Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


domingo, 31 de janeiro de 2010

Falta de água potável mata 4 mil crianças por dia

A cada dia 4.500 crianças com menos de cinco anos de idade morrem no mundo todo devido à falta de acesso à água potável e à ausência de saneamento básico, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). As duas organizações acreditam que, devido a esses dados, será difícil cumprir os Objectivos do Milénio que estabelecem até 2015, a redução para metade do número de pessoas sem acesso à água potável

A notícia é já de 2006 mas, infelizmente , não creio que a situação tenha melhorado de então para cá.

Os mares e os oceanos representam cerca de 71% da superfície da Terra, daí que vista do espaço, a Terra surja  azul”. 97,5% de toda água da Terra é salgada, apenas 2,5% da água do planeta é doce e dessa a maior parte não é utilizável pois está congelada nas calotes polares e outras geleiras

Se uma garrafa com 1,5 litro de água representasse toda a água do  planeta, a quantidade de água doce disponível seria equivalente a uma única e insignificante gota.

Praticamente todas as formas de vida conhecidas dependem da água; O corpo humano contém 70% a 75% de água

É pois da  maior importância a sensibilização das pessoas, nomeadamente das crianças, para a necessidade de cuidar desse bem tão precioso. No vídeo anexo que alguém me enviou há tempos, a sensibilização é feita de uma forma muito interessante.
Supõe-se que Terra é o único planeta do sistema solar onde existe, à superfície, água na forma líquida. No entanto tem sido identificada água,  não só dentro do sistema solar como fora dele.

M3 descobre partículas de água na Lua (Ciência Hoje)2009-09-24
Foram descobertas partículas de água na superfície da Lua, segundo uma nova investigação cujos resultados foram revelados ontem. Este estudo vem contrariar as conclusões científicas anteriores, que afirmam que o solo lunar estaria seco, exceptuando-se o gelo nos pólos.
Também dados recolhidos sobre Enceladus (satélite de Saturno) pela sonda Cassini da NASA, sugerem a presença de água líquida sob a superfície daquele mundo gelado. Foram publicados na edição de 23 de julho de 2009 da revista Nature


Notícia de 2007-09-02 (Ciência Hoje)
NASA detecta água em sistema planetário em formação capaz de encher cinco vezes oceanos da Terra
O telescópio espacial 'Spitzer', da NASA, detectou num sistema planetário em formação a quantidade suficiente de vapor de água para encher cinco vezes os oceanos da Terra, revelou hoje a agência espacial.
Em comunicado, o Laboratório de Propulsão a Jacto (JPL), da Agência Espacial Americana (NASA), explicou que estas observações constituem a primeira visão directa da forma como a água, elemento crucial na formação de vida, começa a fazer parte dos planetas, inclusivamente dos rochosos, como a Terra. "Pela primeira vez estamos a observar como a água aparece numa região onde provavelmente se formam planetas", explicou Dan Watson, astrónomo da Universidade norte-americana de Rochester e autor de um estudo sobre o sistema, identificado como NGC 1333-IRAS 4B. Este sistema encontra-se a, aproximadamente, mil anos-luz da Terra, na constelação de Perseu. Segundo os especialistas da NASA, o vapor de água tem origem numa nuvem central do sistema e cai sobre um disco de poeira estelar, que seria o material da formação inicial dos planetas. "À Terra, a água chegou na forma de asteróides e cometas de gelo. A água também existe como gelo nas densas nuvens que formam as estrelas", disse o astrónomo norte-americano


Ainda uma outra notícia. Descoberta a água mais longínqua no Universo

Investigadores europeus descobriram as moléculas de água mais distantes de sempre da Terra. Estão a 11,1 mil milhões de anos-luz daqui e têm origem num buraco negro que existe no centro de uma galáxia. O jacto de vapor foi emitido por ele quando o universo estava ainda numa fase precoce da sua existência. Ou seja, tinha apenas 2,5 mil milhões de anos. Está a 1,8 mil milhões de anos-luz da Terra e é a água mais distante de sempre já detectada pelos astrónomos no universo. As moléculas com a assinatura H2O parecem ser provenientes do centro de uma galáxia, onde se pensa existir um buraco negro supermassivo
A descoberta esteve em foco na Semana Europeia de Astronomia e Ciência do Espaço, em Hatfield, no Reino Unido. Um dos seus autores, o astrofísico John Mckean, do instituto holandês de radioastronomia Astron, afirmou aí que as observações apontam para que "o vapor de água detectado tenha origem no jacto emitido pelo buraco negro no centro da galáxia", onde as moléculas foram detectadas.
Catalogada com o nome MG JO414+0534, a galáxia emitiu aquele jacto de vapor de água quando o universo tinha apenas 2,5 mil milhões de anos de existência, ou seja, menos de um quinto da sua idade actual, estimada em cerca de 14,5 mil milhões de anos.
A primeira detecção de água naquele ponto foi feita em 2007 e publicada no final de 2008. Mas, desde então, a equipa de astrofísicos tem observado todos os meses aquele cantinho distante do céu, para ver como ele se comporta.
A conclusão dessa observação persistente, revelou John Mckean na conferência no Reino Unido, é que "o sinal tem sido constante, sem alteração aparente na velocidade do vapor de água que foi ejectado". Isto indica, sublinhou ainda o investigador, citado pelo serviço europeu de notícias de ciência AlphaGalileo, que "tal como tínhamos previsto, o jacto contendo a água tem origem no buraco negro, no centro da galáxia, e não no disco que o rodeia".O vapor de água só é observável porque as moléculas no seu interior são amplificadas e emitem radiação em microondas, tal como um laser emite raios de luz. O sinal foi detectado pelos radiotelescópios devido a um efeito muito especial de lente que as galáxias podem ter em relação a objectos que estão para além delas. Recorrendo a esta técnica, os astrónomos conseguiram assim uma ampliação do sinal emitido pelo jacto de vapor de água. "A radiação que identificámos levou 11,1 mil milhões de anos a chegar à Terra. No entanto, porque o universo se expandiu como um balão que estivesse a encher-se durante esse período, alargando a distância entre cada ponto, a galáxia em que foi detectada água está a cerca de 19, 8 mil milhões de anos-luz daqui", explicou John Mckean.
Depois desta descoberta, a equipa resolveu olhar para outras galáxias na vizinhança da MG JO414+0534. Rastreou até agora cinco desses objectos mas não encontrou gota de água. No entanto, a equipa acredita que deverá haver uma percentagem mínima de ocorrências deste tipo naquela fase precoce da vida do universo, ou esta descoberta não teria ocorrido de todo.

E agora, alguns poemas sobre a água

Lição sobre a água

Este líquido é água.

Quando pura é inodora, insípida e incolor.

Reduzida a vapor, sob tensão e a alta temperatura,

move os êmbolos das máquinas que, por isso,

se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.

Embora com excepções mas de um modo geral,

dissolve tudo bem, bases e sais.

Congela a zero graus centesimais

e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,

sob um luar gomoso e branco de camélia,

apareceu a boiar o cadáver de Ofélia

com um nenúfar na mão.
António Gedeão

Lágrima de preta ouçamos o poema de António Gedeão na voz de Manuel Freire

Neve

A neve é um cristal com padrão hexagonal.

De origem molecular, tem átomos de hidrogénio

ligados a oxigénio de uma forma regular.

Em flocos, lembrando enxames, e com o vento a ajudar,

volteia com ademanes antes de no chão pousar.

Transforma-se em branco manto, e é motivo de espanto,

de êxtase, contemplação.

É fonte de inspiração para poetas, pintores,

para amantes sonhadores.

Ela é todas as cores em uma só reunidas,

mas também é mãos doridas em gentes desprotegidas

do frio cruel, cortante, que enregela num instante.

Cobrem-se com velhos trapos, com jornais e com farrapos,

e nós fechamos os olhos a todos estes escolhos.

É cómodo ignorar. É bem mais fácil pensar

nos cristais hexagonais e na neve dos postais
Regina Gouveia (2002)


Normal
Pode ou não ser vertical, a algo é perpendicular.

Pode significar regular como alguns poliedros, cubos e tetraedros,

como alguns verbos também que, outros, defeitos têm,

o que não impede ninguém de sempre os utilizar de uma forma natural.

Normal.

Basta apor-lhe só um A e não normal aí está,

o que nem todos respeitam por vezes até rejeitam.

É isto a intolerância, fruto da ignorância,

pois a água, substância à vida fundamental,

não é lá muito normal.

Durante o aquecimento, em vez de o volume sofrer

um continuado aumento, começa por decrescer

até um dado momento, de máxima densidade,

depois começa a crescer, quase com normalidade.

Tudo isto é anormal, e é essa anormalidade

que vai permitir explicar que se a água congelar

o gelo fique a boiar, como acontece no mar

duma região polar.

Tal qual como um cobertor, o gelo, isolador,

cobre o mar com muito amor, não deixa a água gelar.

A vida dentro do mar pode assim continuar.

Para a vida é fundamental e tudo isto, afinal,

porque a água é anormal
Regina Gouveia (2002)


Divagação

Com o olhar perdido entre rio e céu,

tendo por horizonte o infinito, divaga o meu eu, angustiado, aflito.

Se este rio fosse meu, não permitiria que algo o poluísse

e talvez um dia com ele me fundisse

num apertado e sempiterno abraço

quando a vida nada mais fosse que cansaço
Regina Gouveia (2006)


 
Requiem pela água

Deixou de cair a chuva benfazeja não por vingança, apenas por cansaço,

e o deserto vai avançando passo a passo.

Suplicante o olhar perdido da criança,

que passa fome e sede sem entender porquê.

Vazio o olhar do velho sem esperança que não implora mais, pois já não crê.



Ouço o seu murmurar dolente na velha ribeira,

onde já não faz mover a mó do velho moinho,

ouço o seu cantar agora triste, no rio outrora cristalino

Ouço-a vociferar nas ondas revoltas deste mar

e sinto os homens a lutar por possuí-la qual mulher virgem que se anseia violar.

E ela lá vai prosseguindo o seu caminho

sentida com os homens que a não sabem amar

Regina Gouveia (2007)

Para finalizar,  imagens do mar ao som da música de Debussy

2 comentários:

  1. Regina deixe-me ser repetitiva. A sua poesia, além de bela, mostra grandes conhecimentos científicos e muitas preocupaçoôes sociais. Também apreciei muito o que nos diz sobre a evolução dos conhecimentos sobre a existência de água noutros planetas e, embora alguma coisa eu já conhecesse, os processos técnicos e os jactos de água oriundos de buracos negros desconhecia totalmente.
    E deixe-me ainda dizer-lhe. O seu post é maravilhoso. Desde a parte científica, aos poemas, aos videos, é tudo muito bom.
    Um abraço.

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  2. Obrigada mais uma vez pelos seus comentários um pouco imerecidos.
    Bjs
    Regina

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