essa teoria surgiu para explicar muita coisa
estranha nesse nosso universo, muita gente tenta ajustar nessa teoria grandes
questões não-explicadas, desde problemas na formação de galáxias à grande
desproporção entre matéria e antimatéria no universo. Essa inflação deve ter
causado muito alvoroço no universo, mas aconteceu em um passado tão remoto que
muitos achavam impossível encontrar qualquer traço direto dela hoje. Muitos
achavam, mas não todos. Existe uma boa quantidade de radiação atingindo a terra
que vem de um período muito antigo no universo(...) Recebemos essa radiação
porque ela ainda está “chegando à Terra”, desde aquele período. A grande
descoberta vinda do polo sul é sobre a polarização dessa luz (...)
Para ser claro,
não foram detectadas exata e diretamente ondas gravitacionais, e há gente séria
trabalhando nisso, assim como nunca encontramos um dinossauro. Mas os ecos
dessas ondas foram descobertos, e o escrutínio da comunidade científica será
intenso para confirmar se as tais ondas são de fato a única, ou a melhor,
explicação para esse quadro lindo de azuis e vermelhos que observamos na imagem
acima.
o
infinitamente grande.
E foi o tempo…
Tão longo o
tempo em tão longa viagem …
E foi a vida…
Tão breve a
vida em tão fugaz passagem…
(2002)
[1] Uma explicação
muito primária da polarização pode ser lida aqui http://www.seara.ufc.br/tintim/fisica/polarizacao/polarizacao4.htm
terça-feira, 18 de março de 2014
Museus da Universidade do Porto
Ontem tive que ir fazer um exame ao Hospital de Santo António.
À saída aproveitei para ver a exposição “ No coração do Porto patente desde janeiro
na Reitoria da Universidade, com trabalhos de José Rodrigues e Isabel Saraiva. Dos
trabalhos de José Rodrigues (que também tem origens em Alfândega da Fé, daí a atribuição do seu nome à casa da Cultura)
gostei mais das esculturas. Embora goste muito dos seus
desenhos e pinturas, genericamente aprecio ainda mais
a sua obra como escultor.
Uma das esculturas,João
Baptista e Salomé.
Na obra de Isabel Saraiva gostei muito da forma como usa a
cor.
Não percam a exposição que termina em Abril.
No dia 22, às 10h, vai decorrer um “passeio” relacionado com a
exposição.
Após a visita a esta exposição visitei as outras salas de
exposição que têm exposições permanentes . Uma delas, Terra em Transformação, tem
por objetivo mostrar algumas das etapas mais significativas da evolução da vida
na Terra, com base no registo fóssil.
A outra, na Sala Egípcia, a par de alguma peças gregas, contém cerca de cem peças que compõem a "Coleção Egípcia" do Museu de História Natural da Universidade do Porto" . Algumas das peças podem ser vistas também aqui
O Museu de História Natural da Universidade do Porto mantém-se parcialmente
em obras mas irá reabrir, renovado, dentro de algum tempo .
Na Reitoria pode ainda ser visitado (com marcação prévia) o
Museu de Ciência .
segunda-feira, 17 de março de 2014
Amendoeiras em flor
Na última mensagem falei das cerejeiras em Alfândega da Fé.
Durante muitos anos, a árvore mais associada ao concelho era a amendoeira. Hoje
os amendoais estão a ser progressivamente abandonados (poema Nostalgia) mas, nesta época, ainda
podem ver-se várias árvores floridas (poema Flores de amendoeira).
Nostalgia
Quando passo
num amendoal, após o verão, sinto um misto
de nostalgia e emoção
ao ver a
amêndoa abandonada nas árvores e
no chão.
Outrora
significou prosperidade e eram
guardados os amendoais
para garantir
que os rebusqueiros não rebuscavam
demais,
que rebuscavam
só no chão, à claridade, só de dia e
não ao lusco-fusco.
Hoje já
ninguém anda ao rebusco.
No Verão, sob um sol abrasador, era a apanha.
Hoje fica nas
árvores e cai na terra que a
arrebanha e com ela se funde;
confundem-se
os seus tons.
Da escacha já
há muito não se ouvem sons.
Os
escachadores ora em uníssono,
ora
desfasados, habilmente manejados
com gestos
secos, certeiros e breves
por mulheres,
crianças, raparigas,
que enchiam o
ar de risos e cantigas,
iam partindo a
amêndoa, sempre cadenciados,
deixando o
grão intacto ou com mazelas leves,
enquanto das
cascas, o monte crescia no chão.
Mais tarde, a
par da lenha, na lareira, iriam servir
para combustão.
O grão ia para
sacos de serapilheira.
Mais tarde era
vendido e o seu
destino era assim perdido.
Aquele que
ficava imperfeito, esbotenado, iria ser, mais
tarde, laminado,
misturado com
ovos e açúcar, nos rochedos (ver nota abaixo))
cujas receitas
eram envoltas em segredos
e cuja doçura
ocultava a agrura de tanta
fadiga e de tanto suor.
Eram a lavra,
a limpa, a enxertia, ano após ano
um ritual que se cumpria
e quando
floriam as amendoeiras, o lavrador
contemplava do cimo das ladeiras
aqueles véus
de noiva a perder de vista,
não com o
olhar breve de um turista, mas com um
profundo olhar, cheio de amor.
Na foto podem ver-se, a par das flores, amêndoas do ano anterior, por apanhar.
Flores
de amendoeira
As flores de
amendoeira, antes da Primavera,
cobrem a
ladeira como um branco véu
ou como vestes
de anjo que se esfumou no céu.
Impressa no
código genético a química magia
da ebúrnea
cor que recende a nostalgia
Gouveia, R. in Magnetismo terrestre
No passado fim de semana estive lá. Deixo duas imagens da vila
vista de longe e algumas imagens de amendoeiras floridas.
Aqui podem ver uma entrevista com o artista que poderão encontrara na galeria AP´Arte na Rua Miguel Bombarda, 122
Das obras que mais gostei foi das pinturas abstractas
Nota- na imagem podem ver-se os "rochedos" doces tradicionais de Alfândega da Fé, que são feitos com açúcar, claras e amêndoa laminada.
Nota- na imagem podem ver-se os "rochedos" doces tradicionais de Alfândega da Fé, que são feitos com açúcar, claras e amêndoa laminada.
domingo, 16 de março de 2014
Ainda o Dia Internacional da Mulher...
Desde a última mensagem, há já
quase um mês fui iniciando algumas
mensagens que, por razões de vária ordem, só hoje pude retomar. À medida que forem sendo concluídas irão ser publicadas, sem
preocupações de ordem cronológica.
O Dia
Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março,
tem como origem as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e
trabalho e contra a entrada da Rússia
czarista na Primeira Guerra Mundial. Essas
manifestações marcaram o início da Revolução de 1917. Entretanto a ideia de
celebrar um dia da mulher já havia surgido desde os primeiros anos do século XX,
nos Estados
Unidos e na Europa, no
contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho,
bem como pelo direito de voto.
No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado no
início do século, até a década de
1920.
Na antiga União Soviética, durante o estalinismo,
o Dia Internacional da Mulher tornou-se elemento de propaganda partidária.
Nos países ocidentais, a data foi esquecida por longo tempo
e somente recuperada pelo movimento
feminista, já na década de
1960. Na atualidade, a celebração do Dia Internacional da Mulher
perdeu parcialmente o seu sentido original, adquirindo um caráter festivo e
comercial. Nessa data, os empregadores, sem certamente pretender evocar o
espírito das operárias grevistas do 8 de março de 1917, costumam distribuir
rosas vermelhas ou pequenos mimos entre suas empregadas.
No dia Dia Internacional da Mulher foram-me oferecidos dois bilhetes para um
concerto de celebração dos 25 anos do IPATIMUP inserido no programa Expresso Oriente ( 2014 vai ser o ano do oriente na Casa da Música)
Sob a direção musical o japonês Takuo Yuasa foram apresentadas obras dos japoneses Teizo Matsumura e Toru Takemitsu, a obra Hojoki-An account of my Hut de de Jonathan Dove, inspirada na obra Hojoki e, em estreia nacional, a Primeira suite de Orquestra de Debussy.
Dos referidos
compositores apenas conhecia Debussy de quem tenho alguns CD com obras como a
suite Bergamasque, com a conhecida Claire
de Lune, por muitos considerada a sua obra prima,
mas não conhecia a suite apresentada.
Na NET, embora com pouca qualidade, consegui encontrar excertos das peças
que constam no programa (de Matsumura, de Takemitsu, de Debussy , mas não de Jonathan
Dove)
A finalizar, o maestro Takuo Yuasa falando sobre o concerto de 8 Março.
A obra de Debussy, nomeadamente o excerto aqui colocado revela o fascínio do compositor pelas sonoridades orientais.
Durante alguns dias tive em minha casa um investigador
brasileiro, Joilson (que a minha nora investigadora conheceu quando, durante
algum tempo, trabalhou no Recife), de passagem para um congresso em Oviedo, onde ambos
intervieram. O meu marido não estava muito
interessado no concerto, receando que as obras japonesas, porque mais modernas,
pudessem ser muito “dissonantes”. O investigador, por seu lado, estava interessado
não só na música, mas também em conhecer a sala Suggia, pelo que o meu marido
lhe cedeu o bilhete.
Acontece que nesse dia convidei para almoçar, para além da família, o Joilson e outra
investigadora brasileira também do Recife, Rosana. Manifestou vontade de ir ao
concerto. Conseguimos ainda um bilhete e fomos os três. Gostei bastante.
Por falar em Japão, lembrei-me da minha m ãe, a mulher mais extraordinária que eu já conheci (não me canso de o repetir e hoje, no Dia Internacional da Mulher vem mais numa vez a propósito). Para além de inúmeras qualidades humanas, era lindíssima, bordava com uma perfeição inaudita, cozinhava divinamente e tinha uma belíssima voz de soprano (foi solista num coro). Cantava árias de ópera mas também músicas ligeiras. Cerejeira do Japão era uma delas. Tive muita dificuldade em encontrá-la na NET porque apenas em um dos sites consultados a música correspondia à letra..
Cerejeira do japão
Cerejeira do japão
Bem baixinha, rente ao chão
Transportou-me ao paraíso
Recordando o teu sorriso
Cerejeira do Japão
Dar-te-ei meu coração
Nunca mais te esquecerei, ó flor
Cerejeira és meu amor
Tive um sonho lindo de amor
Num recanto pequenino japonês
Foi tão lindo o sonho que até quis
Acordado Ter Sonhado Outra Vez
Transportou-me ao paraíso
Recordando o teu sorriso
Cerejeira do Japão
Dar-te-ei meu coração
Nunca mais te esquecerei, ó flor
Cerejeira és meu amor
Tive um sonho lindo de amor
Num recanto pequenino japonês
Foi tão lindo o sonho que até quis
Acordado Ter Sonhado Outra Vez
Quando fazia a pesquisa passei por um site que achei interessante.
A propósito de cerejeiras do Japão deixo algumas imagens que poderão ver aqui
Mas também em Alfândega da Fé há muitas cerejeiras. As cerejas são exportadas e estão entre as preferidas por marcas de chocolates famosas como o «Mon Chéri»
Termino com a foto de uma dessas cerejeiras e um poema.
Mas também em Alfândega da Fé há muitas cerejeiras. As cerejas são exportadas e estão entre as preferidas por marcas de chocolates famosas como o «Mon Chéri»
Termino com a foto de uma dessas cerejeiras e um poema.
Prodígio
Prodigiosa aquela cerejeira com seus frutos.
Sensual, rubro o epicarpo, carnudo, nacarado o mesocarpo
da pudica semente protecção.
Tal como se fora a vez primeira, saboreio uma cereja
calmamente
num misto de volúpia e
devoção.
Gouveia, R.in Magnetismo Terrestre
Subscrever:
Mensagens (Atom)