terça-feira, 12 de outubro de 2010
O branco mais negro do Brasil
Na sequência da última mensagem e a propósito da discriminação “racial” lembrei-me de Vinicius de Morais, o branco mais negro do Brasil, como ele se definia
Vinicius de Moraes nasceu em 1913 e faleceu em 1980. Foi diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor.
Eis o seu auto-retrato
Nome: Vinicius. Porquê?
O quo vadis, saindo em 13
Ano em que também nasci.
Sobrenome: de Moraes
De Pernambuco, Alagoas
E Bahia (que guardo em mim).
Sou carioca da Gávea
Bairro amado, de onde nunca
Deveria ter saído.
Fui, sou e serei casado
E apesar do que se diz
Não me acho tão mal marido.
Filho: três e um a caminho
Altura: um metro e setenta
Meão, pois. O colarinho
Trinta e nove e o pé quarenta.
Peso: uns bons setenta e três
(Precisam ser reduzidos...)
Dizem-me poeta; diplomata
Eu o sou, e por concurso
Jornalista por prazer.
Nisso tenho um grande orgulho
Breve serei cineasta
(Ativo). Sou materialista.
Deito mais tarde do que devo
E acordo antes do que gosto.
Fui auxiliar de cartório
Censor cinematográfico
Funcionário (incompetente)
Do Instituto dos Balcários.
Atualmente sou segundo
Secretário de Embaixada.
Formei-me em direito, mas
Sem nunca ter feito prática.
Infância: pobre mas linda
Tão linda que mesmo longe
Continua em mim ainda.
Prefiro vitrola a rádio
Automóvel a trem, trem
A navio, navio a avião
(De que já tive um desastre).
Se voltasse a vida atrás
Gostaria de ser médico
Pois sou médico nato.
Minhas frutas prediletas
Por ordem de preferência:
Caju, manga e abacaxi.
Foi com meu pai, Clodoaldo
De Moraes, poeta inédito
Que aprendi a fazer versos
(Um dia furtei-lhe um
Para dar à namorada).
Tinha dezenove anos
Quando estreei com meu livro
“O Caminho para a Distância”
Meu preferido é o último:
“Poema, Sonetos e Baladas”.
Toco violão, de ouvido
E faço sambas de bossa
Garoto, lutei “jiu-jitsu”
Razoavelmente. No tiro
Sobretudo em carabina
Sou quase perfeito. As coisas
Que mais detesto: viagens
Gente fiteira, facistas,
Racistas, homem avarento
Ou grosseiro com a mulher.
As coisas que mais gosto:
Mulher, mulher e mulher
(Com prioridade a minha)
Meus filhos e meus amigos.
Ajudo bastante em casa
Pois sou bom cozinheiro
Moro em Paris, mas não há nada
Como o Rio de Janeiro
Para me fazer feliz
(E infeliz). Desde os sete anos
Venho fazendo versinhos
Gosto muito de beber
E bebo bem (hoje menos
Do que há dez anos atrás).
Minha bebida é o uísque
Com pouca água e muito gelo.
Gosto também de dançar
E creio ser esta coisa
A que chamam de boêmio.
Em Oxford, na Inglaterra
Estudei Literatura
Inglês, o que foi
Para mim fundamental.
Gostaria de morrer
De repente, não mais que
De repente, e se possível
De morte bem natural.
E depois disso, ao amigo
João Conde nada mais digo.
Falar em Vinícius transporta-nos de imediato para Garota de Ipanema que aqui deixo nas vozes de João Gilberto e Caetano Veloso
Mas há outras como Samba da Bênção que fez parte da banda sonora do filme de Claude Lelouch, Um homem e uma mulher , um filme da década de sessenta
A poesia de Vinícius é muito vasta tal como o número de poemas musicados. Aqui ficam alguns:
Soneto da fidelidade na voz de Vinícius, música de Tom Jobim e Medo de amar na voz de Chico Buarque, Felicidade na voz de João Gilberto que também canta Deixa de saudade
Vinicius de Moraes nasceu em 1913 e faleceu em 1980. Foi diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor.
Eis o seu auto-retrato
Nome: Vinicius. Porquê?
O quo vadis, saindo em 13
Ano em que também nasci.
Sobrenome: de Moraes
De Pernambuco, Alagoas
E Bahia (que guardo em mim).
Sou carioca da Gávea
Bairro amado, de onde nunca
Deveria ter saído.
Fui, sou e serei casado
E apesar do que se diz
Não me acho tão mal marido.
Filho: três e um a caminho
Altura: um metro e setenta
Meão, pois. O colarinho
Trinta e nove e o pé quarenta.
Peso: uns bons setenta e três
(Precisam ser reduzidos...)
Dizem-me poeta; diplomata
Eu o sou, e por concurso
Jornalista por prazer.
Nisso tenho um grande orgulho
Breve serei cineasta
(Ativo). Sou materialista.
Deito mais tarde do que devo
E acordo antes do que gosto.
Fui auxiliar de cartório
Censor cinematográfico
Funcionário (incompetente)
Do Instituto dos Balcários.
Atualmente sou segundo
Secretário de Embaixada.
Formei-me em direito, mas
Sem nunca ter feito prática.
Infância: pobre mas linda
Tão linda que mesmo longe
Continua em mim ainda.
Prefiro vitrola a rádio
Automóvel a trem, trem
A navio, navio a avião
(De que já tive um desastre).
Se voltasse a vida atrás
Gostaria de ser médico
Pois sou médico nato.
Minhas frutas prediletas
Por ordem de preferência:
Caju, manga e abacaxi.
Foi com meu pai, Clodoaldo
De Moraes, poeta inédito
Que aprendi a fazer versos
(Um dia furtei-lhe um
Para dar à namorada).
Tinha dezenove anos
Quando estreei com meu livro
“O Caminho para a Distância”
Meu preferido é o último:
“Poema, Sonetos e Baladas”.
Toco violão, de ouvido
E faço sambas de bossa
Garoto, lutei “jiu-jitsu”
Razoavelmente. No tiro
Sobretudo em carabina
Sou quase perfeito. As coisas
Que mais detesto: viagens
Gente fiteira, facistas,
Racistas, homem avarento
Ou grosseiro com a mulher.
As coisas que mais gosto:
Mulher, mulher e mulher
(Com prioridade a minha)
Meus filhos e meus amigos.
Ajudo bastante em casa
Pois sou bom cozinheiro
Moro em Paris, mas não há nada
Como o Rio de Janeiro
Para me fazer feliz
(E infeliz). Desde os sete anos
Venho fazendo versinhos
Gosto muito de beber
E bebo bem (hoje menos
Do que há dez anos atrás).
Minha bebida é o uísque
Com pouca água e muito gelo.
Gosto também de dançar
E creio ser esta coisa
A que chamam de boêmio.
Em Oxford, na Inglaterra
Estudei Literatura
Inglês, o que foi
Para mim fundamental.
Gostaria de morrer
De repente, não mais que
De repente, e se possível
De morte bem natural.
E depois disso, ao amigo
João Conde nada mais digo.
Falar em Vinícius transporta-nos de imediato para Garota de Ipanema que aqui deixo nas vozes de João Gilberto e Caetano Veloso
Mas há outras como Samba da Bênção que fez parte da banda sonora do filme de Claude Lelouch, Um homem e uma mulher , um filme da década de sessenta
A poesia de Vinícius é muito vasta tal como o número de poemas musicados. Aqui ficam alguns:
Soneto da fidelidade na voz de Vinícius, música de Tom Jobim e Medo de amar na voz de Chico Buarque, Felicidade na voz de João Gilberto que também canta Deixa de saudade
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O poema autobiografico é um achado. Simplesmente soberbo. Sempre gostei dos poemas dele, muitos cantados pelo Chico Buarque. Um dos que mais me toca é este.
ResponderEliminarValsinha
Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar.
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar.
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar.
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar.
Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar.
Com seu vestido decotado, cheirando a guardado de tanto esperar.
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se ousava dar.
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar.
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou.
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou.
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouviam mais.
Que o mundo compreendeu.
E o dia amanheceu.
Em paz.
Vinicius de Morais
Um Homem. Uma vida total. Não poderei esquecer um programa fantástico dele com o
ResponderEliminarChico Buarque,penso,antes do 25 de ABRIL.
Foi lindo. Ele cantou, conversou, dialogou, sempre acompanhado pelo Chico, bebeu muito e eu fiquei extremamente comovida, tanto mais que a época era de grande repressão.
Gostei muito do poema e videos que escolheu.
Um beijo.