Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

As árvores morrem de pé



Temos fotografado o rio em diferentes pontos, tentando preservá-lo assim pelas imagens. Em breve, as águas aprisionadas vão transformá-lo; em breve um lago,  em vez de um rio sinuoso, que “no fundo, parece alheado, correndo ligeiro ou sonhando parado”, que “ainda hoje umas vezes adormece outras galopa na viagem”, o rio de cujo rumor vou sentir muita falta, “Como que em busca da certeza de que existo, gosto de vaguear pelas ladeiras, sentindo rumorejar o rio ao fundo”, um rio do qual eu disse “Se este rio fosse meu, não permitiria que algo o poluísse e talvez um dia com ele me fundisse num apertado e sempiterno abraço quando a vida nada mais fosse que cansaço”…

Hoje fomos fotografar o rio na ponte de Remondes. Pelo caminho, imagens tétricas deixadas pelos incêndios, fizeram “eclodir” um poema, o primeiro que escrevi nestas férias
As árvores morrem de pé


Na curva da estrada, a silhueta negra

do que até há bem pouco era uma oliveira.

Ao desfazer da curva, todo um deserto calcinado…

Outro deserto o precedeu, um deserto de cor.

Não o vermelho de Antonioni,

mas um deserto flamejante

que, lascivo, a encosta lambeu.

Árvores calcinadas, esquálidas,

erguem-se, pungentes,

testemunhando o recente horror.


As árvores morrem de pé…

3 comentários:

  1. Mais uma vez um belo poema que testemunha bem o horror dos incêndios e a destruição do seu Nordeste, com destaque para o rio Sabor.

    Um beijo grande.

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  2. Gostava de ir ao Nordeste - a família da minha nora é de Lagoaça - antes de fazerem a barragem. Não sei se irei....mas ando com um sonho.

    Penso que a viagem agora e mais fácil do que há trinta anos quando vivi em Chaves.

    O teu poema é elucidativo do horror que são os incendios....nunca mais fui à Beira Baixa, onde eles comeram grande parte da mancha florestal....

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  3. Já te disse que terei muito gosto em que venhas connosco, quando aqui viermos. Aliás o convite é extensivo à Graciete
    Bj
    REgina

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