Na passada 4ª feira, a convite das professoras bibliotecárias, estive na Escola D. António Ferreira Gomes, na Travagem. Fui e vim de comboio, o meio de transporte de que mais gosto.Chovia torrencialmente mas o prazer de estar num ambiente de escola, com professores e alunos empenhados, tudo compensa.
Hoje enviaram-me dois sites que fazem referência à visita. Aqui os deixo.
E a propósito de "ser professor" deixo alguns excertos do Diário de Sebastião da Gama
(...)Basta uma janela para me
fazer feliz e foi o que me
aconteceu também quando
cheguei à Sala 19. Era o Castelo, era
o Tejo, era a cidade de
mármore e granito (como dizem) a espreitar
para dentro da aula. Vai,
que fiz eu? Como queria tomar o
pulso aos rapazes em
matéria de escrita, propus-lhes aquele tema.
«Da varanda da nossa
aula» podia muito bem ser o título da
redacção; mas também
podia ser outro, à escolha do freguês.
O que eles escrevessem
serviria para eu ver como escreviam, como
viam e como imaginavam. À
maneira de preparação, disse-lhes:
«Suponham que está aqui
uma chávena da China. Vocês têm de
escrever a partir dela e
podem fazê-lo contando que ela tem este
ou aquele feitio, esta ou
aquela cor, um desenho que representa
isto ou aquilo e tem a
asa do lado esquerdo. Mas também não
dizer nenhuma destas
coisas e imaginar, com os olhos nela, uma
coisa passada na China:
chinesinhos de rabicho, arroz comido
com pauzinhos, sei lá o
quê. Ou fantasiar um chá das cinco em
que serviu aquela
chávena: quem estava nesse chá, o que se disse,
o que se passou durante
essa hora. Posto o que, vão à janela um
bocadinho, olhem, voltem,
sentem-se e escrevam o que quiserem,
com o título ou subtítulo
“Da varanda da nossa aula”.»
Os rapazes, feito o
honesto barulho de correrem à varanda,
atiraram-se à obra. Eu
fui pacatamente olhar Lisboa, porque
quero começar a fazer-lhes sentir que eles não devem copiar(...).
(...)O que era bom era dar sempre uma aula como a de hoje!” (22 de Outubro de 1949); “E foi o que eu ontem não consegui...” (25 de Março de 1949)(...)