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Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

As crianças gerem o tempo segundo distâncias

As crianças gerem o tempo segundo distâncias (in Ciência Hoje 2010-01-25)




Para as crianças, especialmente por volta dos quatro anos, o conceito de tempo depende daquilo que lhes interessa alcançar, segundo um estudo, publicado no Cognitive Science, levado a cabo por Daniel Casasanto, psicólogo do Max Planck Institute for Psycholinguistics, em Nijmegen (Holanda) e os seus colegas.
“Verificamos que as representações do tempo dependem do espaço, tanto aos quatro como aos dez anos, mesmo os mais pequenos, que têm muita pouca experiência no que diz respeito ao uso de metáforas ligadas ao tempo”, refere Casasanto. Estudo publicado na «Cognitive Science»

Mas serão o espaço e o tempo entidades independentes?


Todos os fenómenos que ocorrem no mundo sejam naturais, sociais, políticos ou económicos, têm lugar no espaço e no tempo. Na Física clássica o espaço e o tempo são entidades independentes mas Einstein deu-nos uma nova visão do mundo com o espaço e o tempo interligados. O tecido do Universo, deste universo a que pertencemos, é o espaço-tempo. E foi neste espaço-tempo que a espécie humana nasceu e ……com ela a poesia e a lira de Orfeu (in nota introdutória do “Poemas no espaço-tempo”, livro que tenho a aguardar edição, e que é prefaciado por Carlos Vaz). Seguem três poemas do referido livro

Propagação

Lânguida, a memória espreguiçou-se na curva do tempo.

Um sinal propagou-se na curva do espaço,

num vazio sem éter nem matéria escura.

Chegou-me um bocejo, talvez um lamento,

que apesar de lasso ainda perdura



Gaivota

Por sobre a imensidão do mar uma gaivota a voltear, serena.

Do seu castelo, sem torre nem ameias, contempla águas e areias,

num bater de asas, sublime e impoluto.

Por sobre a imensidão do mar uma gaivota a dominar, serena.

Uma hora? Um dia? Apenas um minuto?

Ah, um tempo relativo contra a tirania dum tempo absoluto….

Por sobre a imensidão do mar uma gaivota a planar, serena.

E eis que, sem mote, sem tema, veemente, impulsivo, irrompe o poema.



Acordes

Que acordes são estes que subtis irrompem no meu espaço-tempo?

De onde vêm estes sons

que me transportam a outra dimensão no cosmos infinito?

Presto assai, allegro moderato, andante lento -

sinfonia que vem do alfa e vai em direcção a um ómega ignoto,

difundida por entre as estrelas, a propagar-se na matéria escura

talvez vinda dum tempo remoto,

dum tempo em que ainda não havia tempo,

talvez ainda antes da criação do mundo,

quem sabe transportada pela radiação de fundo.

Na noite calma, embala-me esta música que não identifico,

e onde, entre um tanger de cítaras e harpas, se impõe sublime, um violino

Acordo, deixo o cosmos etéreo, esfuma-se o som divino.

O som que escuto agora é bem real. Apenas um bater de coração aflito.


E para terminar um belíssimo poema de Marcolino Candeias, actual director da Biblioteca de Angra do Heroísmo.


Mensagem

Desculpa esta emissão de amor a seis horas de diferença TMG

Desculpa que seja telegráfico

Porem teu coração estará captando

em toda a plenitude de teu ser

este código de saudade que sinto mas não decifro

Primeiro uma suave onda curta

depois uma longa onda média

Seguidamente a onda te envolverá tornando-se infinita

e as fibras do teu coração subitamente ficarão ao rubro

Então as teorias relativistas cairão por terra

porque em nosso amor não existe espaço e tempo
in Na distância deste tempo


 "Espaço- Tempo"  é o título desta tela que pintei em 2009

3 comentários:

  1. Regina em relação à sua poesia só posso repetir-me.Gosto mesmo muito. Foi porque descobri em si uma poetisa, quando pela primeira vez li o verdadeiro poema que era o seu programa de Física, que fui frequentar as suas aulas na UPP.
    E, por agora, quero só mandar-lhe um beijo de muita amizade.

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  2. Ler toda esta thread, ausente no tempo e no espaço - porque me ausentei do real e físico por minutos para digerir tudo bem - é um bálsamo para a alma. Gosto muito dos poemas e gosto muitíssimo desta tela, que tem profundidade, cor, labirinto q.b., mas que me encanta.
    Parabéns ( acho que os blogues nos levam a elogiar as pessoas mais frequentemente do que seria ajuizado....mas não há perigo de haver aqui uma inflação!)

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  3. Obrigada às duas pelas generosas palavras. Embora não possamos ser bons juízes de nós próprios, acho que o meu projecto "Poemas no espaço-tempo" é o meu melhor livro de poesia. Está para edição há três anos mas nunca mais avança. Tem um prefácio belíssimo de Carlos Vaz e quando mais não fosse, merecia ser editado por causa do prefácio...
    Se uma dia for viabilizado prometo oferecer um exemplar a cada uma...
    Bjs
    Regina

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