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Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


domingo, 30 de janeiro de 2011

Magnetismo terrestre

O magnetismo terrestre e as formigas
Um estudo com pesquisadores brasileiros publicado no Journal of the Royal Society Interface pode ajudar a compreender um processo ainda misterioso: a influência do campo geomagnético da Terra sobre a orientação dos animais. A análise das antenas de uma espécie de formiga migratória revelou quantidades de partículas magnéticas que poderiam funcionar como sensores para detecção desse campo.


O campo geomagnético terrestre é semelhante ao gerado por um ímã cujos polos estariam próximos aos polos geográficos da Terra. Esse campo é detectado pelos animais e transformado em sinais neurais, que são levados para o cérebro pelo sistema nervoso. A informação magnética do grande “ímã” terrestre pode ser usada então para orientação espacial. Esse processo, chamado magnetorrecepção, tem sido bastante estudado em vários grupos de animais. Mas os mecanismos pelos quais o campo geomagnético é percebido e transmitido ao sistema nervoso ainda são desconhecidos.Os novos dados reforçam a hipótese de que essa sensibilidade ao campo se deve à presença de partículas magnéticas em estruturas conectadas ao sistema nervoso dos animais. A pesquisa é fruto do doutorado da física Jandira Oliveira no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e contou com a colaboração da Universidade Técnica de Munique (Alemanha).

Magnetismo terrestre é também o título de um livro meu de poesia, editado em 2006.


A propósito do título, o Professor Doutor Ferreira da Silva refere no prefácio

(...)O título desta colectânea de poemas repassados de saudades de um tempo e de um lugar (que afinal é um universo) é a transposição alegórica de uma temática científica da área da Física, o que não surpreende porque a autora, docente de Física e  Química pode, com a maior naturalidade, emoldurar o seu estro em referentes científicos ainda que metafóricos, como é o caso presente e foi também o caso das obras anteriores Reflexões e Interferências (...)

Do livro transcrevo o poema andorinhas





Andorinhas


Sentada no terraço,


vejo as andorinhas entrar e sair dos ninhos na casa do vizinho.


O vizinho morreu e a casa está abandonada,


mas as andorinhas, de luto, como é sempre o seu vestir,


talvez pelo vizinho, os que o antecederam e os que ainda hão-de vir,


continuam a voltear em torno dos ninhos na casa agora abandonada


do vizinho que morreu.


Sempre me lembro das andorinhas no beiral da casa do vizinho.


Sei que as de agora não são as mesmas que as de outrora


mas talvez de geração em geração, tal como passa o sentido de orientação,


tenha passado a informação


da minha existência no terraço em frente à casa do vizinho


desde quando o meu pai me dizia poesia que falava da sua migração.


Orientadas pelo campo magnético terrestre, pelo sol, pelas estrelas


ou simplesmente navegando à vista, aí vão elas seguindo uma pista


que as trará de volta novamente, quando se iniciar o tempo quente


Só que um dia já não haverá casa do vizinho,


nem eu estarei no terraço a recebê-las.

Regina Gouveia in Magnetismo terrestre

A propósito de magnetismo poderão ver o vídeo

Associamos geralmente o magnetismo terrestre à orientação pela bússola. Mas o seu papel é fundamental na protecção da terra relativamente a radições.
Com o magnetismo terrestre  estão também relacionados as auroras boreais de que insiro duas imagens

 

Marcelo Gleiser, físico, professor, ecritor,  autor de A DANÇA DO MAGNETISMO TERRESTRE  refere:
Os pólos magnéticos da Terra passam por inversões: de vez em quando, o que é norte vira sul, e vice-versa



Em suas notas autobiográficas, Einstein conta como ele ganhou


uma bússola de presente de seu pai quando tinha cinco anos:


"Ainda me lembro ou acredito que me lembro que essa experiência


causou um profundo efeito sobre mim. Algo de fundamental tinha de


estar escondido por trás das coisas". A bússola de Einstein, como


qualquer outra, apontava para o norte, independentemente de onde


estivesse: o metal da agulha tende a se alinhar com o campo


magnético da Terra, que corre na direção norte-sul. Essa


observação, tão óbvia quanto a volta do Sol a cada dia, que


marinheiros e pássaros usam para se orientar em suas viagens,


não tem nada de trivial.


O fato de a Terra ser um gigantesco ímã se deve a uma confluência


de fatores, que só agora começam a ser entendidos. Dentre as


descobertas relativamente recentes, a mais chocante é a de que os


pólos magnéticos da Terra _quase alinhados com seus pólos


geográficos (daí a utilidade da bússola)_ passam por inversões: de


vez em quando, o que é norte vira sul, e vice-versa. A questão é


quando será a próxima.


A última inversão de polaridade ocorreu há 780 mil anos, bem mais


tempo do que a média de 250 mil anos. Por alguma razão, os


intervalos entre elas vêm encolhendo nos últimos 120 milhões de


anos. Sabemos disso porque cada inversão deixa uma assinatura


nas rochas magnéticas, suscetíveis a mudanças de orientação do


magnetismo terrestre quando aquecidas. Ao resfriarem, mantêm a


nova orientação, reproduzindo no tempo a coreografia dos pólos


magnéticos. Portanto, a próxima inversão está bem atrasada.


Vivemos num período de relativa estabilidade que não durará para


sempre. E os primeiros sinais estão já aparecendo.

A propósito deste texto insiro mais dois poemas
Outrora



Outrora, seriam por certo diferentes


o achatamento polar, o campo magnético, a atracção lunar


e, como tal, o peso das coisas, as marés.


Diferença subtil, irrelevante,


pois se esse tempo, à escala humana é já distante,


à escala do Universo ainda é presente.


Outrora, seriam por certo diferentes as gentes que no castro habitavam


mas como hoje, sofriam, amavam e guerreavam em sangrentas batalhas,


deixando virgens, talvez para sempre, tímidas donzelas.


Testemunhas desse tempo, as muralhas,


naturais do lado do abismo, do outro lado humana construção,


como também humana a destruição que de onde em onde grassa.


Ignorou-se que enquanto o tempo passa,


as pedras guardam na memória os feitos da história,


o sangue derramado, a glória, o revés.


Em terras que com sangue foram adubadas,


florescem hoje papoilas encarnadas


por entre alvas estevas, roxas arçãs e giestas amarelas.


Na Primavera, todas elas salpicam a ladeira do castro até ao rio.


Deste, quem sabe, o rumor será ainda eco dum clamor,


outrora lançado no vazio.

Regina Gouveia in Magnetismo terrestre


Einstein



Fascinou-o uma bússola que lhe deram em menino


Talvez apontasse, bem cedo, o seu destino


cujos indícios não eram evidentes.


Como imaginar que um funcionário do registo de patentes,


com o estigma da época -era judeu -


pudesse vir a ombrear um dia com Newton e Galileu?


Espírito inquieto, infatigável,


havia de empreender uma aventura notável


pelos trilhos da ciência.


Para a luz, sublime, etérea, com audaz clarividência,


previu a curvatura face à gravitação.


Os dados colhidos num eclipse solar deram-lhe razão.


Nobel da Física, ganhou o galardão


pelos estudos da interacção luz e matéria.


Tolerante, livre, com a maior dignidade


caminhou sempre em busca da verdade


o que originou na ciência, uma revolução -


a relatividade, com novas relações espaço –tempo,


que ainda não cabem no vulgar entendimento.


Talvez qualquer mortal ouse afirmar


que a velocidade provoca no tempo uma dilatação


enquanto que no espaço provoca contracção.


(provavelmente não sabe é o porquê),


e com idêntica ousadia falará na relação massa-energia,


E = mc2 que, por ironia, iria contribuir para a chacina


em Nagasaqui e também em Hiroshima.


Entristeceu-o tão bárbara imprudência,


tanta estupidez no uso da ciência.


“Com armas podem vencer-se guerras, mas a paz não se conquista”


era o seu lema de empenhado pacifista


Um dia deixou de bater o coração


mas a inteligência deixou-a, como legado, para a ciência.


O seu espírito, liberto agora das pressões do mundo,


talvez vagueie num espaço- tempo mais profundo


a uma velocidade, quiçá maior que c.

Regina Gouveia, não publicado

3 comentários:

  1. Dantes ao Domingo não havia aulas....

    mas aqui no teu blogue elas não param...aulas de Física, de Poesia, de Ciências, de História e até de Humanidade.

    Bonito post!

    Boa semana!

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  2. Então não foi ao domingo que o engenheiro fez um exame?
    Bjs
    Regina

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  3. Regina , só uma palavra PARABÉNS e um beijo grande.

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