Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


terça-feira, 27 de abril de 2010

Ainda no rescaldo do 1º Encontro de Literatura Infanto –Juvenil da S.P.A

Um dos poetas apresentados e entrevistados no referido encontro foi Jorge Sousa Braga, médico ginecologista, mas com uma obra poética já consagrada e em que constam duas incursões pela poesia infantil, dois livros que aconselho, “Herbário” e “Pó de estrelas”.

Ao longo da conversa, conduzida por Álvaro Magalhães, este depois de abordar essa incursão, focou algumas características do autor, nomeadamente a sua irreverência e alguns dos temas que aborda, relacionados com a sua profissão, cuja poesia não é em geral previsível para o comum dos mortais.

Não resisto a transcrever um deles, publicado em Ferida Aberta

Corrimento

Entre restos celulares e

Bacilos de Döderlein

Flutuavam alguns nenúfares



Pessoalmente não me espantou pois, numa intervenção do Prof Sobrinho Simões, um colóquio sobre o cancro a que assisti em Serralves, fiquei de tal fascinada por umas imagens apresentados a propósito da terrível doença, que me surgiu o poema que transcrevo




Células cancerígenas em multiplicação. Fonte: Whitehead Institute for Biomedical Research

Câncer

Colóquio sobre o cancro.

Falam-nos em displasia, metaplasia, neoplasia,

mostram imagens de tecidos, células,

essencialmente epiteliais.

Por ironia, imagens terrivelmente belas.

Algumas poderiam ser expostas como telas em qualquer museu ou galeria.

Cancro.

Subtis avançam tentáculos letais que vão minando a vida.

E trava-se então luta renhida entre a sua mordaz malevolência

e o avanço infatigável da ciência

3 comentários:

  1. Realmente, muitos quadros se fariam a partir de imagens tão sugestivas, não estivessem elas associadas a um denerar das células, a um desistir do corpo, prostrado perante a evidência.

    Bonitos os poemas. Também escolhi um de Sousa Braga para a minha sessão. O teu é muito bom, como sempre.

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  2. Também já tive essa ideia ao observar o belo horrível de certas imagens relativas a diagnósticos médicos. São lindas, mas quanta crueldade se esconde por trás!!!!!!!
    O seu poema é terrívelmente belo.
    Um beijo Regina.

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  3. Obrigada às duas pelos comentários. Há de facto tanta beleza"cruel"... Quão belas e quão cruéis são as chamas devoradoras dos incêndios...

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